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domingo, 15 de janeiro de 2012

Conto poético: CARTAS E FOTOS

As montanhas que  circundam minha morada, guardam
segredos, ainda, indesvendaveis.
Não faz muito tempo, retornei às trilhas por onde tantas
vezes passei.
Pude admirar as mesmas árvores e rochas,  que me
acolheram quando criança.
As recordações são imensas. Parece que o tempo não
passou, pois o cenário não se modificou, e as aves
gorjeiam as mesmas notas musicais.
O cheiro do mato continua igual, e o vento assobia no
taquaral, da mesma forma, balançando a ramagem, que
se curva em direção ao chão, parecendo reverenciar
a natureza.
Para descansar,  e apreciar a vista da Cidade, afastei-me
da trilha, em direção ao alto da montanha.
Meus pensamentos passeavam no passado.
Logo abaixo da rocha, percebi algumas pedras, oito ao
todo,  e  bem arrumadas. Pedras pequenas,não mais
que cinco  quilos, cada uma.
Curioso e imaginando esconder alguma coisa, fui
verificar.
Lá estava enterrada, logo abaixo das pedras, uma garrafa,
bem fechada.
Continha fotografias e cartas,enviadas e recebidas, todas
do início do século passado.
Tratava-se de um segredo de adultério.
A mulher pedia, pelo amor de Deus,  se algum dia viesse
a ser encontrado  todo aquele acervo, que fosse destruído,
pois não teve coragem de fazê-lo.
Vi as fotos, li algumas cartas, manuscritas,  e com letra
quase ilegível.
A tônica,  era um amor alucinado, impossível  de ser
continuado, pelos compromissos que envolviam a
ambos.
Em respeito ao pedido, de alguém que já faleceu em
meados do século XX, queimei todo o material, e espalhei
as cinzas ao vento... rezei, em memória a um grande amor...

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