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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Conto poético: O FIM DA HUMILHAÇÃO

A intensidade do amor, sentida por aquele homem,
pela vida abatido, era de tal forma gigantesca, que
somente ao tempo  cabe avaliar.
Perdeu a dignidade, a memória e a noção das fronteiras
sociais.
Procura sua amada, pela sorte abandonado, farejando
seu cheiro nas calçadas.
Até pela sombra foi  deixado.
Seu grande companheiro, o único que restou, é um
pardal. Sim, um pardal que salvou ao cair do ninho e,
por gratidão, nunca mais o abandonou.
Em todos os lugares em que vai, lá está ele, o seu
amigo pardalzinho. Canta feio, não tem valor, mas é
animado e supre, pelo menos em parte, o afeto do seu
amor.
Este, sim, o abandonou.
Transformou-se num errante, um andante ou andarilho.
Nem faz questão do título !
Quem o alimenta é o pardalzinho, como se fosse o seu
filhotinho. Coisas da vida !
O errante somente vive dos sonhos, e da esperança de
reencontrar o seu grande amor. Aquele que o abandonou.
Passados dois anos, numa  destas esquinas  da vida, o
destino tentou por fim a sua  peregrina e solitária busca.
Finalmente, frente à frente com a mulher que tanto procurou.
Abraços, choros, soluços e propostas.
Tudo se encaixou, menos uma coisa. A mulher amada, sem
apresentar nenhum motivo, condicionou a sua volta ao
abandono do  passarinho.
O homem, chorando, pediu-lhe licença e desculpas, beijou as suas
delicadas e cheirosas mãos, e continuou o seu caminho,
acompanhado do seu pardalzinho...
Por isto, sempre tenho o maior respeito, ao avistar um andarilho,
percorrendo os  caminhos da vida, mas sempre acompanhado de
um grande motivo.
Ainda que este seja, simplesmente,  um pardal.

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