pulsando

Seguidores

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Poema: AINDA QUE AUSENTE




De olhos fechados, te vejo  a minha frente.
Vestes a roupa que peço, ou nenhuma...
Jamais me negas, como se fosse uma ordem.
Sei quando estás triste.
Sempre acontece quando abro os olhos.
És tímida, vives na minha imaginação, para que
somente eu possa  te ver.
Escuto a tua doce voz.  
Só eu, ninguém  mais.
Durmo, todas as noites, abraçado a ti.
Escuto as tuas historias, contos lindos,
para eu dormir.
Desconfio, até, que sejas uma fada, ou a
Deusa do Amor...
É bom te sentir presente mas, se estiveres
ausente, separada por estas  águas bravias,
fecho, novamente, os olhos e  te  envolvo  
num afetuoso  abraço !

Sinval Santos da Silveira.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Conto poético : CABOCLO DO JAMUNDÁ


À margem do Jamunda,  no interior de uma humilde e
acolhedora casinha de caboclo, desfrutei o privilégio de uma
rica  prosa com seu morador.
Tem  nome, sim.
" Vardi da  Fefé ",  um sábio  homem !
Não soube me dizer se tem registro oficial, o seu nascimento.
Sente prazer em dizer que nunca foi  à  escola, e que jamais
tomou um só remédio de farmácia.
Conhece as plantas  "chazeiras"  e, disto, muito se orgulha !
Não conhece dinheiro e sorriu, com todos os dentes, quando lhe
perguntei  se isto não lhe faz falta.
Seu moço, tenho tudo de que preciso para viver.
Deus, não me deixa faltar nada.
Colho, quase tudo, na floresta e planto o que lá não
encontro.
Minhas galinhas me dão ovos, todos os dias, e o amigo 
Jamundá,, que trouxe o senhor até aqui, me dá peixes a
qualquer hora do dia e da noite.
Quando preciso  de alguma coisa, que não tenho por
aqui, troco, no vilarejo, por mercadorias que  estão sobrando.
Planto feijão, milho, mandioca e tudo mais.
Para que dinheiro ? 
Entende, agora ?
Nasci  assim e assim  tenho vivido, com mulher e 11
filhos.
E a vida do Senhor, como é ? "
Respondi-lhe, constrangido:
Não é tão boa quanto a sua, certamente.
Um dia, quero virar "caboclo", se Deus me permitir, como
o senhor, Amigo  !
Sinval Silveira

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Poema: RANCHO DE PALHA




Um pequeno rancho de canoa, coberto com sapé.
Nos meus  braços, um  motor  tão  forte quanto o 
amor que batia  no  peito, até meio sem jeito, com 
vergonha de confessar.
No  chão  de areia, construí um fogão  à lenha,  que
espantava o frio nas madrugadas de solidão.
Ao lado da proa,  com restos de estiva,  preparei uma
tarimba para o meu bem deitar. 
Ensaiei palavras  bonitas, ouvidas na Santa Missa, que o 
Padre falou !
Falei da minha pobreza. pois nada, além daquele ranchinho
coberto de palha,   tinha para lhe oferecer.
Mas, na Santa Missa, o Padre falou de  alguém que nasceu
na manjedoura e, hoje, é Rei...
Nada lhe convenceu.
Só pensava em riqueza, tinha asco da pobreza, estava
cega pela ambição.
Mal sabia ela, que naquele rancho  coberto de palha, morava
o homem  que a amava, com todo o fervor.
Na  mansão, que hoje  vive, nadando na  riqueza com que
tanto sonhava, falta o principal em sua vida, aquele amor
que  ainda mora  no coração  do  pescador !  

Sinval Silveira