pulsando

Seguidores

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Poema: AS LÁGRIMAS DE SANTA MARIA



Não são doces, nem salgadas.
São amargas, sem perfume,  eu sei.
Tem o cheiro do horror, o  grito de quem partiu, o
choro  de quem ficou.
Lembram fé e sofrimento, mas amparam a esperança, 
e, também,  o  amor.
Servem  de consolo  aos  desesperados.
Na  tempestade de pavor,  sobrepujam  a dor.
Os gritos,  silenciados pelas paredes da imprudência, 
já  estão à procura de clemência.
Até o filho de Maria,  diante de tamanho flagelo,  chorou.
Os filhos de Santa Maria,  jamais esquecerão.
O mundo chora  esta profunda dor.
Agora,  se escuta  na  madrugada, um coral de vozes bem
afinadas,  selecionadas  entre os mais belos jovens,  
cantando  no alto das verdes  montanhas,  músicas  para  
uma mocidade alegre  e  feliz.
Brinda-se,  na taça da saudade,  o respeito às  lágrimas de 
quem   não  "Kiss" partir.
Em minhas orações,  volto os olhos ao céu.
Não entendo.
Está pintado de vermelho !
Não era hora do pôr do sol...
Eles só queriam cantar... na terra  abençoada de Santa Maria

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Conto poético:A Profana




Década de 1970.
O cenário, é uma  região fundada por imigrantes
alemães, e Italianos.
Vale do Itajaí, neste meu querido Estado.
As tradições culturais são preservadas.
As famílias cultuam uma rígida educação.
Uma linda jovem, desponta nos meios sociais da sua
cidade.
Loira, e dotada de um alucinante par de olhos verdes,
da cor das águas claras do Oceano Atlântico, que
banha a sua bela  Terra  natal.
Mexeu com a cobiça   dos rapazes, que a disputavam
ferozmente.
Leda, é o seu nome.
Preocupação, a palavra de ordem dos pais.
Vaidosa, teimosa, e rebelde, não acatava conselhos...
Reunião de família, foi  a decisão que a encaminhou
ao convento, em regime de absoluta clausura, até  sua
transformação  numa religiosa.
Novos comentários na cidade... pois não se falava em
outra coisa. "Que maldade ! " Diziam.
A moça surpreendeu a todos. A melhor aluna, a mais
dedicada  às causas sociais.
Enfim, solidária à nobre missão religiosa.
A família, orgulhosa, esbanjava  tranquilidade e
felicidade, com a alma lavada.
E o tempo foi passando...
Como que a explosão de uma bomba, chega  notícia
do convento.
Leda foi expulsa, sumariamente, daquele educandário,
às vésperas  da sua formatura.
Inacreditável, a moça conseguiu ludibriar, durante
todo o tempo, a rígida  disciplina  religiosa, inclusive,
a Madre Superiora, que a tinha em  ótimo conceito.
Nas altas horas da noite, costumeiramente, pulava o
muro da instituição, para frequentar  boates da cidade,
só retornando na  madrugada.
Contou-me fatos inarráveis... até mesmo como profana.
Continua bonita e sedutora, enganando, agora,  o
tempo que, para ela,  não passou, em respeito a sua
formosura ...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Poema: OLHAR DE POETA


 
Podemos, sim, imaginar a união de dois seres  que
se amam.
São sonhos  e  angústias.
A compreensão humana filosofa,  frente aos
contraditórios da vida.
Mergulha nas  límpidas águas da sabedoria, na vã
esperança  de encontrar a verdade sobre o amor. 
Outros,  porém, encurtam este louco caminho.
São poetas.
Não precisam de lógica.
Deixam livres suas almas, para falarem ao coração.
Criam jardins floridos, colhem estrelas no céu e na
terra,  acrescentam novas cores ao arco-iris, que se
rende, admirado,  a sua imaginação.
Aspiram perfumes que a natureza  desconhece.
Constroem  o seu próprio céu, onde tudo é possível.
Só chove quando permitem, e o sol  não se põe antes
do seu aceno.
Todas as noites são enluaradas... prateando as
madrugadas, para os caminhos dela iluminar.
Não há inverno, nem verão.  Tudo se  harmoniza no
coração.
Como as  sementes  das paineiras, que se deixam levar
pela suavidade do vento, suas lágrimas procuram o
chão, para colher o  aroma  da terra, perfume sagrado
da paixão.
Em seu olhar reside a  anuência, sempre repleta de
ternura, no afago com brandura, de um amor  livre,
sem clausura, o amor de poeta !
 
 
 

domingo, 20 de janeiro de 2013

Conto poético: Lá, É O MEU LUGAR


 
Gonçalves,  é um homem simples, vindo  do
interior do meu Estado.
Como tantos outros brasileiros,  tenta sobreviver
nas  grandes cidades.
Segundo os seus argumentos, "por lá, tudo está
muito difícil.
O trabalho  é pesado, e o progresso social lento.
O conforto é mínimo.
Trabalha-se muito, e se ganha pouco.
Não há oportunidade de crescimento ".
Observei este homem, seu comportamento, e o
brilho nos olhos.
A esperança, por melhores dias,  foi  o eficaz
combustível,  durante   alguns meses.
Era  zelador de um prédio, de onde avistava uma
montanha, que recordava as suas origens simples, 
de homem do campo.
Passou a olha-la com mais frequência, e a saudade
foi aumentando...
A liberdade, os amigos que por lá deixou, nesta
grande cidade, jamais encontrou.
Sentiu falta do  grito  do bugio, do canto da passarada,
do chapéu de palha, que no rancho ficou.
O vento que  beijava  sua face, parecia falar ao seu
ouvido, pedindo para voltar.
Também, sentiu muita falta do seu amor, que por ele
tanto tempo esperou, e chorou.
Comparou,  e concluiu:
"Aqui não é o meu lugar !
Lá, sim, estão os meus sonhos de ser feliz.
Quero chegar na Grutinha, pedir perdão a Santa
Maria, e prometer que sair de lá, só pela vontade de
Deus, pois  nunca mais quero  deixar aquele lugar ! "
 
 
 
 
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Poema: SUBJUGANDO A DOR


 
Alma ferida,  tristes recordações.... 
Dor  profunda, puro sofrimento.
É  verdade.
Os olhos perdem o brilho, e o coração parece  parar.
As mãos  trêmulas e frias...  o sorriso já  não  exprime  
alegria.
Remédio, não  há.
O sofredor perambula pelo mundo,  distante de  tudo,
viajando  no universo, sem sair do lugar.
Nem  mais forças tem  para  reclamar.
Parece perdido...
É o mapa da dor, sem origem e sem destino.
Diante  da derrota, num lampejo de lucidez, lembra  
que  no passado  já amou, sofreu,  mas  sobreviveu.
Claro, doeu !
Estanca as lágrimas, presta atenção  na vida, e  
ali está,  bem próximo, um novo amor !
Os olhos, agora, mudam de cor.
O sol  volta a brilhar, e a primavera se faz presente,
mesmo fora da estação.
Retorna  a alegria de viver, fica sorridente,  foi 
embora a  solidão.
As flores ...  ah, as flores  voltam a  perfumar todo
aquele ambiente !
Escuta o cantar dos passarinhos,  abraça  seu fiel
amigo, o beija-flor branquinho.
Emocionado, ouve o sabiá laranjeira,  cantando a
noite inteira, sob a luz intensa de um belo luar !
Gargalha, finalmente,  da dor.
Está feliz, novamente.
Chegou  o seu novo amor !

domingo, 13 de janeiro de 2013

Conto poético: O MONÓLOGO DA AMANTE

 
Retornava para  minha casa, localizada na periferia desta
Cidade.
Sentado num dos últimos bancos do coletivo, aproveitei
a curta viagem para olhar a paisagem,  que desfilava
pela  janela, mais parecendo um filme.
Coletivo lotado.
Chamou-me à atenção, um casal de meia idade, sentado
a minha frente.
Não apenas pela beleza da mulher  mas, principalmente,
pelo que declarava ao seu companheiro.
Não pude evitar  ser indiscreto, e passei a ouvir o seu
monólogo.
Dizia-lhe, com palavras entremeadas  por  sorrisos e
lágrimas:
"... minha vida somente tem sentido, porque te encontrei.
Nem sei, muito bem, como isto aconteceu.
A partir do momento que te vi, fui dominada pelos meus
sentimentos, que só conversam com o meu coração.
Não tenho mais domínio sobre as minhas emoções.
Minha existência depende da tua. Não serei mais nada,
se não estiveres comigo.
Minha maior oferenda, além do meu corpo, que já é todo
teu,  é tudo o que sobrou da minha vida. Podes levá-la.
É toda tua...
E se não puderes me amar, pelo menos, permita-me que
te ame... eu farei isto por nós dois."
Com a voz embargada pela profunda emoção, e enxugando
freneticamente  as lágrimas,  viu o seu homem  levantar-se,
e sem ao menos se despedir, ir embora e perder-se na
paisagem,  que continuava desfilando  pela janela ...
Senti-me envergonhado, com tamanha insensibilidade.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Conto poético: PAIXÃO BEM SUCEDIDA












 
Um belo e promissor município, localizado no
"Verde Vale do Itajái", neste meu encantador
Estado, foi palco de uma inédita história de amor.
Uma graciosa professora, ministrava suas aulas
a uma turma,  denominada, à época, de
"quarto ano primário", composta por crianças
pré-adolescentes.
É muito comum, nesta fase da vida, meninos se
"apaixonarem" por suas professoras.
Mas Alfredinho,  nascido na roça, não era um
menino comum. Possuía personalidade forte.
Ao  terminar o seu curso primário, procurou a sua
professora e confessou,  em lágrimas, a sua paixão.
Gabriela, o acolheu e  respeitou o estado emocional
do menino, com profunda compreensão.
Alfredinho seguiu sua vida, e os anos foram passando.
Tornou-se um homem,  e forte comerciante.
Continuou  procurando  por notícias de Gabriela.
Nunca a esqueceu...
Um casamento mal sucedido, levou-a à separação.
Era a oportunidade do seu ex-aluno, que não perdeu
tempo.
Com um lindo ramalhete de rosas vermelhas, procurou
a  grande paixão  da sua  vida.
Choram os dois, de profunda emoção...
Foi a mais linda união de dois seres, realizada naquela
região.
E  lá se vão oito anos, de plena felicidade...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Conto poético: CONFISSÕES TARDIAS

 
 
Ali, está ela.
Eu a  observei  todos os dias, por  muitos anos.
Jamais tive coragem de me aproximar.
Fui sufocado pela  timidez.
Talvez, medo de finalizar uma fantasia.
Acho que é isto.
Agora, estou aqui, ao seu  lado, e ela nada
pode ouvir.
Toco suas mãos, na esperança de  chamar
sua atenção, mas  estão frias... seus ohos
fechados...
Ouso acariciar seus cabelos, pela primeira vez.
Como são sedosos e macios !
São os mesmos que presenciei  esvoaçando
ao vento... perecendo me  chamar !
Seus lábios exprimem um suave sorriso.
É mais bonita, ainda,  de perto
Nunca estive tão próximo  a esta mulher.
Ela jamais soube da minha admiração. Fui
muito discreto. Talvez, demais.
Acreditava  que não a merecia, pois só
tinha o meu amor a lhe oferecer. Nada mais.
Agora, nem isto pode receber ...
Trouxe-lhe uma rosa amarela, cheirosa
e macia, simbolizando todo o sentimento
que por ela nutri, durante  estes longos anos.
Não sei o que dizer ao meu coração, diante
de tamanha  dor...
Restam-me, apenas,  as recordações  que
alimentarão, para sempre,  a mais doce
paixão, mas agora transformada  numa
amarga  ilusão...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Poema: AH, SE FOSSE POSSÍVEL


Retornar ao início da estrada da vida,  já percorrida...
Observar as flores,  nascidas  à margem dos caminhos.

Ouvir o canto dos passarinhos, escutar  a cigarra faceira
e malandrinha,  parecendo  cantar só para mim.
Poder ouvir a conversa das águas da cachoeira, que
falam a vida inteira, na viagem para o mar.

Queria aspirar, todos os dias, o perfume das flores
silvestres, do jardim e do pomar.
Aprender a linguagem universal dos animais, para  com
eles  conversar.. .
Meu Deus, como fui distraído, não percebendo, naquela

mulher, o seu olhar...
Falou-me das noites enluaradas, das belas estrelas da
madrugada, do raiar do novo dia.
Desejava-me "feliz primavera", presenteando-me com
flores  do campo...

Só eu não entendia, nem percebia,   suas lágrimas a
rolar.
Como gostaria de  voltar  aquele lugar !

Mesmo assim, voltarei,  com a permissão do meu Deus,
para   reparar os erros que cometi,  prestar  mais atenção,
beijar as  mãos de quem flores, no meu caminho,
estendeu.

Desta vez, olharei o firmamento, ouvirei o zumbir do vento,
sentirei o cheiro da  terra, molhada  com as lágrimas da
minha profunda emoção !
E, se preciso for  pedirei, mil vezes,  perdão !

 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Conto poético: O PESCADOR POETA


 
Nesta minha Ilha encantadora, tenho vários amigos
pescadores.
De aparência rude, inseparável  do chapéu de palha,
pés descalços, mãos calejadas de tanto remar, fala
por "meia boca ", pois a outra metade está ocupada
com o seu "palheiro".
Passos rápidos, pelas picadas que conduzem à beira
mar, lá vai ele, cheio de entusiasmo,  buscar o alimento
para sua família. Está logo ali, nas profundezas das
águas.
É meu amigo.
Conheço vários com esta descrição.
É bom ter um amigo pescador,  sinto-me   próximo à
simplicidade da vida,  da sobrevivência, da humildade,
e da sabedoria.
Em especial, tenho um que,  como se não bastasse
pescar, é poeta, analfabeto, e não mente.
Aliás, nem sabe o que é ser um poeta.
Mas o é, sim, um grande poeta.
Com os olhos fixos na imensidão do mar, conversa com
o ruído das ondas, acaricia, com os pés, as tatuíras
frenéticas, que não se cansam de bailar, à superfície da
areia, banhada pelo mar.
Questiona a vida simples que levam... com que se
alimentam... Coisas de pensador.
Admira o sol, advinha o tempo que virá, as horas da maré.
Observa as gaivotas que esvoaçam sobre a sua cabeça,
e a todas chama pelo nome. Elas obedecem !
Interpreta os grunhidos, que quebram o silêncio da praia
deserta.
Com os olhos, parecendo uma maré cheia, fala dos filhos,
do seu amor por "Estelinha", sua bela mulher.
E ainda diz não saber o que é ser um poeta.
Ah, meu amigo Jucão, gostaria de aprender contigo, toda
essa  sabedoria, impregnada em tua alma  !
Juro, que se preciso fosse, fumaria o teu  palheiro, andaria
descalço, usaria  um chapéu de palha, e  conquistaria, neste
mundo de Deus, uma mulher semelhante a tua  Estelinha,
só para ser feliz...
 
 

domingo, 6 de janeiro de 2013

conto poético: Terno de Reis





De raízes religiosas, as noites desta Ilha se enchem de
vozes, num romântico coral.
São cânticos de louvor, a um Menino que nasceu, com
uma divina missão.
Acordes vocais afinados, e também sem nenhuma
afinação, ecoam nas madrugadas quentes da minha
Terra, expressando o que está no coração.
De casa em casa, respeitando o portão, mas sem
pedir autorização, orquestram singelas melodias, com
muito amor e emoção.
As famílias se sentem honradas.
Abrem as portas das suas casas, dando boas vindas
aqueles amigos, escutando com admiração, os belos
versos da região.
É costume, aqui na Ilha, oferecer uma lauta mesa de
comidas e bebidas, como agradecimento a esta doce
visita.
Tudo é uma bela festa.
Os mais velhos, emocionados, relembram a mocidade, acompanhando a canção.
Os jovens, admirados, se perdem na multidão, à procura
de um namoro, à beira do mar, e em pleno verão...

sábado, 5 de janeiro de 2013

Conto poético: "CABO VERDE"


 
Foi um homem, como qualquer outro, comum.
Eu o conheci muito bem, nas épocas da minha adolescência.
"Cabo Verde"  era o seu apelido, em razão de ser um dos trinta
e dois filhos, de um imigrante vindo   da Ilha Portuguesa,   do 
mesmo nome.
Nasceu na Represa da Lagoa da Conceição, em minha Terra.
Seu pai era muito enérgico.
Sua educação era de causar  admiração.
Cabo Verde  dominou a arte de tocar vários instrumentos musicais,
e ingressou na Polícia Militar do meu Estado, como músico.
Deu-se muito bem, por sua educação esmerada, e possuir tal
habilidade.
Foi meu vizinho e amigo, durante o período em que residi no "Morro
da Cruz", centro desta  Capital.
Conheci vários dos seus irmãos,  igualmente, muito educados.
Impressionante, a maneira gentil com que tratavam as pessoas.
Eram negros e paupérrimos, mas ricos em comunicação, e portadores
de nobres virtudes.
A todos conquistavam.
Ele não sabia, mas as histórias que contava da sua mocidade, para a
garotada, serviu muito na formação daqueles  jovens.
Respeito, honestidade, civilidade...
Foi um ótimo líder.
Só descobri isto  quando saí  de lá, e fui morar  em outro bairro.
Pude, então,  comparar.
Hoje entendo  que "Cabo Verde", seu pai, ao chegar a este lugar, trouxe
mais que os seus braços, para trabalhar.  Veio, em sua bagagem, algo
muito valioso, sua cultura  e  educação,  distribuindo-as em toda esta
minha querida Ilha, influenciando muitas  pessoas, através de cada um
dos seus  trinta e dois filhos.
Dizem que as rugas são  testemunhas do passado, e que assistiram
momentos importante de uma vida...
Sendo verdadeira tal afirmação, as minhas tiveram o privilégio de
conhecer João Cabo Verde, filho e discípulo de um grande homem, vindo
do "além  mar".
 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Poema: ESQUEÇA O MEU PASSADO


 
Pecar foi o meu destino.
Minha estrada cheia de espinhos.
Meus pés , em chagas, me afastaram dos suaves caminhos.
Tripudiei do perigo, duvidei da dor,  rindo sempre do amor.
Dobrei as esquinas da vida,  sem mudar de rumo, procurando
por alguém, quem sabe,  nunca haver conhecido.
Aquele sorriso, somente eu ouvia, nem o rosto existia.
A lágrima sempre foi só minha.
O brilho no olhar, acreditava,  a ela pertencia, e de pecador
me chamava,  mas sempre me perdoava.
Passei a vida seguindo os meus passos, por vezes perdidos
dentro de mim, sem saber que a porta da saída era o meu
coração, mas sempre trancada, sem emoção.
Reconhecia cada batida,  embora aflita,  não  abria.
Meu caminho, eu seguia...
De tanto tropeçar nos meus passos,  sem histórias a registrar,
parei  para pensar.
Olhei para trás, e nada vi.
Não deixei nenhuma pegada, por onde passei.
Cada passo  que percorri, foi  em direção ao nada.
Olhei, então, para o lado e  te  vi.
Sempre estiveste ali, próxima a mim ! 
Nunca necessitei de apoio, pois, sem saber, sempre me apoiei
em ti.
Agora, olho somente para a frente, e  enxergo uma estrada
florida.
Já sinto o perfume das flores, admiro o esvoaçar das borboletas,
retirei as trancas do meu coração.
Estás ao meu lado.
Esqueça os tropeços do  meu passado...