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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Conto poético: INSINUAÇÃO




Solitário, habito este  apartamento.
Décimo terceiro andar.
Vejo  esta  cidade  aos meus pés.
Observo muitas coisas. Prédios, trânsito e Pessoas.
Vizinho a este edifício, um bloco de apartamentos,
bastante bonito.
Escuto sons de músicas, e de vozes conversando.
Lá em baixo, muito próximo, o mar.
Hoje, está calmo.  Barcos navegando... e o por
do sol, neste final de tarde de outono, está lindo !
As gaivotas estão agitadas. Parece-me sinal de
cardumes, à superfície. Dão-me a sensação de
fartura de alimentos.
Pelo menos, para os pássaros...
Novamente, e como de costume, uma linda
mulher, de cabelos longos e negros, passeia pela
sala, no apartamento do prédio vizinho, com as
janelas abertas, a me olhar, insistentemente.
Em trajes de ginástica, caminha em sua esteira,
durante, exatamente, vinte e oito minutos.
Tenho cronometrado, diariamente.
Terminada a caminhada, dirige-se ao banheiro e,
depois, retorna envolta em uma toalha, ainda com
os cabelos molhados. Não consigo  ser discreto...
Senta-se à mesa, e me oferece suco de laranja.
Aceno com a cabeça, agradecendo.
De onde estou, sinto o perfume trazido do banho.
Sinto o gosto do suco de laranja. Sinto o seu corpo
quente, protegido pela maldita toalha. Sinto... sinto.
Escreve uma mensagem,  em letras grandes, onde
posso  ler :
"Não gostas de suco de laranja ? ".
A timidez, inibe qualquer iniciativa, de minha parte.
Esta história, vem se repetindo, diariamente...
Por volta das vinte horas, chega um homem.
Possivelmente, seu marido. Faz sua refeição, e
permanece à frente do computador, até altas
horas da  madrugada. É  sempre assim...
Ponho-me a pensar...  por que não vai tomar um
suco de laranja, uma jarra bem cheia, com a sua
linda companheira, no aconchego do seu leito ?

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