Certo dia, apropriado para uma conversa descontraída,
perguntei a um velho poeta, aqui da Ilha, a quem dedicava
os seus poemas.
São poemas cheios de ternura, e de saudade.
Tentou desconversar mas, depois, abriu o seu coração.
Disse-me:
"Amigo, cada escrito meu tem um momento que é, sempre,
especial.
Sou, apenas, um escravo dos meus sentimentos.
Eles ditam as letras e, eu, as escrevo.
Tive a felicidade de nascer nesta bela Ilha, cercada pelas
águas, ora verdes, ora azuis, do Oceano Atlântico.
Sinto o frescor do vento da Patagônia, e do que chega da
costa Africana, trazendo fortes lembranças da maldade,
que fizemos com o povo amigo daquele lugar.
No verão, vejo bandos de graciosos pinguins, nas praias do
leste, recadeiros de uma cultura distinta daqui.
São gentis, parecendo me conhecer.
As gaivotas sobrevoam este céu, gargalhando de felicidade,
desfrutando de uma doce realidade, que muitos nem prestam
atenção.
As orquídeas mandam seus recados perfumados, abraçando
a alma de cada um morador deste lugar.
Os passarinhos sonorizam os meus dias, e as noites, querendo comigo ficar.
Para qualquer lugar que eu vá, o barulho das ondas do mar,
está sempre por aqui.
Pessoas simples, corações puros...
Diante disto, não tenho dúvida, estou no paraíso de que Deus
tanto falou, mas sem restrição para amar !
A esta doce liberdade, dedico os meus poemas. "
E a mim, só restou aplaudi-lo, e muito emocionado !