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terça-feira, 8 de abril de 2014

Conto poético: CONFISSÕES DE UM HOMEM


Esta história, bem que merece um "longa metragem ".
Fins do século XIX, é a âncora do tempo, com o regime

escravagista, ainda em plena vigência.

Brasil Império, às portas da República.
Imagino a efervescência  política...
A via marítima, era a única possibilidade de deslocamento pela   costa.
Neste ponto, aparece o nosso personagem, real, Antônio Fernandes de Oliveira.

Negociante, marinheiro - barqueiro, dono de embarcação movida
à vela.
Navegava o trajeto  Laguna / São Francisco do Sul, Cidades Catarinenses, históricas e misteriosas, por  estarem entre as mais antigas do País.

Nesta rota, negociava mercadorias em vários portos.
Homem trabalhador, corajoso e enérgico.
Um mercador, por excelência, e bem sucedido.

Entretanto, somente no final da vida, revelou segredos guardados  por muitos  anos.

Confessou, no leito de morte, a sua filha mais velha:
"Tenho consciência de tudo o que fiz.
Não devo dinheiro à ninguém. Portanto, se baterem  à porta,
cobrando dívidas, não pague. Nada devo.

Sempre cuidei muito bem dos meus negócios.
Mas, se disserem que eu tive uma mulher, em cada porto,
acredita, é verdade.
Tua mãe sempre teve razão, em suas desconfianças a meu

respeito.
Fiz tudo por amor. Talvez por solidão, sentida nas longas e
solitárias viagens, por estes mares de Deus. 
Viajava dia e noite, sob à luz do luar, ou do sol escaldante.

Meu companheiro, sempre foi o vento.
Assobiava no mastro, parecendo comigo conversar, a relembrar
cada amor, aumentando a minha saudade...

Tu  tens outros irmãos, fora deste lar. Receba-os bem, se vierem
por aqui.
Caso alguém diga alguma coisa, além desta confissão, creia-me,
não é verdadeira.
Outra coisa, presta bem atenção:
Ganhei muito dinheiro, e tenho as minhas economias.
Eu as enterrei em uma vasilha de barro, no lado norte da

"pedra do lagarto," nos fundos do quintal.
Conheces bem."
Dito isto, fechou os olhos, suspirou fundo e ...
A família quase arrancou aquela pedra do local, de tanto que

escavou. Nada encontrou.

Há quem diga que foi, apenas, uma alucinação momentânea.
Até hoje, os familiares ainda falam deste assunto.
Infelizmente, não conheci aquele meu bisavô  ...

8 comentários:

  1. Respostas
    1. Amigo, Paulo Abreu !
      Que bom te ver por aqui, com tua sensata
      opinião. Sinto-me feliz.
      Muito agradecido, e uma boa noite.
      Sinval.

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  2. Amei ler, nossa, que lindo conto, pode até ser verdadeiro!
    Meu avô adorava contar as estórias dele, nem sempre eram verdadeiras, pois ele tinha um imaginação incrível, eu como sempre gosto de ler, ouvir estórias, até penso que cabem em nossas vidas reais!
    Abraços meu bom amigo, amo o Sul, viajei por aí em 2012, preciso voltar!

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  3. Ah, querida amiga, Ivone !
    Esta é uma história verdadeira, e muito antiga, da
    minha família. Alguns contam-na com vergonha...
    eu, com orgulho da bravura de um homem, que viveu
    um período inóspito, em todos os sentidos.
    Quando voltares ao sul, estarei às ordens, com muito
    prazer. Um fraterno abraço, e muito grato pelo carinho
    do comentário.
    Um bom dia.
    Sinval.

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  4. Nunca se deve ter vergonha da bravura de um homem.
    Pelo contrário deve enaltecer-se sempre.
    Gostei imenso de ter conhecido esse facto e da forma
    como o trasmitiu.
    Desejo que esteja bem.
    Bj.
    Irene Alves

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    Respostas
    1. Querida amiga, Irene Alves ( silenciosamente
      ouvindo ) !
      Com este conto, coloquei a verdade sob à luz
      do sol. Alguns sentirão orgulho, e outros, talvez,
      constrangimento.
      Muito agradecido, por tua atenção, vinda dessa
      Terra exuberante. Um fraterno abraço.
      Sinval.

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  5. Olá Sinval, que história!!!! Amei ler e passar por aqui. Um abraço carinhoso.

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    Respostas
    1. Oi, Nádia Santos !
      E é uma história real, que ouço de criança,
      sempre com os mesmos detalhes.
      Muito agradecido, querida amiga, pelo carinho
      do comentário.
      Um fraterno abraço.
      Sinval.

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