Ouvi esta história, de um motorista:
"A tarde estava linda. Pleno verão.
Em todo os lugares, escutavam-se músicas de Natal.
A paisagem, à beira mar, não poderia ser mais bela !
Havia horário marcado para apanha-la...
Não a conhecia. Apenas o endereço, eu possuía.
Passo à frente do mar. Trânsito suportável, ainda.
Entro em sua rua.
Arborizada, estritamente residencial, e as crianças
brincam, animadamente.
Em minha memória, penúltima casa, à esquerda.
Linda !
Flores e folhagens, tomam conta do jardim.
Parecia um sonho.
Já estou estacionado. Não devo telefonar.
Ela virá no horário que marcou. Garantiu-me.
Ela virá no horário que marcou. Garantiu-me.
Confiro se tudo está arrumado, no interior do
automóvel. Claro, está.
Percebo um movimento.
Alguém está se aproximando do portão.
Rapidamente, abro a porta traseira do automóvel
e, gentilmente, a recebo.
Deslumbrante !
Indescritível, a beleza daquela mulher.
Vestido vermelho, cabelos longos, negros, e soltos...
Seria uma heresia detalhar o seu encantamento.
Transferiu, para dentro do automóvel, todo o perfume
das flores do seu jardim...
Cumprimentou-me com delicadeza, e uma voz macia,
como pétalas de rosas. Ela é a própria rosa, cheirosa...
Conversou comigo, durante todo o trajeto.
Ah, meu Deus !
Este é o lado bom da vida, que eu jamais conhecerei.
Quase chegando ao destino, surpreendeu-me com um
convite, irrecusável.
Jantar, à noite, em sua casa...
Nossa, que emoção !
Foi tão forte a surpresa, que me tirou do sono profundo,
em que me encontrava, esperando o patrão, no pátio da
empresa..."