Foi um homem, como qualquer outro, comum.
Eu o conheci muito bem, nas épocas da minha adolescência.
"Cabo Verde" era o seu apelido, em razão de ser um dos trinta
e dois filhos, de um imigrante vindo da Ilha Portuguesa, do
mesmo nome.
Nasceu na Represa da Lagoa da Conceição, em minha Terra.
Seu pai era muito enérgico.
Sua educação era de causar admiração.
Cabo Verde dominou a arte de tocar vários instrumentos musicais,
e ingressou na Polícia Militar do meu Estado, como músico.
Deu-se muito bem, por sua educação esmerada, e possuir tal
habilidade.
Foi meu vizinho e amigo, durante o período em que residi no "Morro
da Cruz", centro desta Capital.
Conheci vários dos seus irmãos, igualmente, muito educados.
Impressionante, a maneira gentil com que tratavam as pessoas.
Eram negros e paupérrimos, mas ricos em comunicação, e portadores
de nobres virtudes.
A todos conquistavam.
Ele não sabia, mas as histórias que contava da sua mocidade, para a
garotada, serviu muito na formação daqueles jovens.
Respeito, honestidade, civilidade...
Foi um ótimo líder.
Só descobri isto quando saí de lá, e fui morar em outro bairro.
Pude, então, comparar.
Hoje entendo que "Cabo Verde", seu pai, ao chegar a este lugar, trouxe
mais que os seus braços, para trabalhar. Veio, em sua bagagem, algo
muito valioso, sua cultura e educação, distribuindo-as em toda esta
minha querida Ilha, influenciando muitas pessoas, através de cada um
dos seus trinta e dois filhos.
Dizem que as rugas são testemunhas do passado, e que assistiram
momentos importante de uma vida...
Sendo verdadeira tal afirmação, as minhas tiveram o privilégio de
conhecer João Cabo Verde, filho e discípulo de um grande homem, vindo
do "além mar".
Que belo testemunho de história de vida você nos traz! No decorrer dos anos vamos conhecendo pessoas que nos impressionam por seu caráter e suas virtudea e que nos deixam um legado que ultrapassa o interesse pequeno das posses e dos poderes para serem os que nos oferecem o valor de sua personalidade e exemplo.
ResponderExcluirUm abraço
Querida amiga, Guaraciaba Perides ! Tive o privilégio de conviver com aquelas pessoas, diariamente. Pelo menos, com uma boa parte delas. Assimilei muitos ensinamentos, que me servem até o momento. Tua análise é perfeita. Muito agadecido pela atenção, e pela honra da presença. Um carinhoso abraço. Sinval.
Ser pobre não é sinonimo de mau caracter, ou de bandido embora haja muita gente que pensa assim. Há pessoas que conseguem passar para os filhos altos valores morais e não sabem nem assinar o nome, e há outros que são doutores e não conseguem ensinar aos filhos o mais elementar. O respeito pelos outros.
ResponderExcluirInfelizmente em Portugal onde existe uma grande comunidade cabo-verdiana, os seus membros não gozam de boa fama.
Um abraço e bom Domingo de Reis.
Oi, Elvira Carvalho !
ExcluirQue maravilha o teu depoimento !
Parece-me, salvo engano, vir de
Portugal, o que legitima, mais
ainda, as minhas emoções, com
relação àquela distinta família.
Muito obrigado pela atenção.
Um fraterno abraço, e um bom
domingo de Reis.
Sinval.