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terça-feira, 8 de maio de 2018

Conto poético: O COSTÃO DA FEITICEIRA



As ondas  esmurravam os costões da minha Ilha,
como a querer subir as íngremes encostas.
Gritavam  alto, abafando  as vozes assustadas dos 
pescadores. 
As mulheres e crianças fugiam pelas picadas, já 
tomadas pelas águas geladas, que respingavam do
mar.
Os barcos,  protegidos nos ranchos,  se  debatiam 
contra as  paredes de tábuas, pedindo socorro ao 
patrão.
Os trovões  pareciam bombas  de guerra, assustando
os pássaros marinhos que, apavorados,  deixavam a
segurança dos seus abrigos.
Quando tudo parecia fora de controle,  surge sobre
a pedra mais alta,  iluminada pelos relâmpagos 
ofuscantes,   a  figura de uma bruxa...
Estava a menos de dez metros de onde me encontrava.
Vestido e cabelos compridos...
Ao contrário do que imaginava, falava docemente com
o mar.
Gargalhava  e gesticulava muito.
Sob suas ordens, o mar se acalmou e tudo voltou ao
normal.
A "bruxa" desapareceu por entre as grandes pedras...
Não tive coragem de segui-la.
Era-me conhecida por  "retrato falado".
Ouvi  histórias da "feiticeira do costão", contadas pelos
velhos pescadores da região, nas vendinhas iluminadas 
à pomboca, entre um trago e outro.
Nunca acreditei. 
Pura  imaginação, pensava eu...
Mas, dividindo as Praias Brava  da Praia  dos Ingleses,
lá está ele, imponente e assustador, o Costão da Feiticeira !
 
Sinval Silveira









4 comentários:

  1. Ainda existem "feiticeiras boas"... apesar de tempos bicudos...
    Abraço.

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  2. Quedrida Poetisa, Célia Rangel !
    Acertada afirmação !
    Muito grato por tua honrosa atenção.
    Um fraternal abraço, aqui do meu Brasil.
    Sinval.

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  3. Belo conto, Sinval. Nem todas as bruxas são más.

    Grande abraço.

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    Respostas
    1. Querida Poetisa, Sônia Brandão !
      Que felicidade receber o teu comentário.
      Muito agradecido, amiga !
      Uma semana repleta de alegria e um
      carinhoso abraço.
      Sinval.

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