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quarta-feira, 14 de março de 2012

Conto poético: RANÇOS DO RACISMO

Ainda por conta de tristes lembranças de um crime, que a
humanidade praticou, e que tenta esquecer, muitas histórias
existem para se contar.
A injustiça praticada contra  alguém, abre uma  chaga nos
sentimentos que, dificilmente, cicatrizará.
Somente quem já foi vítima, pode avaliar esta acertiva.
Nem mesmo uma criança, na sua mais tenra idade, aceita
ser castigada por algo que não praticou.
Por isto, o Poder Judiciário, por vezes se excede, à vista
do leigo, em suas cautelas, para evitar um erro no  julgamento.
Quando menino, presenciei um fato, aparentemente inocente,
mas tenho certeza que,  se  aquele homem ainda viver,  não
esqueceu.
Assistia a um filme, na parte superior da sala de espetáculos,
numa bela tarde de domingo, na Cidade de Laguna.
Casa lotada, filme divertido.
Percebi um menino de, aproximadamente, nove nos de idade,
levantar-se e aproximar-se da salinha de projeção, que fica no
andar onde me encontrava.
Sem nenhuma cerimônia, urinou.
Como o assoalho era de madeira, escorreu para o pavimento
térreo, molhando o vestido de uma mulher que, histericamente,
fez o seu espetáculo à parte, com gritos de terror.
A projeção do filme foi interrompida, as luzes acesas, e os
policiais, que tomavam conta daquele ambiente, subiram as
escadas correndo, para apanhar o "criminoso ".
Constataram o local do crime, molhado, perguntaram quem
fez aquilo. Claro, o menino assustado ficou quietinho.
Como ninguém se manifestou,  o olhar do policial se fixou
num homem negro,  sentado  próximo à cena do crime.
Nõ teve dúvidas, agarrou o infeliz inocente pelo braço,
colocando-o no olho da rua.
Ninguém falou nada em sua defesa, temendo a polícia e o
ambiente agitado.
Trago este peso na consciência, até os dias de hoje...

3 comentários:

  1. Querida Maribel:
    > Fico muito feliz com a tua visita. Este é um conto
    > verdadeiro. Cem por cento verdadeiro...
    > Um afetuoso abraço.
    > Sinval.

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  2. Bom dia Sinval.
    Desculpe a minha ausência... mas estava passando por uma fase um pouco complicada e quando estamos vivendo com o coração atormentado fica difícil fazer um comentário acerca de um texto. Estou verdadeiramente chocada com o fato narrado.Como conceber uma desumanidade dessas contra um cidadão? É perfeitamente compreensível que esta injustiça tenha ficado marcada no seu subconsciente, ainda mais sendo você uma criança. Infelizmente o racismo e o preconceito estão presentes nos dias atuais... Esse comportamento e as atitudes de algumas pessoas me causam indignação. Como educadora procuro trabalhar os valores como respeito, equidade e levar as crianção à desconstrução de valores racistas e preconceituosos
    Um abraço afetuoso
    Gracita

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  3. Gracita, querida,
    bom dia !
    Realmente, notei a tua ausência mas,
    agora, estou feliz, face a inteligente e
    oportuna manifestação.
    Embora decorridos muitas décadas, este fato
    me marcou muito e, tenho certeza, ao homem
    injustiçado.
    Um afetuoso abraço.
    Sinval.

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Querido leitor...seu comentário é muito importante para mim. Obrigado.