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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Conto poético: CORAL DE CRAVOS E CALÊNDULAS

Era uma bela estação de primavera.
Um  sol ameno,  após uma noite de chuva torrencial.
Passeava pelas trilhas das encostas da montanha, que
circunda o bairro onde resido.
Fui tomado pelos pensamentos de historias que ouvia,
quando criança, a respeito daquela mata, densa e atraente.
Por impulso, fui procurar as ruínas de uma  antiga casa
que, segundo os comentários, foi habitada por uma bela
mulher, que lá viveu  durante muitos anos e, misteriosamente,
desapareceu.
A partir deste fato, muias histórias são contadas.
Na primeira investida, não fui bem sucedido. Tomei como
um desafio.
Voltei no dia seguinte, disposto a vasculhar toda a região,
já que não é muito grande.
Com  pouco mais de uma hora de caminhada, localizei  as
ruínas.
Uma pequena casa, sem telhado, todas as paredes, de
alvenaria, tombadas, e com muito mato no seu interior.
Sentei-me, próximo, e imaginei quantas historias estavam
ali sepultadas, nestes últimos duzentos anos, aproximadamente.
Atônito, observei  dois canteiros de flores, localizados junto às
paredes do norte.
Muito bem cuidados, sem ervas daninhas, ou outro tipo de
vegetação.
O perfume cobria toda aquela área.
Ouvi vozes, em forma de coral, cantando baixinho, músicas que
tanto admiro !
Aproximei-me dos canteiros. São cravos e calêndulas, belíssimos
e cheirosos.
As vozes, tenho certeza, saiam daquelas flores. Fiquei arrepiado,
com medo. Tentei fugir, mas minhas pernas não obedeceram aos
meus impulsos. Então, me acalmei.
O coral de  flores cantou todas canções que conheço. Todas.
Deixei aquele local, desfrutando de uma paz que nunca havia
sentido, até então.
Hoje entendo o que aconteceu.  Minha consciência reencontrou,
naquele humilde local, a felicidade  que tanto busquei em minha vida...
A mulher da história, se existiu, também deve ter sido muito feliz.

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