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domingo, 21 de julho de 2013

Conto poético: VULCÂNICA PAIXÃO

 
 
 
 
Esta história ocorreu na década de 1980.
Como pano de fundo, a graciosa e  tradicional "Cinelândia", na Cidade do  Rio de Janeiro. Ponto de convergência da cultura cinematográfica, de artistas de rua, música, dança, teatro, e tudo mais.
Rival, é  uma destas casas que primam pelo  "teatro revista."
Excelentes atores e atrizes  que, por lá, tive a feliz  oportunidade de assisti-los.
Num desses shows, já em cartaz  por  muitos  meses, uma bela e habilidosa dançarina  despertou, em meu colega de trabalho, uma selvagem paixão.
Que tristeza ! Não falava em outra coisa.
Tornava-se, até,  inconveniente pela insistência da conversa.
Reconheço, a moça era exuberante, dançava divinamente, e se destacava no elenco, também, pela simpatia.
Assistiu, ao mesmo  espetáculo, dezenas de vezes.
Certo dia, o encorajei a manter contato com sua musa, pois tudo isto  já  estava se  tornando  uma  perigosa obsessão. Combinado.
Aguardou a moça na porta principal do teatro, e tentou  entregar-lhe um bilhete, mas foi impedido por um  brutamonte segurança.
A opção foi subornar o gigante, usando-o como  mensageiro. Deu certo.
No bilhete, confessou toda a sua paixão, e pediu a  humilde oportunidade
de poder falar-lhe, por alguns segundos, pelo menos.
Educadamente, ela consentiu em recebe-lo no saguão do hotel, em  que o elenco estava hospedado.
Dia e hora marcados.
Meu amigo, quase  enlouquecido, todo bem arrumado, apanhou um taxi e, para Copacabana, se dirigiu.
Palavras na ponta da língua. Estaria diante da mulher dos seus sonhos, e pesadelos também.
Um lindo ramalhete de rosas vermelhas, completaria a  declaração  daquela vulcânica paixão.
Eu o acompanhei, a seu pedido,  mas ficaria de longe, para o caso de  uma eventual emergência.
A moça é pontual. Chegou no horário marcado.
Vestido branco e longo, sapatos  altos, sorriso franco e  encantador, combinando com um par de olhos verdes,  lembrando os mares da minha terra.
Apresentou-se como "Cari",  seu  verdadeiro nome.
Meu amigo perdeu a voz, chamando-me por um aceno de cabeça.
Apresentei-me, pedi desculpas pelo incidente, e  expliquei-lhe tudo o que podia.
Ouviu-me atenciosa, e  educadamente.
Era de uma ternura, hoje entendo, privativa de uma magnífica artista.
Ou de um magnífico artista...
"Cari", era  o  nome artístico de Carlos Ribeiro ...
um ator perfeito, deslumbrante...
Meu amigo entrou mudo,  e calou-se, para sempre... traumatizado.

13 comentários:

  1. Olá amigo, bem... qualquer pessoa ficava sem palavras. Coitado! Que decepção. Gostei a sua história. Beijos com carinho

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  2. Oi, "Roseira Branca" !
    Seja muito bem vinda. Fico honrado
    em te ver no quadro de seguidores
    deste blog. Muito grato, mesmo.
    Um carinhoso abraço, e um ótimo
    domingo.
    Sinval.

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  3. Um conto, ou história ou até verdade
    mas triste para esse moço tão apaixonado
    Deu dó do pobre homem, a paixão era tanta que nem percebeu
    a diferença
    Abraços de bom final de tarde
    Bjuss
    Rita!!!

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    1. Oi amiga, Rita !
      Este conto é 100% verídico.
      A "moça" era perfeita...
      Muito grato pela carinhosa
      atenção, e uma ótima semana,
      querida. Um fraterno abraço.
      Sinval.

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  4. Da mesma forma ao ir lendo, me empolguei e criei espectativa. Torci por ele. Da mesma forma diante de tal revelação não tenho o que dizer.

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    1. Olá, amigo "5n3v35" !
      Vivenciei, bem de perto, esta
      história. Foi emocionante !
      Muito grato, e um ótimo início
      de semana. Um fraterno abraço.
      Sinval.

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  5. Ô vida!...para onde foi a paixão?
    Um abraço

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    1. Oi, querida amiga,
      Guaraciaba Perides !
      É verdade... Não há palavras
      de consolo, numa situação como
      esta... e verídica, 100%.
      Um carinhoso abraço, e muito
      agradecido.
      Sinval.

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  6. SINVAL História bem contada, digna do memorial de quem a viveu. Segundo julgo saber, um bom transformista consegue esganar bem quem não cuida de se precaver. Foi o que aconteceu. DANIEL MILAGRE - http://danielmilagre.blogspot.pt/

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  7. Olá, DANIEL MILAGRE "Anônimo"!
    Realmente, tens toda razão.
    A "figura" era um artista de
    primeira grandeza...
    Muito grato pelo registro, e
    alerta, amigo. Um fraterno
    abraço.
    Sinval.

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  8. Triste amigo mío, suele suceder...
    Un abrazo.

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  9. Oi, amiga Soledad del Sol !
    Realmente, foi muito sofrimento.
    Muito agradecido, querida, pela
    atenção. Fico feliz !
    Um carinhoso abraço, aqui do
    Brasil.
    Sinval.

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  10. Então?
    Que fial triste podia ao menos ter tido o final da dama e cavalheiro...são mesmo uma delicia de se ler, faz-nos transportar pelas montanhas cobertas de neve, simplesmente maravilhoso.
    Beijinhos de luz e muita paz.

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