pulsando

Seguidores

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Conto poético: DIVIDINDO EMOÇÕES


 
Um homem chorava, copiosamente,  à frente de uma
bela casa antiga.
Tentei acalma-lo.
Percebi o seu estado deplorável.
Um maltrapilho, de causar  piedade.
Relatou-me:
" Sabes onde moro ?
Em lugar algum. Na rua.
Sabes onde me alimento ? Nas caixas de lixo.
Sabes  a quem pertence esta casa linda ?
Também não sei, mas já foi minha. Da minha família.
Sim. Tive uma família.
Tu deves ter uma, não ? Sou um fracassado.
Amei alguém, desesperadamente.
Hoje, ainda a amo, mais do que nunca. Só que, em silêncio.
Não  consigo  esquece-la. Nem tento.
Creio que  só se ama uma vez na vida...
Ela ria do meu amor, da forma como a olhava, como me
vestia...
Chamava-me de  "ultrapassado".
Isto me magoava muito.  Não esqueço.
Um dia, querendo vencer minhas dificuldades, fui para a
Capital, tentar emprego, estudar. Estas coisas, sabes ?
Peguei uma carona,  num caminhão carregado de madeiras.
O motorista foi parado no trajeto, distante, daqui, uns 60 kms.
Estava  com uma carga, volumosa, de  drogas proibidas. 
Fui preso, também,  como  traficante. Que injustiça !
Ao sair, anos depois, voltei para cá. Fui  desprezado por todos, e
aquela mulher... já havia casado, formado uma família.
Mora aí, na casa que já foi minha,  e que a  vendi  para pagar
os advogados.
Recebo, da sua empregada, quase que diariamente, um prato
de comida, por esmola, sem saber que sou eu, o  mendigo.
Agora me diga, o que devo fazer ? "
Respondi-lhe, com toda segurança:
Que tal começar, aceitando  a minha  compreensão ? 
Temos uma  história de vida,  semelhante.
Seus olhos começaram a brilhar ,  e o homem saiu   da frente do
espelho...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

2 comentários:

  1. Sinval

    Enquanto conto poético poderá ser considerado empolgante. Está muito está muito para esta época, em que o turbilhão da vida, pode arrastar, para caminhos inusitados.
    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu amigo, Daniel Costa !
      Creio que te assiste toda razão.
      Os atropelos da vida, não se
      preocupam em fazer justiça. Este
      conto se passou numa cidade do meu
      Estado, e conheci os personagens.
      Um fraterno abraço, aqui do Brasil.
      Sinval.

      Excluir

Querido leitor...seu comentário é muito importante para mim. Obrigado.