Sala de embarque, bilhetes conferidos, pessoas
ansiosas, com medo de voar.
Uma fisionomia conhecida, nesta Ilha, aproxima-se,
e puxa conversa.
O destino é o mesmo, Rio de Janeiro, em voo com
escalas.
Sentamos em poltronas vizinhas, por coincidência.
Professor Universitário, e Psicólogo autônomo.
Homem maduro, e experiente.
Muitas histórias para contar, certamente.
Contou-me uma passagem, que me impressionou.
Disse-me:
"Eu era, ainda jovem, logo no início do meu
consultório.
Julgava-me bonito, e atraente. Pura vaidade !
Como pacientes, mulheres, principalmente.
Uma delas, marcou-me especialmente.
Último atendimento, daquela tarde.
Adentra ao consultório, uma mulher "madura",
exibindo um suave sorriso de indisfarçável
amargura.
Sem dizer uma palavra, sequer, aproximou-se
do divã, despindo-se completamente e, a seguir,
deitando-se.
Até o final do horário, não pronunciou uma só
palavra. Apenas, gestos sensuais.
Em mais quatro sessões semanais, eu a assisti,
sempre com o mesmo procedimento de profundo
silêncio.
Na sexta sessão, resolveu falar. Era tudo o que
eu esperava.
Disse-me que, quando jovem, foi muito reprimida
por seu pai, não a deixando namorar, nem usar
roupas da época, ou frequentar ambientes privativos
da juventude.
Por isto, ficou solteira, e se sente só, neste mundo.
Agora, paga para mostrar o seu corpo despido, a um
profissional, em sinal de protesto, já que, à outra
pessoa, não teria coragem de faze-lo.
Eu a curei dos traumas, sim, casando-me com ela..."
Soube, até o final da viagem, que a diferença de idade,
era de vinte e seis anos, e percebi a felicidade
estampada em seus olhos.
Prevaleceu o amor, frente à magia do divã...
e quando prevalece o amor...a magia acontece seja onde for...
ResponderExcluirgostei...deste episódio de vida. abraço*
Oi, querida amiga, "Parapeito" !
ResponderExcluirPuro amor, li nos olhos daquele homem,
ao relatar esta história comovente.
Muito agradecido por tua amável presença.
Transmita, ao teu anjinho, um beijo aqui do
Brasil.
Sinval.