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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conto poético: Cantora Lírica.


Esgota-se mais uma tarde, no pequeno povoado.
Foi um lindo dia de outono.
As pessoas, apressadamente e a pé, retornam das
atividades diárias, dirigindo-se as suas casas.
Todos se cumprimentam, gentilmente.
Será uma noite festiva no jardim, frente à Capela
de Santo Antônio dos Anjos.
A movimentação ao redor do coreto, já se faz
sentir.
Os meninos, vendedores de  pinhão e amendoim,
estão presentes e alegres, pois a noite promete.
O aroma das flores, mistura-se ao perfume
artificial das mulheres, e dos vaidosos.
A orquestra, em seu uniforme centenário,
garbosa e disciplinada, posiciona-se.
Enquanto executa suas canções, observo, atônito,
uma linda mulher.
Mãos de gestos  suaves, olhar profundo e triste,
movimenta-se de um lado para outro, sem
trocar, sequer, uma palavra.
Suas vestes brancas e discretas, me dão  a
impressão de conhecê-la.
Termina a apresentação artística, e a mulher
caminha entre o povo.
Eu, curioso, a sigo.
Dirige-se à Casa dos Santos, apressadamente,
e a observo.
Adentro à  sala das rezas e lá está ela, de joelhos
rezando, ainda com a gérbera carmim aos
cabelos e, agora, com um véu branco e
transparente, cobrindo-lhe a face.
Quando notou minha presença, dirigiu-se
à  porta da saída, nos fundos.
Tentei alcança-la, mas o corredor, escuro,
só dava acesso ao campanário e ao cemit'rio.
Por volta da meia noite,misteriosamente, os
sinos da Capela dobraram, sem qualquer
motivo.
Ao amanhecer, no túmulo n. 74, uma
gérbera vermelha repousava junto à fotografia de uma
cantora  lírica, falecida em 1910, e
pertencente à Orquestra Sinfônica, daquele
mesmo povoado...

Um comentário:

  1. Estimado poeta ! Parabens pelas obras maravilhosas...é sem dúvida um presente a todos nós amantes da poesia. abraços e seja sempre muito feliz

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Querido leitor...seu comentário é muito importante para mim. Obrigado.