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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Conto Poético: O MUNDO TESTEMUNHOU

    

                   

Não havia  mais o que sofrer.
Uma Nação assustada.
O pranto, e somente o pranto, se ouvia.
Secaram, até, as lágrimas.
A esperança, cumprindo os seus desígnios,  foi a última
a  morrer...
A indiferença , o desprezo, o cruel abandono, mataram
o meu povo.
Só restou o dragão da corrupção, grande amigo do
ladrão, inimigo da saúde, da educação, e de tantas
outras coisas mais.
De um lado, ouvido de mercador.
De outro, um povo desesperado, em convulsão social,
com muita dor.
Nos  políticos,  a imagem do horror, a  cara da sórdida
traição.
Só restou a prece.
A  Nação, fervorosamente,  rezou, e Deus ouviu !
Chegou o  peregrino do amor,  a ressurreição da
esperança.
Louvado seja !
Falou em virtudes,  fez o País chorar de  tanta
emoção !
Suas armas,  poderosas, assustaram os  inimigos do
povo,  apelidados de " políticos".
Sentiram inveja, e medo, também.
Uma  multidão  que ultrapassou a três milhões de
pessoas... só falando de amor, lealdade ...
A humildade  amedrontou  a ostentação, enquanto a
honestidade  nocauteou os ladrões.
E o Brasil, sorriu de felicidade, emocionado.
O mundo testemunhou !
 
 

sábado, 27 de julho de 2013

POEMA: A NOIVA DOS SEIOS GRANDES

Deslumbrantemente vestida, te apresentas vaidosa.
Jamais te havia visto tão faceira, e  carinhosa.
As cidades pararam para admirar-te !
As pessoas, de tanta emoção, choraram.
Seios generosos, opulentos, nem balançam com o
vento, agora cobertos por um véu, vindo do céu.
Esparramou-se  pelos  vales, mares e  montanhas.
Até a lua ficou enciumada, ao  ver-te despida  da
roupa prateada, que por  milhões de anos te vestiu.
Toda a natureza se calou.
Teu noivo, chorou de  tanta emoção !
Cambirela,  seio grande, te chamavam  com razão.
Amante dos astros, vizinha das estrelas, morando
logo  abaixo do céu.
Quem diria que,  um dia, te cobririas de  neve
branquinha, de noiva tão meiguinha, só para chamar
a  atenção do mar,  teu  admirador  milenar.
Agora chega o sol, amante enciumado,  zangado,
evapora teu lindo véu,  transformando-o em cascata,
descendo  pela  mata, como lágrimas de dor.
Cambirela, montanha  dos meus sonhos,  noiva
permanente do  universo,  teu destino é perverso,
nasceste  para  todos, não para casar.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Conto poético: RUÍNAS DA SAUDADE


 
 
Estou à frente do mais remoto passado, da minha vida.
Na descida daquela montanha, já  engolida pela mata,
silenciosamente,  repousam  pedaços da casa em que morei.
São ruínas que guardam lembranças, do meu  feliz tempo de
criança.
Era uma pequenina casa, cheia de amor.
Dentro, tudo o que mais amei na vida...
Fora, a exuberante beleza de uma natureza, frente ao mar.
Recomponho os  restos no tempo, sou ajudado pelo vento,
e aquela casinha renasce  no meu coração.
Está linda, ouço vozes, sinto cheiro,  vejo as minhas pessoas
sorrindo, me abraçando, dando as boas vindas...
Quero falar, não consigo,  só vejo amigos, correndo para me
abraçar.
Sou um viajante do tempo, a retornar.
Falam do passado, histórias verdadeiras, das  inocentes 
brincadeiras, que tantas vezes relembrei.
Meu Deus, tudo está ali.
Até a toalha branquinha, estendida sobre a mesa, guarda a
nobre beleza,  a pureza de uma Santa Mãe, que um dia a
estendeu.
Vejo minha cama, tão arrumadinha,  meu chinelo na porta da
cozinha, esperando por meus pés, para entrar.
Sobre o baú de roupas, minha pasta escolar.
Ansiosamente, apanho meus cadernos,  e me ponho a escrever
estas reminiscências, sem saber que seriam  essências,  de um
passado  cheio de  amor.
Sinto, juro, o cheiro do café, que nunca mais, igual,  na minha vida
tomei.
Ouço passos, pela varanda a caminhar, suaves  como plumas,
me pedindo para entrar.
Acaricio aqueles  rostos, lavo aquelas ruínas  com lágrimas de
saudade... voltei para ficar.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 21 de julho de 2013

Conto poético: VULCÂNICA PAIXÃO

 
 
 
 
Esta história ocorreu na década de 1980.
Como pano de fundo, a graciosa e  tradicional "Cinelândia", na Cidade do  Rio de Janeiro. Ponto de convergência da cultura cinematográfica, de artistas de rua, música, dança, teatro, e tudo mais.
Rival, é  uma destas casas que primam pelo  "teatro revista."
Excelentes atores e atrizes  que, por lá, tive a feliz  oportunidade de assisti-los.
Num desses shows, já em cartaz  por  muitos  meses, uma bela e habilidosa dançarina  despertou, em meu colega de trabalho, uma selvagem paixão.
Que tristeza ! Não falava em outra coisa.
Tornava-se, até,  inconveniente pela insistência da conversa.
Reconheço, a moça era exuberante, dançava divinamente, e se destacava no elenco, também, pela simpatia.
Assistiu, ao mesmo  espetáculo, dezenas de vezes.
Certo dia, o encorajei a manter contato com sua musa, pois tudo isto  já  estava se  tornando  uma  perigosa obsessão. Combinado.
Aguardou a moça na porta principal do teatro, e tentou  entregar-lhe um bilhete, mas foi impedido por um  brutamonte segurança.
A opção foi subornar o gigante, usando-o como  mensageiro. Deu certo.
No bilhete, confessou toda a sua paixão, e pediu a  humilde oportunidade
de poder falar-lhe, por alguns segundos, pelo menos.
Educadamente, ela consentiu em recebe-lo no saguão do hotel, em  que o elenco estava hospedado.
Dia e hora marcados.
Meu amigo, quase  enlouquecido, todo bem arrumado, apanhou um taxi e, para Copacabana, se dirigiu.
Palavras na ponta da língua. Estaria diante da mulher dos seus sonhos, e pesadelos também.
Um lindo ramalhete de rosas vermelhas, completaria a  declaração  daquela vulcânica paixão.
Eu o acompanhei, a seu pedido,  mas ficaria de longe, para o caso de  uma eventual emergência.
A moça é pontual. Chegou no horário marcado.
Vestido branco e longo, sapatos  altos, sorriso franco e  encantador, combinando com um par de olhos verdes,  lembrando os mares da minha terra.
Apresentou-se como "Cari",  seu  verdadeiro nome.
Meu amigo perdeu a voz, chamando-me por um aceno de cabeça.
Apresentei-me, pedi desculpas pelo incidente, e  expliquei-lhe tudo o que podia.
Ouviu-me atenciosa, e  educadamente.
Era de uma ternura, hoje entendo, privativa de uma magnífica artista.
Ou de um magnífico artista...
"Cari", era  o  nome artístico de Carlos Ribeiro ...
um ator perfeito, deslumbrante...
Meu amigo entrou mudo,  e calou-se, para sempre... traumatizado.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Conto poético: SOBREVIVENDO SÓ DE AMOR


Observo,  admirado, um poeta apaixonado,
compondo os seus versos de amor.
Absorto em seus pensamentos, suas mãos
vão escrevendo, as ordens  do coração.
Encontra-se em profundo transe, em meditação...
Não sei no que pensa, mas transpira  felicidade,
num sorriso sem maldade, enxergando coisas
que eu não consigo ver.
Sua face se ilumina, à cada palavra  que rabisca,
parecendo um tratado de amor.
Esquece, até mesmo, de respirar, vivendo  uma
realidade,  que poucos conseguem  imaginar.
Cultiva jardins no infinito, colhe  flores soltas no
ar. 
Indiscreto, aproveito um momento de  rara 
distração, para  ler  o que   escreveu o seu
coração.
Eu já desconfiava !
No papel, nada   registrou.
Assisti, apenas, a um momento de sublimação,  
a sagrada  inspiração, de alguém  conversando
com  a sua imaginação.
Chora de alegria, e gargalha da dor.
Fala do silêncio,  segue os  ventos, sem querer
chegar, caminha  na chuva, sem pressa e
sem  se molhar.
Entendo !
Suas vestes são frutos da  inocência, trazendo na
alma uma crença, a da  felicidade conquistar.
É  um poeta,  sobrevivendo  só  de amor !
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Conto poético: O CAÇADOR DE INSPIRAÇÃO


 
Desanimado, saiu pelo mundo, um poeta triste.
Não conseguia,  sequer, uma linha  escrever.
Sua inspiração, que tantas alegrias lhe deu,
abandonou seu coração.
Suas mãos pareciam travadas, e os olhos, já
cansados, nada lhe mostravam.
Até as lágrimas secaram.
Perdeu o perfume das flores, o gorjear dos
passarinhos,  e  o sorriso dos inocentes.
Toda a natureza se mudou, para bem distante,
deixando angustiante, o seu jeito de viver.
Sentado à beira do caminho, cansado de
caminhar sozinho, pensava... somente em
nada.
Quase  vencido pelo  desânimo,  foi despertado
por um suave "boa tarde", e um sorriso iluminado,
de alguém que por  lá passava.
Perguntou  como se chamava,  onde morava, o
que fazia, e tudo mais...
Respondeu a linda passageira do tempo:
"Chamo-me inspiração, tudo o que procuravas
neste  mundo.
Abandonei teus sentimentos, para que  percebas, 
ao  sabor dos ventos, minha morada de amor.
Estou no aroma da flor, no coaxar compassado do
batráquio, no passarinho a gorjear, na lua prateada,
que inspira o sabiá na madrugada, e tudo mais que
os teus  olhos e ouvidos, possam alcançar.
Poeta, amigo, não duvidas do que digo, tua inspiração
jamais te abandonará, bastando,  para tanto,  amar ! "
 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Conto poético: CAMPO GRANDE


 
A terra traz o cheiro do amor, a efervescência
da amizade,  e o  calor de um povo trabalhador !
Beleza morena, orgulho deste País.
A felicidade reside naquele pedaço de lugar.
O abraço caloroso da sua gente,  o sorriso franco
e  inocente,  semeiam o mais puro amor.
Naquela tarde ensolarada, quase ontem, olhava
admirado o sol, preguiçoso, procurando o seu berço
para  se recolher.
Indescritível,  meu Deus !
É uma cena para ser  guardada no coração, mas
Jamais descrita, por melhor que seja o aventureiro
poeta.
De repente,  a natureza se cala, e a Cidade silencia...
O cenário muda de cor.
O vento  fala de  amor, em todas as direções, e o
perfume das flores,  é  passageiro do  infinito. 
Uma carinhosa gargalhada, vinda de  um céu  vestido
de  azul,  não me deixa,  sequer,  respirar.
Meu coração, acelerado  pela emoção, não consegue
acreditar no que os olhos estão a lhe mostrar.
Um lindo casal de araras passa sobre mim, num voo
gracioso, e generoso, dando-me as boas vindas.
Não precisava de mais nada, para  entender que me
encontrava no paraíso, às portas do sagrado.
Ah, Campo Grande,  a felicidade  mora por aí, mas
uma doce saudade, já me persegue  por aqui  !
 
 
 
 
 

sábado, 6 de julho de 2013

Conto poético: HISTÓRIA DE FEITIÇARIA


 
Certamente, por seus encantos naturais,   e pelos imigrantes,
que aqui chegaram,  os habitantes desta  Ilha formam um povo
muito místico.
São curandeiros, benzedeiras, sortistas,  terreiros de  candomblé, 
religiões diversas. Terra de gente feliz, sim.
Vizinha a minha  casa, nas  épocas de adolescente, residia uma
família  simpática, e alegre.  Ótimos vizinhos.
Um deles, meu amigo de escola,  de futebol, e de  todas  as
brincadeiras de criança.
Seu irmão, bem  mais velho, já um homem feito, adoeceu de 
tristeza.
Toda a família, solidária,  ficou preocupada, pois o jovem não saía
do  quarto, não se comunicava com ninguém,  interrompeu seus
compromissos escolares, e tudo mais.
Na época, não se possuía maiores  informações, sobre depressão.
Bebia todos  os chás receitados pela vizinhança, e  tomava
alguns  remédios,  recomendados pelo balconista da farmácia.
O serviço médico  não alcançava a sua classe  social.
Seu pai, já em desespero, procurou uma curandeira, ou melhor,
uma   "feiticeira" de grande fama.
Curioso,  presenciei os trabalhos.
Desocupou os aposentos, lavou todo o ambiente, com água e
sabão,   espalhou   álcool pelas paredes, trocou os móveis de posição,
fez orações e,  finalmente,  rasgou o travesseiro,  retirando do  seu
interior  coisas  estranhas, como  fragmentos de ossos,  penas de
aves,  e terra do cemitério. 'Tétrico ...
Disse-lhe, em seguida, com  voz assustadora:
"Está  aqui, meu filho, todo o teu mal. 
Um feitiço feito por uma mulher, com o  coração repleto de  ódio, e
vingança, por haver sido  rejeitada pelo teu amor."
Ernesto chorou, copiosamente,  mas, no dia seguinte,  retomou
sua vida  normal. Curado !
Faço, hoje, minhas deduções pessoais, mas em respeito àquela  
feiticeira,  não  devo declara-las, seria injusto, mesmo porque posso
estar equivocado ...
 
 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Conto poético: UM MONSTRO AMIGO


 
Quando criança, na mais tenra idade, alimentei  a
esperança de uma estranha amizade.
Sonhava  ter um monstro , como animal de estimação.
Um grande amigo.
Hoje  compreendo, são fantasias de  menino !
Lembro-me dos detalhes. Parece que foi neste instante.
Procurei, na mata vizinha, um  bicho diferente dos que
eu conhecia.
Coitado !
A vítima foi um grilo  verde.
Aprisionei-o  numa garrafa, enterrando-a para, mais
tarde, ver se havia crescido, e aceitar a proposta de ser
meu fiel amigo.
Todas as noites, ao deitar,  aquele  monstro alimentava os
meus  sonhos , me acompanhando nas andanças, me
protegendo dos perigos.
Nunca mais desenterrei aquela garrafa  pois, tenho certeza,
ele está ao meu lado, me  fazendo feliz.
De quantos  acontecimentos  nefastos, já me salvou ?
Perdi as contas. Mas foi ele o meu grande  protetor !
Nunca o esqueci...
Por vezes,  sinto vontade de voltar aquele lugar,  só para
conferir se ainda está lá.
Claro que não, pois está ao meu lado.
E, por respeito ao  mundo sagrado da minha infância, jamais
poderei  duvidar da sua existência.
Seria profanar os sonhos daquele menino, hoje, tão feliz !
Porém, uma coisa ainda me intriga.
Aquele grilo verde, ainda faz parte dos meus sonhos, me
acompanha nos  momentos de solidão, me  traz esperança,
me ajuda a viver, insistindo em ser o meu grande amigo !
 
 
 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Conto poético: PROFISSÃO BANDIDO


 
 
Olhos opacos,  nenhuma  felicidade...
Precisa de ajuda, alguém que escute as suas verdades.
Estou aqui, sentado à beira mar, conversando  com um homem, pela
vida,  magoado, quem sabe revoltado. 
Disse-me coisas  estranhas. Veja só:
"O poder público está cometendo injustiça, ao não  regulamentar  a
profissão de bandido.
Este tipo de trabalhador, não tem horário certo para exercer as suas
atividades, que são  de alto  risco. De vez em quando, um morre baleado.
Sem carteira de trabalho,  pode ser confundido com um  desempregado,
como eu.
São milhares de traficantes, assassinos de aluguel, ladrões do patrimônio
alheio, estupradores, estelionatários, etc.
E os mais injustiçados, são os chamados ladrões de colarinho  branco, 
que exercem altos cargos na administração pública, mas estão em desvio 
de  função.
Que humilhante  situação !
Volta e meia, vem um policial, desavisado, querendo  incomoda-los,  por
falta da identidade de  ladrão, embora sejam conhecidos do povo.
E é só gente grande...
Providenciada, aumentaria a arrecadação de impostos,  diminuiria o trabalho
da polícia, e todos  viveriam em  perfeita harmonia, a exemplo dos menores
de dezoito anos, que  possuem carta branca.
Tenho que reconhecer, que alguma coisa já foi feita, como, por exemplo, a
bolsa bandido.
Ouvi de um colega meu que, em breve, será aprovada a bolsa estupro.
Caso a vítima receba, haverá um  movimento nacional, para que  seja
concedida, também, ao  estuprador, além da bolsa bandido.
O  Senhor não acha  uma reivindicação justa ? Estamos, ou não, em  regime
político de democracia, onde se procura um tratamento social igualitário ? "
Fiquei sem fala, não  acreditando no que estava ouvindo.
Mas, as coisas já atingiram  um ponto  que, tudo isto, é normal.
Bem. O que eu acho, é que está faltando educação, entre tantas outras
coisas,  no meu País, pois esta conversa é fruto da mais pura ignorância.
O meu consolo, é que temos os melhores estádios de futebol do mundo,
às custas, claro,  da mais selvagem corrupção...
Senti piedade daquele homem.
Meu Deus !