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domingo, 9 de fevereiro de 2014

conto poético: Aos Senhores Condenados




Final de primavera.  
O verão já está logo ali, abrindo as cortinas para
mostrar esta Ilha paradisíaca, em que resido.
Sentado,e à sombra
de um aconchegante "Kioski",
observo as ondas,em ritmo compassado,
embalando gaivotas faceiras e
saciadas,em época de reprodução.
É só amor...o  mar entoa canções,
 atraindo embarcações,
enchendo
os olhos do pescador.
Afoitos,surfistas desfilam
 com suas coloridas pranchas,
à beira  d´água, impressionando
 a garotada, que já exibe  a textura do sol carinhoso.
O vento de hálito quente,sopra  da terra para o mar.
Meu olhar é interrompido por uma
 vóz  gentil, e familiar.
Senta-se  ao meu lado, o Senhor Conde,
um conhecido  e experiente
 pescador, nativo deste lugar
 e que sempre tem uma boa
 conversa, para registrar.
Dividi,
com ele, as minhas emoções,
 já que é um homem bem informado,
e muito sensível.
Nem precisei comentar.
 Percebeu...
disse-me:
"Como é lindo este pedaço de chão!
Resido, aqui, desde que nasci, e não me canso de
observar a sua beleza. Cada momento
é especial, como se fosse um
cenário de teatro, se modificando
a todo tempo."
Retirou o surrado chapéu de
palha da cabeça, colocando-o
sobre o joelho, dizendo-me, emocionado :
"Esta praia tem 6 km de extensão, e eu
a percorro diariamente.
Além do mais, este interminável
Oceano, me seduz, me faz muito feliz !
É um sentimento de liberdade indescritível.
Vejo as reações,e ouço os grunhidos
 das gaivotas, e sei o que estão
procurando.
 Parece uma dança !
Respiro ar puro, apanho sol, vejo conchas
marinhas, algumas são estranhas.
Sinceramente, sinto piedade
daqueles senhores ladrões,
que furtaram o dinheiro do povo,
 o meu dinheiro.
Não podem desfrutar desta
liberdade, que me é oferecida,
gratuitamente, pela natureza.
Talvez, nem saibam do que estou falando.
Vou para casa,abraço e beijo
os meus filhos, e netos, de
cabeça erguida,e todos  tem
respeito, admiração, e orgulho de mim.
Aqueles senhores,vigiados por policiais,
estão condenados.
São bandidos, algemados pela lei.
Em minha casa, até pode faltar luxo,
 mas sobra vergonha,dignidade, e liberdade.
Sinto-me um milionário,preservando minha honra,
falando de amor.”
Nossa, tenho orgulho daquele homem, simples,
honesto,e  sábio!

6 comentários:

  1. Uma bonita história muito bem contada. Quando era menina vivia rodeada de pescadores. Havia um já idoso a quem chamavam de Duque, porque era muito bem falante e sabia ler e escrever coisa que naquele tempo poucos sabiam.
    Um abraço e uma boa semana

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    1. Oi, querida amiga, Elvira Carvalho !
      Também ,tenho muitos amigos pescadores.
      São sábios. Vivem na natureza, livres.
      Muito agradecido por tua visita, vinda de
      longe, e de uma Terra tão bela.
      Um fraterno abraço.
      Sinval.

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  2. Esta, Sinval, é a sabedoria do bem viver, Deus te abençoe meu querido!

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    1. Querida amiga, Claudete !
      Que continues, também, abençoada, por
      haveres entendido a mensagem, que os
      condenados desprezaram.
      Um fraterna,l e caloroso abraço de
      agradecimento.
      Sinval.

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  3. A liberdade de quem não se permite ao aprisionar do poder e da cobiça tem sempre muito a nos ensinar.
    Cadinho RoCo

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    1. Olá, Cadinho Roco !
      Sábias colocações. As mesmas, em procedimentos,
      adotadas por um homem simples, desprovido da
      marginalia ambição. Que sirvam de lição, não
      importando a fonte, ainda que de um pescador.
      Um fraterno abraço, amigo.
      Sinval.

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