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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Conto postico: UM FERREIRO CHAMADO PEPE



 
Próximo a minha casa, conheci um homem, no mínimo,
misterioso, ou de poderes inexplicaveis.
Décadas de 1950 a 1970.
Esta Ilha de Santa Catarina, ainda de aspecto bucólico,
possuía, como transporte de carga, muitas carroças, e
charretes à tração animal.
Também cavalos de montarias, predominavam pelos
interiores da Capital.
Assim, eram prósperos os negócios com vendas de
implementos neste ramo de atividade.
As ferrarias  se multiplicavam, dado a quantidade
expressiva de animais.
O Senhor Pepe, profissional experiente, com muitos
anos de atividade, era admirável.
Exercia um poder sobre os animais, até hoje inexplicável.
O proprietário soltava o cavalo em sua oficina, o  ferreiro
media o  tamanho das patas, e preparava as ferraduras.
Olhava para o animal, muitas das vezes arisco e assustado,
fazia-lhe alguns carinhos, e começava o seu trabalho.
Sem estar amarrado  ou imobilizado, trocava-lhe as quatro
ferraduras, num piscar de olhos, com uma perfeição até
hoje, creio, inigualável.
Durante toda aquela operação, assobiava uma canção que,
dizia, haver aprendido por ocasião em que esteve na
segunda guerra mundial.
Agora me recordo de outro detalhe. O cavaleiro, proprietário
do animal, também ficava calmo, escutando aquela canção.
Era um momento mágico, entendido até pelo cavalo, que
estava sendo ferrado.
Quando o Senhor Pepe faleceu, os seus dois funcionários
sabiam  com perfeição a música, de tantas vezes que ouviram,
durante todos aqueles anos de convivência.
Porém, no primeiro "cliente", um dos funcionários foi parar no
hospital, com um coice na bexiga.
O fino e sonoro assobio, foi substituído por uma grossa corda...
Creio que, com a canção, era exalada, também, uma forte dose
de carisma... o que não se transfere.

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