Num final de tarde, após concluir um serviço de limpeza
do quintal, descansava à frente da minha casa.
Já quase dominado, fui acordado por frenéticas palmas.
Era um homem, ainda jovem e relativamente bem vestido,
ou, pelo menos, melhor do que eu.
Disse-me estar precisando de dinheiro, para retornar a sua
terra natal, no sul do País.
Contou-me que veio passear, permanecendo, por aqui,
mais do que o previsto.
Investigado, respondeu-me:
"Não costumo trabalhar. Aliás, não trabalho.
É que acordo muito tarde, e não gosto de serviço pesado.
Também, não tenho nenhuma profissão.
Em minha terra, possuo casa, herdada do meu pai.
Só não a vendi, porque está presa em inventário, e
somos em três herdeiros.
Assim que receber a minha parte, vou sair pelo mundo
a passear, pois é a coisa que mais gosto de fazer.
Nunca trabalhei na vida. "
Terminou o seu relato de vida, e eu lhe perguntei, no que
poderia lhe ajudar, além de um conselho para tomar
vergonha ?
Ao que, me respondeu:
"Meu senhor, isto eu tenho demais. Só não tenho é
dinheiro.
Mas o peço com tanta sinceridade, que as pessoas me
comparam aos políticos deste País, que o senhor,
certamente, ajudou a elege-los, e que roubam bilhões da
Nação, prejudicando a todos.
E a justiça sempre dá um jeito de inocentá los, por falta de
provas.
Não roubo dinheiro da merenda escolar, da saúde do povo,
das casas dos pobres, da segurança pública, da educação...
mas tenho dignidade de pedir, como estou fazendo agora,
ao senhor."
Pedi-lhe desculpas, e cedi o meu óbulo, ao pobre homem...
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