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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Conto poético: EU ESTAVA LÁ...




Passaram-se muitos anos...
Não se esquece um gesto, quase Divino.
Cinco  meninos  descendo o "Morro  da Cruz", nesta
minha querida Cidade, a caminho do campinho de
futebol.
O sol  de verão  levantava o cheiro doce do "capim 
melado".
Os cães ladravam, mas não se  aproximavam, por  
preguiça  ou  aconchego da sombra fresca do bambuzal.
As  cigarras cantavam, sem parar, parecendo um coral
de vozes, enquanto os passarinhos,  calados, se 
limitavam  a  escutar.
Através atalhos,  seguiam  pelos fundos das casas, 
para diminuir  o tempo  da chegada.
Havia de tudo, até vagabundo bebendo cachaça, 
fazendo arruaça.
Mulheres brigando, crianças chorando.
Mas,  a  euforia  era  incontrolável. 
A fome, também...
Um deles tirou do bolso um pequeno pão,  dividindo
com os  demais.
Apenas uma  dentada,  mas o  suficiente para calar 
o grito brutal  do estômago.
Que gesto,  meu Deus !
Quem poderia  esquecer um episódio deste ?
Eu estava lá...
 
Sinval Silveira




6 comentários:

  1. Uma cena inesquecível. Uma lição de vida.

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  2. o passado que virou eterno no coração...linda lembrança de uma meninice feliz!
    Um abraço

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    1. Querida Socióloga/Poetisa, Guaraciaba Perides !
      Uma infância carregada de lembranças, que ainda
      emociona minha vida...
      Muito obrigado pelo carinho do registro.
      Um fraterno abraço !
      Sinval

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  3. Querida Amiga/Poetisa, Ana Bailune !
    Verdade.
    É algo inacreditável, o sentimento de
    solidariedade verificado naquela
    comunidade. Muito gratificante !
    Fico imensamente agradecido por
    teu comenmtário. Um ótimo final de
    semana e um carinhoso abraço, aqui
    do Brasil.
    Sinval.

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  4. Era um desses meninos, meu querido Amigo Sinval? Que conto poético cheio de ternura e expressando uma dura realidade…
    Uma boa semana.
    Um beijo, daqui, de Portugal.

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    Respostas
    1. Querida Mestra Poetisa, Graça Pires !
      Sim, Amiga !
      Imagina o tamanho da minha emoção, ao relembrar
      meu passado...
      Muito obrigado pelo doce registro.
      Um carinhoso abraço, aqui do Brasil !
      Sinval.

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