Fixou seus olhos nos meus, e chorou de soluçar.
Balbuciou palavras que, até hoje, não entendo, com
clareza, a tristeza do seu falar.
Disse do seu passado, abordou os mundos em que viveu,
os amores que perdeu e, até mesmo, das injustiças
que cometeu.
Não soube perdoar quem merecia seu perdão, mas
perdoou, de coração, quem tanto mal lhe causou.
Quis beijar sua face, pois comigo se pareceu.
Não consegui, arredio se mostrou.
Desviou seu rosto, mas o meu, com suas lágrimas,
banhou...
Jorravam, sem parar, turvando tudo ao seu redor.
Então, encostei meus olhos nos seus olhos, e o espelho
foi quem chorou...
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"CORAÇÂO TAGARELA" ... Uma maneira maravilhosa de dividir com amigos e familia minhas mais doces emoções poeticas....
terça-feira, 28 de janeiro de 2020
Poema: CARA A CARA COM O VELHO POETA
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
Poema: SIM, IREI AO TEU ENCONTRO, SIM
Não importa a distância.
Sinto a tua proximidade falando ao meu coração.
Disseste tudo aos meus sentimentos, abandonados
pelo tempo, mendigos de uma saudade que não
morre, pedintes de migalhas para sobreviver.
Chegaste como a lua cheia, invadindo a mata
brejeira, despertando do sono o sabiá laranjeira
que, agora, canta a noite inteira.
Trouxeste luz às trevas, iluminaste meu coração,
ensinaste a sombra reencontrar seu corpo perdido
na multidão.
Nem a montanha, nem o precipício, poderão criar
o suplício de separar tua vida da minha vida !
Sim, irei ao teu encontro, sim !
terça-feira, 7 de janeiro de 2020
Poema: A ÚLTIMA CONQUISTA
Olhou-se no espelho, de corpo inteiro...
Suas vestes, sobre a cama, aguardavam para
desfilar, mais uma vez no palco da vida.
Provava e reprovava peça por peça.
Nada lhe agradava
As cores não combinavam, nem mesmo com o brilho,
já sem brilho, do seu semblante.
Seus olhos, opacos, enxergavam em tom cinza, tudo
o que era colorido.
Os cabelos, outrora tão belos, talvez por vingança
aos maus tratos, foram embora, para sempre.
Nada fazia lembrar aquela escultura de mulher,
agora, vencida pela força da gravidade ...
Seu amor - próprio, também lhe abandonou.
Restava-lhe uma última tentativa...
Conquistar a quem sempre negou o seu amor.
Fingiu elegância, charme e simpatia.
Não havia mais graça em tudo o que fazia.
Despiu-se, então, de um passado virtuoso.
Vestiu a túnica da verdade e desfilou sob o brilho
ofuscante da humildade !
Foi ovacionada pela plateia da vida, numa derradeira
conquista !
sexta-feira, 3 de janeiro de 2020
Conto poético: O ATAQUE DA MARESIA
Uma cadeira de praia, aguardando por alguém...
No assento, uma toalha rosa e um par de chinelos,
além de uma sacola.
Observei, por curiosidade, o retorno da sua dona.
A praia, lotada, justificava o mar tão azul, com as ondas
serenas e faceiras, parecendo exibir-se para 0 sol, que
brilhava intensamente.
Num piscar de olhos, levanta-se das águas uma mulher,
talvez uma sereia, de tão bela que parecia.
Era a dona da cadeira...
Cumpriu um ritual, em forma de sedução...
Exibida, secou os longos cabelos negros e, em seguida, área
por área do seu corpo escultural, com extrema delicadeza,
parecendo uma provocação.
A vizinhança feminina "torceu o nariz", pois não sobrou nada
para a "concorrência".
Seu biquíni branco, insinuante e generosamente
reduzido, parecia haver esquecido de vestir o necessário...
Enquanto os cochichos rolavam de ouvido em ouvido, os homens
pararam de conversar, respirar e piscar...
O pior, ou melhor, estaria por vir.
Enrolou a toalha em seu corpo, cobrindo-o desde abaixo das
axilas, até acima dos joelhos, e pos-se a trocar aquele
biquíni por um short, também muito reduzido.
Ato contínuo, uma camiseta, bem vaporosa, escondeu aquele paraíso opulento...
Agora, já com os cabelos enxutos, massageou-os com creme e
passou a pentea-los.
O perfume exalado invadiu aqueles narizes torcidos.
Terminada a tarefa, tão feminina, guardou tudo o que trocou,
calçou os chinelos, desarmou a cadeira e se foi.
Os homens foram na mesma direção, como zumbís enfeitiçados,
ou escravos da fantasia.
As mulheres permaneceram resmungando, em voz alta.
O que diziam, não posso repetir.
Eu cumpri a minha parte.
Permaneci em silêncio, orando baixinho
pela integridade física daqueles maridos, quando retornassem.
Estavam sob hipnose, por ataque da maresia...
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