Nas costas desta Ilha, milhares, talvez milhões
de gaivotas, singram os mares, a terra e os
ares.
São cantoras, dançarinas e alegres pescadoras !
Seguem os barcos pesqueiros, pousam nos mastros e nos
convés, banqueteando as vísceras dos pescados.
Em troca, oferecem aos pescadores a alegria
dos grunhidos, e a beleza da dança selvagem.
Muitas histórias e lendas são contadas, acerca
das gaivotas.
Uma delas, é o mistério da morte.
Os velhos pescadores dizem que elas tem
um cemitério secreto e que, para lá, se dirigem
quando sentem a morte se aproximar.
Isto porque, não são encontradas mortas, nas
cercanas conhecidas.
Fruto da imaginação ou da fantasia, contam histórias
de um ritual de " canibalismo ",
presidido por uma bruxa, vestida de gaivota.
Falam de sereias que, nas noites de lua cheia,
sobem os costões e recolhem as gaivotas sem
vida, sepultando-as no fundo do mar.
Feiticeiras
que, nas escuras madrugadas, acendem
fogueiras na crispa das ondas,
cremando
os corpos das gaivotas, que flutuam
ao sabor do vento.
Juram, de mãos postas, como verdadeiras
estas lendas e histórias !
Sinval Santos da Silveira