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domingo, 17 de junho de 2012

Conto poético: A BATINA DO PADRE

 De vez em quando, emergem, de minha remota, remotas
histórias ocorridas nesta Ilha, que vale a pena
relembrá-las, para não ficarem mofando nas gavetas.
Na década de 40, do século passado, esta Capital, com
roupagem provinciana, foi palco de uma história inusitada.
Havia um grupo heterogêneo de profissionais, que amava o
teatro amador.
Eram funcionários públicos, civis e militares, autônomos, etc.
Montaram uma peça teatral, onde exigia a figura de um
padre.
Um deles, de nome Acary, na vida real, artista plástico,
interpretaria este papel.
Homem  bem relacionado na Cidade, e de boa reputação,
não teve nenhuma dificuldade de convencer o padre da
Catedral, a emprestar-lhe a sua batina, bem nova, por sinal.
O trato era a devolução da  endumentária, na segunda feira,
sem falta, pois a peça teatral seria, apenas, no final daquela
semana. E gratuitamente.  Só por amor à arte.
Até o padre foi assisti-la.
Acary desapareceu, e o padre correu a Cidade inteira a sua
procura.
De informação em informação, chegou a casa do infeliz,
pobre, muito podre, e carregado de filhos, morando num
barraco, no alto do Morro da Cruz.
O padre, já com "o diabo no couro", bateu palmas no portão,
e foi atendido por sete crianças, todas vestidas com calças
pretas...
Uma delas, com um crussifixo bordado bem na parte traseira.
Acary,  nunca mais foi a missa na Catedral.

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