pulsando

Seguidores

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Poema: A EXPEDIÇÃO DO TEMPO


Singro estes mares, há mais de  50 anos.
As ondas eram  baixas e a água  não tão  salgada
e fria.
O vento  está mais  forte e o barco  preguiçoso...
As vergas e os remos  eram  leves,  e o leme me
obedecia.
O  mesmo  destino parece, agora, muito  distante
e o balaio não pesava tanto.
Minhas mãos não calejavam  e os braços, da dor,
não  reclamavam.
Meu  chapéu de palha desfiou,  perdeu a cor,
a canoa furou e o mastro quebrou.
O tempo passou, não me poupou e  para outras 
ilhas pesqueiras, me levou.
A gaivota não me acompanhou, gargalhou de longe,
e regurgitou  o peixe que lhe  dei.
Não mais  acredita num velho pescador... e aos 
meus pés, por piedade, vísceras de pescados, atirou.
O tempo concluiu sua expedição, chegou ao  seu
destino  e  me desembarcou...
Sinval Silveira

4 comentários:

  1. Há sempre "um desembarque" em nossa vida! Acolhamos. Não há como revidar...
    Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Poetisa, Célia Rangel !
      É isto mesmo. A realidade do tempo que
      vai passando...
      Muito grato pela atenção, uma ótima
      semana e um fraternal abraço.
      Sinval.

      Excluir
  2. Quanta melancolia neste belíssimo poema, meu Amigo Sinval!
    A vida é assim mesmo. Vai-se fazendo difícil para quem a ama e a vive…
    Uma boa semana.
    Um beijo daqui de Portugal.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Mestra, Escritora/Poetisa,
      Graça Pires !
      O tempo é implacável, para os que
      vivem, em quaisquer atividades...
      Fico muito agradecido pelo generoso
      comentário, e tão costumeira atenção.
      Uma ótima semana e um carinhoso abraço,
      aqui do Brasil, agora com esperanças
      renovadas...
      Sinval.

      Excluir

Querido leitor...seu comentário é muito importante para mim. Obrigado.