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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Conto poético: O SEGUNDO PARTO

 
 
                       
Muitos anos  se passaram, desde que deixei as
entranhas daquela Santa Mulher.
Lembro dos seus gritos, do meu choro desesperado,
por ser expulso de um  lugar,  tão sagrado.
Na superfície do meu ventre, a profunda cicatriz
não me deixa esquecer da saudade.
Das chibatadas, que recebi desta vida, trago marcas
ainda doloridas.
As do corpo, cicatrizaram.
As da alma, em chagas se transformaram.
Caminhava à beira mar da minha Cidade, absorto
nestes pensamentos nostálgicos.
Era uma bela manhã de outono.
Repentinamente, um cordial  "bom dia,"  trouxe-me de
volta à realidade daquele momento.
Um abraço, exigiu minha atenção a um velho amigo.
Pareceu adivinhar a minha dor.
Claro, é um poeta, acostumado a respirar os sentimentos
alheios.
Disse-me:
" Velho companheiro, a  dor que sinto neste peito antigo,
não pode ser comparada à nada que se conheça.
Leio, em teus olhos, semelhante  angústia.
Julgava-me o homem mais equilibrado, e  mais sensato
deste mundo.
Nos meus modestos versos, olhava a tua dor, a  minha
dor, como resultado de um episódio de amor, mal
resolvido.
Enganei-me, amigo.
É muito mais do que isto !
Aquela mulher, era o meu templo sagrado, o campanário
dos meus sentimentos.
O que sinto, nenhum poeta consegue descrever.
Creio ser o segundo parto, sem  assistência, e sem
batismo... somente, sofrimentos."
Cabisbaixo, foi embora sem se despedir, falando sozinho,
e com toda razão.
Também, sei disto, meu poeta  irmão !
 
 
 
 
 
 
 
 

8 comentários:

  1. O poeta tem uma sensibilidade enorme e por isso sofre. Transforma seu sofrimento em lindas poesias.
    Que as lê consegue identificar toda sensibilidade e todo encanto.

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    1. Oi, Bell, querida amiga !
      Tudo isto é real., até o sofrimento...
      Muito agradecido pelo carinhoso
      comentário.
      Um fraterno abraço, e um bom dia.
      Sinval.

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  2. De uma sinceridade tangível. Mais uma vez excelente!

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    Respostas
    1. Meu dileto amigo, Paulo Abreu !
      Sinto-me honrado e muito feliz,
      por receber o teu comentário.
      Muito agradecido, e uma boa
      noite.
      Sinval.

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  3. Sentimento de dor. Tocante e poético...
    Beijo.

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    1. Amiga querida, Graça Pires !
      Muito agradecido por teu comentário,
      e pela carinhosa atenção.
      Um fraterno abraço.
      Sinval.

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  4. Olá, amigo nobre autor!
    Depois de longa ausência, volto a lhe visitar e o faço me expressando em poucas palavras:
    “Sejas feliz, muito...”
    Aceite meu abraço e até mais!

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  5. Olá, amigo Vendedor de Ilusão !
    Que agradável surpresa vê-lo, novamente,
    por aqui.
    Fico muito feliz, e agradecido.
    Um fraterno abraço.
    Sinval.

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Querido leitor...seu comentário é muito importante para mim. Obrigado.