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sábado, 30 de março de 2013

FELIZ PÁSCOA !





Nesta luta , sem tréguas, entre o bem e o mal, paro, em plena Semana Santa, para pensar em ti, meu semelhante amigo.
Vejo a tua luta diária, o suor a escorrer pela face, como num grito sem fim.
Pelo caminho, decepções, risos de inveja, olhares de ódio...
É o mal na plateia da vida.
Não estás só.
És um guerreiro do bem e não te rendes, eu bem o sei!
Tuas armas estão depositadas nas profundezas do coração, exalando o perfume do amor e da paixão.
A nobreza dos sentimentos te lapidam, como o Aprendiz frente à pedra bruta, sob o olhar atento do seu Mestre.
E o bem, meu irmão e amigo, é a essência da Ressurreição em Cristo, o Grande Mestre do ensinamento das virtudes.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Conto poético: A DIGNIDADE DO VELHO PESCADOR


Praia dos Ingleses, nesta minha Ilha paradisíaca.
Uma bela manhã  de outono, prenunciava um  dia calmo,
de atividades  pesqueiras,  semelhante a tantos outros que
já havia presenciado.
Parei minha caminhada, e me pus a observar  pescadores
artesanais, em plena operação.
Do rústico rancho, retiraram uma  pequena embarcação,
carregada com uma rede, destinada  à captura de  um
enorme  cardume,  avistado da praia.
Neste momento, instala-se um frenesi,  comum  diante
da ansiedade por capturar os peixes.
Todos falam,  ao mesmo tempo, coisas diferentes mas,
no final, se entendem, e remam  na mesma direção.
Feito o cerco, estendidos os cabos até a praia,  começa
o trabalho de "arrasto".
Há necessidade de muita força, e isto sobra nos braços
daqueles homens, já acostumados  desde meninos.
Chamou-me a especial atenção,  um  velho pescador,
típico homem de um passado muito distante...
Pés descalços, encarquilhados pelo  tempo, vestindo
uma camisa, feita de tecido usado em saco de farinha, 
calça arregaçada até à altura dos joelhos, e à cabeça,
evidente, o chapéu de palha.
À boca,   um "palheiro"  ainda apagado.
Observei suas mãos. 
Já não se fechavam ao redor do cabo, mas bastava a sua
presença, para dar segurança emocional aos homens, bem
mais jovens.
O resultado da pescaria foi ótimo,  bem como  a divisão por
"quinhões".
O Senhor Anastácio  retirou do bolso uma pequena corda,
feita de  "embira"  e,  pacientemente, organizou a  penca de
peixes, a ser levada para sua  honrada casa de pescador.
Fiquei imaginando a felicidade daquele homem, ao chegar em
sua residência, e poder entregar a sua velha companheira, o
tão precioso alimento, fruto, ainda,  do seu trabalho.
Finalmente, encontrei a explicação,  para  o ardente brilho de
felicidade em seu olhar.
Naquela penca de peixes, estava, também, amarrada a sua
dignidade, pelo reconhecimento do seu trabalho honesto.
Ainda se sentia útil...
 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Conto poético: CORAÇÕES DESENCONTRADOS


"Aquela mulher, tão linda, Já faz parte da minha vida.
Não saberia atribuir-lhe um título, por mais nobre que
pudesse imaginar.
A  exuberância, que  me seduz, é diminuta, diante do
esplendor das  suas virtudes".
Confessava-me, com estas  calorosas palavras,  um
amigo apaixonado.
Com o rosto banhado em lágrimas, transtornado por
uma profunda emoção, confidenciava-me, num  final de
expediente, estes  sentimentos, por uma bela
mulher, minha colega de escritório.
Observei os seus lábios trêmulos, voz embargada, e
as mãos frias, denunciando uma incontida paixão.
Colecionava, desde pequenos objetos, de encontros
sociais, com ela  presente,  até rascunhos manuscritos, 
recolhidos na lixeira.  Loucura !
Sentia  medo de  uma conversa franca, pois poderia
por fim a sua grande  esperança  de, algum dia, 
conquista-la.
Ouvindo os meus argumentos,  deu-me liberdade para
fazer uma "sondagem", junto àquela  mulher.
Conversei com Teresa. Este é o seu  nome.
Linda,  meiga,  educada, e portadora de muitos outros
predicados.
Após uma conversa cuidadosa, abordei assuntos
pessoais...
Disse-me,  muito emocionada,  também com a voz
embargada,  estar apaixonada por um colega de serviço.
Pensando ser o momento  propício,  revelei  os fatos
de que tinha conhecimento.
Sentiu muito, mas o seu coração pertence a outro
homem, um poeta..., e que, também, não tinha
conhecimento da sua paixão.
Naquele momento, observei seus olhos transbordando
em lágrimas, a me olhar, sem coragem  para  confessar...
 

domingo, 17 de março de 2013

Poema: MEDO DE AMAR


 
Nossos olhares se cruzam,  querendo falar.
Percebo um brilho diferente, parecendo uma
nascente  tão forte, como  em água corrente.
Tenho sede.
Meus lábios estão secos...
Quero beber, mas  sinto medo de me afogar.
Resisto aos teus  encantos, chegando ao
profundo  pranto, não atendendo ao teu chamar.
Fico assustado.
Mas gosto do teu  jeito...me olhando com ternura,
gesticulando com brandura, querendo as minhas
mãos tocar.
Delicada, caminhas sem pressa de chegar,
chamando minha atenção.
Refém, acendo uma paixão, que toca fundo o meu
coração.
Já não penso em mais nada, e te vejo a minha
frente, parada, querendo ao meu lado  ficar.
Agora,  sinto  mais sede, vejo a água  corrente, me
convidando para tomar.
Meus lábios estão cada vez mais sedentos, e me
aproximo...
É  serena, e  diferente de todas as águas que já bebi.
Aceitei teu convite, para meus pés banhar, com
pétalas  de rosas,  hortelã e manjericão, perfumando
minh'alma, e  também  o meu coração.
Um gesto sagrado de humildade, e de amor, privativo
de  uma  santa, que até me espanta... pois com beijos,
meus pés selou.
Nem que  me custe a vida, desta água, não duvida, 
beberei  sem parar, mesmo sentindo  medo de amar !
 
 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Poema: CIUME


 
Não sei como definir este sentimento.
Penso ser veneno lento, que mata, a cada
momento, um pouco do amor.
Que leva pelas correntes  perdidas, o soro
sagrado da vida, sem saber onde aportar.
Espalha as virtudes na  vala, condenando à
morte, quem  só  queria   amar.
Substitui a alegria,  por um cenário  de horror.
Gargalha friamente,  impede a felicidade, e
assassina o coração, de quem mais amou.
Em crise, não  reconhece nem as flores, que
mudam o perfume e as cores,  para apoiar  
o seu amor ...
Surgem pesadelos cruéis,  pensamentos
infiéis,  caminhos de espinhos, levando às
profundezas do abismo,  o seu  destino.
A desconfiança é o ponto final, quem sabe
inicial,  de um sofrimento sem fim.
Torna opacos o brilho daquele lindo olhar, o 
cintilar das estrelas, e a prata do luar.
A distância se agiganta,  preferindo a dor da
saudade, ao doce sabor da verdade.
É envolvido pelas trevas...
Quando tudo parecia perdido,  retorna à
consciência, reconhece as flores, sente a
a sua essência, e o sorriso se abrilhanta.
Agora caminha sobre pétalas de rosas, tem os
pés banhados, e beijados, pela mulher amada,
num ritual comovente de puro amor.
Reabre a porta do seu coração, reflorescendo
aquela paixão,  sob o manto Divino da  
felicidade !
 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Conto poético: O PERFUME DA DOR


 
Acompanhei uma bela, mas dolorosa, história de amor.
Passou-se no final dos  ano 60, até começo de 1970.
Meu grande amigo, Ademar, digamos chamar-se assim,
viveu uma  explosiva paixão, transformada num 
fervoroso amor.
Fui seu fiel confidente.
Sabia de tudo, e era lindo escutar os seus relatos,
seguidos de um pedido de opinião.
Exibia a fotografia da sua amada, só para mim, como
um troféu  sagrado, divino !
Realmente, era belíssima.
Estava envolvido num encanto de profunda sedução.
A moça residia numa cidade próxima , cerca de 90 km.
Eu o flagrei, por várias vezes, olhando para o nada, em
pleno horário de expediente.
Ah, sim, era meu colega de escritório.
Contava-me que a saudade era tanta, que antes de
vir para casa, costumeiramente, passava o lenço em
sua "sedosa pele ", para se alimentar do perfume do
seu corpo, durante o período de ausência, que era de,
apenas, três ou quatro dias.
Foi o amor mais intenso, que tomei conhecimento em
minha vida.
Nos dias de visitas a sua "fada", como a  chamava, não
havia temporal, nem compromisso, que pudesse impedi-lo.
Era impressionante a ansiedade que sentia.
Num belo dia de inverno, trocou seu modesto automóvel,
por um mais novo.  Foi fazer uma surpresa a sua "fada ",
fora do dia de visita.
Nervosíssimo,  estacionou um pouco distante, esperando
a sua passagem, pois conhecia, ou imaginava conhecer,
todos os seus passos.
Quase enlouqueceu, ao presenciar  o seu grande amor,
saindo do trabalho, envolventemente, abraçada  a outro
homem...
Passei muito trabalho para  consola-lo.
Durante anos, sim durante anos,  percebi sua neurose de
saudade, aspirando o lenço que, certamente, ainda 
guardava  o  mágico aroma daquela mulher ...
 
 
 

domingo, 10 de março de 2013

Conto poético: LACAIO


 
Trabalhou comigo, no escritório, um homem  extremamente
inteligente, e autodidata  em conhecimentos  do direito.
Poderia  chama-lo de "rábula".
Foi casado durante uns  15 anos.
Sua mulher veio  de uma família muito rica, da região serrana
do meu Estado. 
Filha de fazendeiros, cujos ancestrais  foram donos de muitos
escravos.
Trouxe, em  suas entranhas, um forte desejo de reviver aquelas
emoções escravagistas, de que  tivera notícias, contadas por
pessoas mais velhas.
Schmidt  era um homem bom, para com a sua mulher.
Aos poucos foi cedendo aos seus  caprichos.
Queria um lacaio. Sim, um lacaio  que pudesse  servi-la a qualquer
momento, e que jamais  contrariasse  as suas ordens.
Um jovem, nascido e criado numa fazenda, bem  retirada da cidade,
foi o escolhido por ela.
Obedecia ordens, como um mordomo, através toques de campainha.
Lavava as suas  roupas; cozinhava a sua comida,  servindo-lhe, até,  
na  boca; limpava a casa; acompanhava-a nos passeios  a cavalo, mas 
correndo, a pé, ao lado do animal.
Colocava-a  nos ombros,  ao  atravessar pequenos córregos, para não
molhar os seus pés; subia nas  árvores frutíferas, servindo-lhe frutas
frescas; escovava os seus dentes; penteava os seus cabelos; levava-a
ao  cinema; etc.
Finalmente, apresentava aos seus amigos, orgulhosamente:
"Este é o meu lacaio ".
O jovem nunca reclamava de nada, e sempre sorria com alegria, e muita
segurança.
Hoje, é ele quem a apresenta aos seus amigos, com  muito respeito:
"Esta é a mulher da minha vida, o meu grande amor.
Estamos  juntos, desde que  separou-se  do Senhor Schmidt, que nunca
entendeu  o quanto  necessitava de atenção, e carinho".
Histórias  da minha querida Terra...
 
 
 
 
 

sábado, 9 de março de 2013

Poema: O QUE RESTOU DO NOSSO AMOR...


 
Não sei o tempo.
Nem mesmo o tempo sabe.
Foi intenso,  é verdade.
No ar, ainda  sinto o perfume exalado... lembrando
flores em plena estação.
O sorriso da felicidade, que na mata se embrenhou,
retorna com os ventos da madrugada, não me deixando
dormir.
Gargalha, parecendo um louco,  sacudindo a minha
porta, querendo entrar.
Sinto  medo. 
Já morreu, nem sei quando...
Sobre a mesa, a última taça, ainda com a  marca do
batom, permanece imóvel.
É uma cena linda !
É proibido tocá-la.
Ao  lado, um guarda-napo, amassado, lembra um  gesto
delicado, daquela bela  mulher.
Também, não sei porque, a rosa permanece  amarela,
tão cheirosa  quanto naquele momento.
Do jardim, chegam cantos, talvez prantos, dos passarinhos
que  enfeitavam o nosso ninho !
Hoje, choram comigo uma dolorosa solidão, que batizei
de saudade, para enganar o meu coração.
Em cima da cama, do mesmo jeito que deixou, permanece
sua camisola branca, esquecida entre os dois travesseiros,
que cobria o seu corpo  inteiro,  num sonho de amor !
Testemunha  a partida  de um  belo  romance, mas  seu
perfume, fora da bagagem e teimoso,  comigo ficou...

domingo, 3 de março de 2013

Conto poético: O CASAMENTO DA "ASSOMBRAÇÃO"


 Década de 1960. Exatamente, 1962.
Esta minha querida Ilha, acabara de receber um grande
aterro, na área central da Cidade.
Havia necessidade da construção de prédios públicos,
e o espaço desejado exigiu este tipo de expansão.
Foi desativado um   antigo cemitério, bem próximo  à
cabeceira  insular da Ponte Hercílio Luz.
Todo o aterro utilizado,  veio daquela área. 
Era uma cena tétrica, assistir as máquinas removendo
terra, com caixões fúnebres...
Muita gente ficou impressionada e, lógicamente, histórias
de assombração,  vieram à  tona.
Trabalhei, durante muitos anos, num daqueles prédios.
Corredores enormes, mal iluminados,  aguçavam  a
imaginação.
Os vigias contavam histórias  arrepiantes, e os funcionários
se negavam  trabalhar,  no período noturno.
... Uma mulher, vestida de  preto, perambulava pelo corredor,
entrando nos banheiros... Ninguém mais acessava aquela
área. Ouvia-se barulho de água, e uma voz feminina,
cantando.
Certa noite, por volta das  23.00 horas, vi um vulto andando
pelo corredor, que dava acesso a minha sala de trabalho.
Inconsequente, o segui até  desaparecer, quando entrou  no
banheiro feminino.
Ouvi barulho de água...
Assombração não usa água, creio eu !
Pedi licença, e entrei.
Encontrei uma mulher, assustada, querendo esconder-se.
Jovem e bonita. Era a namorada do vigia que, o visitva no
período noturno... quando de serviço.
Estava, assim, desvendado o mistério da  mulher vestida de
preto.
Ah, sim, o vigia foi  transferido daquele prédio... e, mais tarde,
casou com aquela moça, apelidada, pra sempre,  de 
"assombração ".
 
 

sexta-feira, 1 de março de 2013

Poema: ESMERALDA

Fui às profundezas da terra.
Removi montanhas, à procura de uma linda pedra,
uma esmeralda, a essência da pureza.
Cerquei as águas dos rios, examinando  cada grão
de areia.
No garimpo, nem usei bateia.
Procurei pelo brilho, já lapidado  e ofuscante,  da
beleza verdejante,  que a natureza,  artisticamente,  
esculpiu.
Tão linda e admirada,  precisa somente ser  cuidada...
Não  falo, agora, da esmeralda,  falo  da minha amada,
muito mais bela do que a pedra procurada.
Seu brilho lapida minh'alma, alimenta  esta  emoção,
cobrindo de afeto o meu coração.
Sei onde encontra-la, não preciso procura-la, chamo,
e ela vem aos meus braços,  trazendo o  calor de um
grande amor, que nem a esmeralda, por mais encantadora
que pareça,  pode me fazer  feliz.
Desta vez, que me perdoe a natureza, a extrema beleza
não reside nas terras daquela  montanha, nem nas águas  
frias da  linda cachoeira.
Está aqui, na meiguice desta mulher, no encanto,  sem
pranto, no sorriso franco, no  brilho do seu olhar !
Admiro a esmeralda, mas perto da minha amada, é
somente  um detalhe...