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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Conto poético: A QUEM DEDICO OS MEUS POEMAS


 
 
Certo dia, apropriado para uma conversa descontraída,
perguntei a um velho  poeta, aqui da Ilha,  a quem dedicava
os seus poemas.
São poemas cheios de ternura, e de saudade.
Tentou  desconversar  mas, depois, abriu o seu coração.
 Disse-me:
"Amigo,  cada escrito meu tem um momento que é, sempre,
especial.
Sou, apenas, um escravo dos meus sentimentos.
Eles ditam as letras e, eu, as escrevo.
Tive a felicidade de nascer nesta bela Ilha, cercada pelas
águas, ora verdes, ora azuis, do Oceano  Atlântico.
Sinto o frescor do vento da Patagônia, e do que chega da
costa Africana, trazendo fortes lembranças da maldade,  
que fizemos com o povo amigo daquele  lugar.
No verão, vejo bandos de graciosos pinguins, nas praias do
leste, recadeiros de uma cultura distinta daqui.
São gentis, parecendo  me conhecer.
As gaivotas sobrevoam este céu, gargalhando de felicidade,
desfrutando de uma doce realidade, que muitos nem  prestam
atenção.
As orquídeas mandam seus recados perfumados, abraçando
a alma de cada um morador deste lugar.
Os passarinhos  sonorizam os meus dias, e  as noites, querendo comigo ficar.
Para qualquer lugar que eu vá, o barulho das ondas do mar,
está sempre por aqui.
Pessoas simples, corações puros...
Diante disto, não tenho dúvida, estou no paraíso de  que Deus
tanto falou, mas  sem restrição para amar !
A esta doce liberdade, dedico os meus poemas. "
E a mim, só restou aplaudi-lo,  e muito emocionado !
 
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Expectativa

A ansiedade domina minh'alma, aperta o meu sofrido
coração.
Sinto que estás de volta, pois estão chegando as flores,
o perfume, e o gorjeio da linda passarada.
O vento ameno, que se escondia na verde mata, agora
abraça a madrugada, sacudindo as folhas do coqueiral.
As estrelas, veja só, estão mais brilhantes, parecem até
colares de diamantes, para teu lindo colo enfeitar.
A lua, vaidosa, chega mais prateada, querendo teus
caminhos iluminar. Entra na água limpinha da lagoa do
meu lugar, estende um lindo tapete de prata, na
esperança de te ver passar.
Ao raiar do dia, a araponga barulhenta, canta no alto
da montanha, parecendo com o mundo conversar.
E o sol, gentil,, estende o seu longo manto dourado,
sorrindo, todo assanhado, para te ver chegar.
E, finalmente, chegas.
Distribuindo sorrisos e beijos. Renovando a vida,
trazendo o perfume da esperança !
Semeando flores, até sem espinhos, construindo
ninhos de passarinhos, cantando a melodia do amor,
somente do amor...
E no meio do sol brilhando, com a chuva fresca
misturando, te vejo chegar, PRIMAVERA, no meu doce
e querido lugar !

domingo, 15 de setembro de 2013

Conto poético: A MAIS LINDA HISTÓRIA DE AMOR


Década de 1950.
1954, exatamente.
Uma linda família, composta pelo casal,  cinco
filhas, e a sogra,  vivia  no céu da felicidade.
Eram meus vizinhos, bem ao lado da minha casa.
Pessoas de boa índole.
Crianças, pré-adolescentes, e adolescentes, era
a faixa etária  das filhas.
Todas na escola, se preparando para a vida.
A alegria  habitava  aquele  lar.
Porém, o destino estava traçado. 
Uma  desgraça se abateu sobre o "chefe da família".
Uma doença fatal...
Sem previdência social,  ou outro recurso, ficaram 
à mercê da sorte.
Um tio das meninas, apelidado, desde criança, de
" Maneca Passarinho", ainda muito jovem, se 
preparava  para o futuro.
Trouxe toda aquela família para dentro da sua
modesta casa, abandonou seus sonhos e planos
pessoais, como casamento, por exemplo, e passou
a cuidar, como se pai fosse,  das sete pessoas.
Ele era um humilde comerciante, mas de um coração
milionário... incomparável !
Quanto mais o tempo passava, mais amor dedicava
àquelas pessoas.
Todas cresceram, estudaram,  e se educaram  sob o
olhar atento e  enérgico, mas carinhoso, do Senhor
Manoel.
Impressionante a expressão de amor,  espelhada nos
olhos daquele homem.
Elas o tratavam de " tio Manoel ", mas com  sabor de
pai.
Que linda exuberância afetiva, de ambas as partes !
Confessava aos amigos, mais próximos, que jamais
se  casaria, para não colocar em risco aquela família
maravilhosa, e que podia ler, nos olhos das  meninas,
as mensagens do seu irmão... 
Um exemplo de homem, construído somente de amor !
 
 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Poema: RANCHO DE GAÚCHO


 
Quem não conhece  um rancho de gaúcho,
não sabe do que vou falar.
Não consigo explicar, mas posso relatar a
simplicidade, que habita  este  lugar.
É pouca coisa, mas sobra  aconchego.
Nesta felicidade, reside o encantamento,
conquistando o rapaz, e o homem feito.
Um banco rústico de madeira, sem conforto,
e tudo mais pelas  paredes,  fazem a bela
decoração.
Um fogo bem aceso, que pode ser no chão,
combate o frio, que de branco pinta o campo,
mexendo com o meu coração.
O vento gelado, do  lado de fora, assobia, canta,
bate na porta,  e gargalha, mas  não é convidado.
Uma boa  mateada, esta sim, tem que entrar.
A prenda bonita e valente,  com uma faca
atravessada  nas ancas, canta para a gente,  a
noite inteira, sem parar, recitando poesias, 
contando  histórias de  amor.
No acordeão, o  seu homem apaixonado, e
ciumento, com um facão na cinta, mais
parecendo um "três listras", que nem pisca,
para dela cuidar.
E tem razão !
Gaúcha bonita, mulher de cabelos longos,
lembrando o manto da noite, sem luar !
Sorriso franco, rosto  alegre, olhos da cor da
imaginação,  parecendo  uma deusa expulsa
do céu, querendo no inferno entrar.
Ah, meu Deus, te peço perdão, mas se isto
acontecer, em demônio vou me converter.
Seduzido, estou eu, louco de vontade para
voltar, e do lado de fora, a saudade deixar !
 
 
 

domingo, 8 de setembro de 2013

Conto poético: O SEGREDO DE MARIA BARBOSA


 
 
Esta minha querida e encantadora Ilha,  guarda
segredos comprometedores, para a eternidade.
Até poucos anos passados, que em termos de
história foi ontem, a minha Cidade era formada
por uma população provinciana e, até certo ponto,
ingênua.
Mas  não excluía a magia de se residir aqui.
As notícias eram transmitidas "boca a boca", e o
único meio de comunicação de massa, era o
rádio.
Enquanto outras capitais já conheciam a televisão,
aqui isto era um sonho distante.
Na área de transportes, o mais eficaz era o marítimo,
pois as estradas, sem pavimento, eram precárias.
Havia  movimentação de navios cargueiros, e de
passageiros, trazendo pessoas estranhas para a
Cidade, e que, também, queriam diversão.
Surge, então,  a prática da  profissão mais antiga, a
prostituição, no meio de uma sociedade  recatada, e
repleta de tabus.
A casa de ofertas, e encontros, mais famosa do centro
desta Capital, era a da Senhora Maria Barbosa.
Não obstante ser, por excelência, uma "casa de
tolerância", imperavam o respeito, o segredo, e  a
privacidade dos frequentadores.
Seria um "prato cheio", para muitos, poder ver publicados,
no  pasquim, os nomes da clientela, em especial,  dos
políticos.
Isto encerraria a carreira de qualquer um, pois a  
hipocrisia  estava sempre  de plantão.
Maria Barbosa rejeitou  propostas milionárias,  neste
sentido, preferindo inteligentemente,  a fidelidade aos
seus clientes.
Daí, a  admiração, e gratidão,  daqueles que
frequentaram a sua casa.
Todos os segredos foram, com ela, sepultados,
para alívio dos  seus amigos.
Mas, na cerimônia fúnebre, apenas as suas
"funcionárias" se fizeram presentes...
 
 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Poema: HOMENAGEM A MINHA PÁTRIA


Transfiro a honra de te saudar, reverenciando a memória
de gloriosos filhos teus.
Do homem, nada restou.
Da sua família, mulher e quatro filhos, somente a loucura
e o bacilo de Koch, podem explicar.
Do gênio, restou o que a história registrou.
Neste teu aniversário de liberdade, jogo aos teus pés os
doces poemas, missal e broquéis, berçados nos
sentimentos privilegiados, e na  nobreza de uma inteligência
literária sem  precedente, que somente tu,  Pátria Brasileira,
pode ser merecedora.
Cuida, hoje, dos jardins no infinito, colhendo flores soltas no
ar.
Meu Poeta, João da Cruz e Sousa, que orgulho  tenho de ser
o teu conterrâneo,  e poder homenagear a tua, e a minha
Pátria !
Sei, João, que um vendaval de decepções varre o  teu 
querido País.
Busco, então, alento nos grandes exemplos do teu digno
irmão.
Um homem de verdade, quase lenda.
Um sertanista, diriam alguns.
Para outros, um desbravador, a quem muito deve a tua
história.
Recebe o fraterno abraço do teu digno filho,
Cândido Mariano da Silva Rondon, ou, muito
respeitosamente, Marechal Rondon !
Da estatura patriótica deste  digno homem,  ouço a ecoar
no coração do povo brasileiro, a angústia de uma voz
estrangulada pela incompreensão humana.
Desabafa, Patriota e Mártir, Joaquim José da
Silva Xavier - Tiradentes.
Assim diria:
" AGORA, QUE CONQUISTAMOS A
INDEPENDÊNCIA TERRITORIAL,  A  ABOLIÇÃO
DA ESCRAVATURA,  A  PROCLAMAÇÃO DA
REPÚBLICA, TEMOS QUE CONQUISTAR A
DECÊNCIA  POLÍTICA E ADMINISTRATIVA."
Parabéns, Pátria Brasileira !
Salve 7 de setembro !
 
 
 

domingo, 1 de setembro de 2013

Conto poético: UM SALTO PARA A FELICIDADE


 
 
No alto do Morro da Cruz, local em que residi 
 quando adolescente, 
morava um casal  bastante jovem  mas, 
também, muito infeliz.
Eram pessoas de etnias diferentes.
Ela cumpria seus afazeres do lar, com muita dedicação,
mas, não era reconhecida pelo marido, que a espancava
quase que diariamente.
Era um alcoolista  inveterado e, não raramente, os
vizinhos chegavam a interferir nas brigas.
Ao lado de minha casa, havia um pequeno armazém,
onde  Noêmia, a " infeliz mulher",  fazia  suas compras,
com frequência.
E as notícias, claro, corriam soltas pelo morro, como água
da chuva...
Armando, proprietário  do armazém, sempre que podia,
estendia uma conversinha com  Noêmia, dando-lhe
apoio  moral, e encorajando-a   abandonar a casa, e
morar com ele, já que era solteiro.
Numa noite fria de São João, após  uma surra que
apanhou do seu marido, jogou pela janela dos fundos
da casa, uma trouxa com suas roupas de uso pessoal
e, em seguida, pulou atrás, desaparecendo  na
escuridão...
Ficou confinada no interior da casa de Armando, por
uns quatro meses, até que as coisas se acalmassem.
Seu ex-marido cansou de espera-la, e foi embora,
para nunca mais voltar.
Noêmia, com seus três filhos, e Armando, formam
uma família organizada, equilibrada, e muito feliz.
Do seu ex-marido  restou, apenas, a triste lembrança
de mais um homem, devorado pelo álcool...
E hoje, quem vive embriagada, dia e noite, é Noêmia,
de tanta felicidade !