"CORAÇÂO TAGARELA" ... Uma maneira maravilhosa de dividir com amigos e familia minhas mais doces emoções poeticas....
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Poema: UM ANJO EM TRANSFORMAÇÃO
Sem falar uma só palavra, joga fora suas roupas
de anjo, e se mostra, de corpo inteiro, ao seu
verdadeiro amor.
Choram de emoção...
Em gestos lentos, retira de uma mala sobre o
leito, suas vestes de uso cotidiano.
Desfila, graciosamente, como a leveza de uma
pluma, levada pela brisa da manhã...
Na plateia, somente um par de olhos apaixonados,
a observa, atentamente.
São obsessivas mudanças, quase um transe de
esperança, querendo outra vida alcançar.
Experimenta, em desespero, a porta arrombar, para fugir
daquele lugar.
Não consegue !
Vestida de negro, cabelos dominados, boca pintada
da cor do pecado, só lhe restou o repouso nos braços
do seu grande amor.
Murmuram sons, somente compreensíveis por quem
vive uma grande paixão.
Afinal, nada precisam dizer.
Os sentimentos são as cortinas do palco da vida !
No chão, por testemunha ao espetáculo, a mala
esvaziada pelo gesto de ternura, aguarda, calada, a
volta do lindo vestuário de sedução, para a próxima
sessão.
Sinval Santos da Silveira
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
Poema: ENTRE O MEDO E A PAIXÃO
Amei aquela alma, como ninguém.
Sagrada criatura, repleta de ternura,
simplesmente, me fez feliz !
Esqueci a vida, e nada mais me assustou.
Perdi o medo de ter medo de ser feliz.
Saltei abismos profundos, dei adeus ao
mundo, para estar nos braços dela.
Entre a sorte e a morte, venceu a vida,
aplaudida pela esperança, como um
sorriso de criança, a debulhar pétalas de
rosas.
Mas, com o decorrer do tempo, tudo mudou.
Meus olhos estão voltados para o firmamento,
à procura de novos pensamentos, que me salvem daquela paixão.
Sofro a dor da saudade, a insegurança
trazida pela imaginação, por haver perdido
quem tanto acreditei ter nascido, somente
para me amar.
O engano me trouxe o amargo pranto mas,
também, a sábia lição de não transformar
um amor, em alucinação...
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Poema: A EXUMAÇÃO E O FEITIÇO
Há suspeita de veneno, a morte daquela
paixão.
Dizem que foi inveja, olho grande ou
azarão.
Cercada de poesia, flores e passarinhos
a cantar, desapareceu o encanto, nascendo
o pranto em seu lugar.
Da constelação dos amantes, foi a estrela
mais brilhante, embevecendo um lindo amor !
Parecia uma felicidade sem fim...
Hoje, procuro no rastro da verdade, tropeçando
na esteira da saudade, o motivo da separação.
Somente com a exumação da alma, aflorou a
razão.
Não achei o que diziam, mas encontrei
fragmentos de mentiras, pedaços de traição, que
levaram à morte aquela grande paixão.
Vi a vida se esvair entre os dedos...
Sopra, agora, o vento da bonança, trazendo uma
forte esperança, daquele amor renascer.
Até a cartomante, duvidou a todo instante, da
ressurreição daquele amor.
Estava certo o feiticeiro, jogando a galinha preta
ao nevoeiro, exigindo que ela voltasse... e voltou !
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Poema: ESBULHO
Nas entrelinhas dos teus versos, meu
nome, faceiro, aparecia.
Interpretava, orgulhoso, todo o texto
amoroso, dirigido aos meus sentimentos.
Da doce ilusão, nem uma letra restou.
Não me vejo mais incluído, no vendaval
daquela paixão...
Foram desfeitas as rimas e as ilusões.
Sem haver pecado, embora fui mandado,
e ao sofrimento condenado.
Somente sou encontrado nas
frases do passado.
Sou interrogado, como se fosse culpado
de atos que nem sei.
Expulso da poesia, sem haver cometido
heresia, sinto-me uma letra morta.
Não desejo mais desfilar nos teus poemas,
ainda que restrito à exclamação, ou ao
ponto de interrogação.
Quero libertar meu sofrido coração, dar
asas à imaginação, e caminhar sem culpa
ou pecado, levando na memória a mágoa
de haver sido, dos teus versos, esbulhado.
Autor: Sinval Santos da Silveira
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