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domingo, 28 de dezembro de 2014

Poema: MINH´ALMA TE ESPERA

 
Da tua partida, posso a dor suportar,
o sofrimento abrandar, da ausência
sobreviver.
Quem sabe, até, consiga  me refazer,
com os pedaços do que sobrou daquele
amor.
Mas, minh´alma,  fragilizada, morre um
pouco a cada dia, esperando por ti.
Não consegue esquecer o teu pranto,
gritando meu nome, perguntando por
mim.
Sente-se só, abandonada, esquecida
na noite fria, chorando de saudade,
lembrando daquele  intenso amor.
Ontem, foi o ápice do desespero.
Não consegui encontrar palavras, ou
pensamentos, que pudessem acalma-la.
Ah, mulher amada !
Não imaginas como esta dor maltrata o
meu coração...
Pelo menos, devolve os meus sentimentos,
se o teu amor não for possível.
Ainda que não voltes, minh´alma, para
sempre, irá te esperar !

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Conto Poético. PICUMÂ

Filho da fumaça, deixavas sem graça
a dona do fogão.
Ardência nos olhos provocavas, sem
piedade da mulher que o fogo soprava.
Muitos nomes ela chamava, e o marido
humilhava, como sendo o culpado da
fuligem acumulada.
E a fumaça ao rosto voltava, invadindo
o telhado da casa, vestindo de negro
tudo o que, pela frente, encontrava.
A pomboca iluminava a pequenina casa,
entupindo o nariz e o pulmão.
Quanta poluição !
Por mais que lavasse, o cheiro da fumaça,
dos cabelos não abria mão.
Nas paredes, as sombras dançavam,
aguçando a imaginação, dando veracidade
às histórias de assombração.
No lado de fora, o silêncio era macabro.
Podia-se ouvir, ao longe, o mugir do gado,
o cantar do galo, a risada da mocinha faceira.
Na vendinha, conversa de cachaceiro, era
um ponto alto de atração.
E o picumã, que entupiu tantos chaminés,
por esta Ilha afora, hoje entope de saudade,
o coração de quem acreditou naquelas
histórias de assombração...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Conto poético: ABNER

Ouço, ao longe, uma suave melodia de natal !
Os bons sentimentos afloram à pele, pedindo
para falar, escutar, ajudar...
Sentado, com as costas apoiadas a um  muro de
pedras,  protegido por uma acolhedora sombra,
um homem, um velho homem, descansa.
Não me atrevi importuna-lo com as minhas
curiosidades, para saber o que já imaginava.
Limitei-me, então, somente observa-lo.
Uma bolsa  vermelha,  certamente contendo de tudo,
foi o que da vida lhe restou, além de muitas lembranças.
Em seu sono profundo, esboçava sorrisos  inocentes,
parecendo uma criança adormecida.
Toda a sua inconsciente  expressão, era de felicidade !
Serenamente, acordou.
Cumprimentei-o, carinhosamente.
Sem que nada lhe perguntasse, disse-me:
" Chamo-me Abner.
Estou cansado e com muita saudade de todos e,
em especial,  das crianças.
Minha estrada é longa, infinita...
Um  mundo de amor, fantasias e realidade.
Há poucos minutos, sonhei com  momentos felizes,
vividos intensamente por mim.
Prometi,  aos meus amigos e irmãos, sempre voltar
nesta época do ano.
Estou aqui, cumprindo minha promessa."
Incrível, retirou daquela sacola suas vestes vermelhas,
transformando-se no mais lindo, autêntico, e  único
PAPAI NOEL, jamais visto por esta região !
Voltou para trazer um tríplice e fraternal abraço, a todos
os seus irmãos, que retribuem com alegria e interminável
saudade !

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Conto poético: MURMÚRIOS E RUÍDOS DO PASSADDO



  Uma linda mesa antiga, hoje exposta à curiosidade,
  sem privacidade, guarda profundo silêncio, e muita
  saudade.
  Oito cadeiras, louça de porcelana, talheres de prata,
  cristais nascidos na Europa, castiçais... e tudo mais.
  Ao lado, um "porta bengalas".
  Sala ampla, paredes artisticamente decoradas,
  janelas e portas altas, com cortinas leves,
  dançando ao sabor do vento.
  Teto e assoalho, em tábuas corridas, selam o
  primoroso requinte.
  Tudo, sob o olhar atento do mordomo educado.
  Chegam, ao presente, pelas mãos cuidadosas,
  sensíveis e zelosas, de quem não permite o passado
  sepultar.
  Pedi licença, e sentei-me à mesa.
  Respeitei a cabeceira, privativa de uma era patriarcal,
  muito especial.
  A concentração e o silêncio, permitiram-me ouvir
  murmúrios e ruídos do passado.
  Bradando, com arrogância, a sineta de metal chama
  a criadagem.
  Escuto os talheres se debatendo contra a porcelana,
  retalhando alimentos, para a fome de alguém
  saciar.
  O tilintar dos cristais, aprisionando finos vinhos,
  anuncia brindes aos momentos especiais.
  No centro da mesa, o candelabro de sete velas,
  discreto e calado, testemunha um glorioso passado.
  Ouvi sorrisos, assisti lágrimas e confissões.
  Mulheres bonitas, ostentando roupas extravagantes,
  e penteados admiráveis, também assisti !
  Não escutei os passos dos escravos, caminhando
  com os pés descalços, para a Sinhá não incomodar.
  Por onde anda toda aquela gente ?
  E o mordomo, para onde se mudou ?
  Tudo isto, faz parte de muitos outros segredos,
  que aquela fiel e linda mesa, não me revelou !

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Poema: EU E O VENTO

 

 
Ruidoso e invisível, mas chega de mansinho para
me visitar.
A mata se rende, reverenciando seu jeito de
amar.
Por onde passa, fecha as portas, põe ao chão
as folhas mortas, carrega o perfume das flores,
desalinha os cabelos da mulher.
É o meu recadeiro !
Traz, de longe, as mensagens  de tudo o que
amo,  leva  embora os meus desenganos,
deixando o sorriso dela.
Dança com as cortinas do meu quarto, tira a
poeira do retrato, só para me ver feliz.
Deixa, em minha cama, o gostoso cheiro dela e,
ao sair, fecha a porta e a janela, para ninguém
mais entrar.
Nas madrugadas, solitário e com saudade do meu
amor, canta e assobia, como um seresteiro vadio,
para me fazer companhia, até o galo cantar, ao
raiar do dia !
Em alto mar, na  hora da pescaria, enche as velas
de alegria, para fazer sorrir o meu apaixonado
coração !
Já cansado, e todo molhado, estendo as roupas
no varal, e a esteira  de palha seca, no quintal.
Lavo as mãos na gamela, o peixe cozinhando
na panela, e com o vento me abanando, vou sonhar
com ela ! 
 
 
 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Poema: FEITIÇO DE UMA PAIXÃO


 
Dominado, meu coração me conduz.
Cambaleante, sem conhecer onde chegar, só
me resta caminhar.
Tua voz, escuto a me chamar. 
Procuro resistir mas, inconsequente, obedeço.
E quando  percebo, novamente, estou aqui, de
joelhos, aos teus pés, pedindo para ficar.
As chagas, juro, não doem mais, já  são partes
do caminho que percorro, do  sofrimento que
na bagagem carrego, sem reclamar. 
Sinto falta da dor, embalando este alucinado
amor.
A natureza sorri da minha fraqueza, procurando
me consolar.
As flores me oferecem invisíveis perfumes, ao
som do  gracioso  gorjear dos passarinhos ...
E, eu, chego ao mundo da fantasia, aspirando,  
sem pudor, os encantos deste amor.
São flores, cantos, e até desencantos, que me
acorrentam aos teus abraços, suaves  como os
perfumes inefáveis.
Já embriagado de tanto prazer, tento, mais uma
vez, fugir.
Não consigo.
Faço questão de ficar aqui !
E a vida, vingativa e na espreita, gargalha,
dominada  por ti, minha feiticeira paixão !

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Poema: SOFREGUIDÃO


 
Sentada ao piano,  teclava lindas canções
de amor.
Concentrada, cantava e tocava.
Suas mãos a acompanhavam, como  se
fizessem parte de outro corpo.
Apenas tocavam.
Eu, olhava e escutava, desatento.
Eram  lindos os seus olhos !
Sim, os  seus olhos eram indos, pareciam
pérolas ao luar. Brilhavam !
Sua face se iluminava, ao cantar  versos
de amor.
Sua cabeça, baixa, não permitia  me olhar.
Pelos ombros, caíam  seus negos cabelos,
cobrindo, quase desnudos, um harmonioso 
busto, desviando a  minha atenção.
Já nem  sei a canção que tocava.
Apenas escutava, sem ouvir a canção que
cantava.
Das suas vestes,  não me recordo a cor.
Apenas do sonoro piano, em que tocava,
restou a saudade da voz que cantava, as
lindas canções, que a mim dedicou.
E, eu, não cantei, somente chorei ao ouvir
sua doce  canção, que a mim dedicou, com
tanto amor !
Falava de sofreguidão....
Tinha toda razão.
Segurei suas delicadas mãos, e um beijo
acrescentei, pedindo perdão.
 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Poema: ALMA EM CHAMAS


 
Deixa-me admirar o teu rosto, e não fala
nada.
Fecha os olhos, estou aqui.
Como são lindos os teus cabelos, em
perfeita harmonia com o teu ser.
Não precisas de mais nada, para ser,
por mim,  amada.
Estes lábios, que  sempre  me dizem  "sim", 
são  testemunhas de um verdadeiro amor.
São incontáveis as vezes que me beijaram,
que me aconselharam, e que me acalmaram,
trazendo-me a felicidade que tanto procurei.
Ah, estas mãos, como são lindas, e quantas
vezes me tocaram, desbravando  minh'alma,
por mim, desconhecida.
São mágicas e encantadoras, mensageiras
das  notícias alvissareiras...
Gostaria de ter dois corações.
Um para te amar, e outro, para te amar mais,
ainda.
Agora, querida, quero te ouvir.
Abra os olhos, e fala.
" O que poderia uma mulher apaixonada, como eu,
responder diante de tantas declarações, dirigidas
aos meus sentimentos ?
Meu coração sorri destas doces lágrimas, que
rolam em minha face,  querendo ser bebidas por ti,
e matar a tua sede de amor.
Meus olhos brilham para iluminar os teus caminhos,
retribuindo a  felicidade  que me ofereces.
E as minhas mãos, trêmulas de emoção, te  entregam
o meu coração, e esta alma, queimando em chamas ! "

sábado, 25 de outubro de 2014

Conto poético: PESADELOS, NUNCA MAIS


 
Tomei coragem, e disse à mulher que sempre
amei:
Não sei quando parti, mas sei o quanto sofri.
Por impulso, ingratidão ou sofreguidão, te
abandonei, para procurar o que já havia 
encontrado, em teus calorosos  abraços.
Convivi com a ansiedade de voltar, para um
grande amor recomeçar.
Cansei de olhar as estrelas e o luar, com as
essências florais te comparar.
Sonhei, chorei e chamei por ti, nas frias  e
intermináveis madrugadas.
Agora, estou aqui  para te pedir  perdão.
Não sei por onde devo começar, se beijando
as tuas mãos, ou  banhando os teus pés com
as minhas lágrimas, e estas lindas flores, que
trago em meu coração.
Não suportei a saudade, é uma grande maldade
abandonar um verdadeiro amor.
Humildemente, respondeu-me:
"  Não fala isto.
Eu sabia que um dia voltarias.
Deixa-me tirar os teus sapatos.
Teus pés estão cansados, necessitando do carinho
que sempre te dei.
Quero banha-los com as flores que trazes em teu
coração, com a água sagrada da esperança, que
jamais me abandonou.
Descansa, velarei pelo teu sono.
Quero fazer parte dos teus lindos sonhos.
Pesadelos,  nunca mais ! "
 
 

domingo, 19 de outubro de 2014

Conto poético: O ANDARILHO POETA


Dia ensolarado, e mar atraente, com ondas calmas
e quentes, em  céu azul anil.
Meu olhar, concentrado no horizonte, parecia
querer estar longe dali.
Não sei porque, é sempre assim.
Um homem, maltrapilho, parecendo um andarilho,
senta-se próximo a mim.
Seus trajes e bagagens, o denunciam  um ser
abandonado.
Parecia muito cansado e, certamente, faminto.
Quem será ?
Ofereci-lhe água...  aceitou.
Nasceu, então, um elo de comunicação.
Perguntei-lhe de onde veio, e fui surpreendido.
Disse-me:
"Venho do mundo.
Não conheço a minha  fonte...
Alimento-me, somente, quando é possível.
Sou um morador de rua, um abandonado.
Fui criado num abrigo para menores, com dezenas
de irmãos, e muitos pais.
Gente caridosa, de boa índole, e que me educou  
com amor e respeito.
Mas, preciso encontrar as cinzas do meu passado.
Nenhum vestígio localizei, até agora.
Nem mesmo esperança, a vida me deu. 
Cada vez fico mais aflito, distante da vida, e mais
próximo dos meus versos...
Sim, dos meus versos, pois dizem que sou um poeta,
embora não acredite.
O poeta escreve, possui livros e leitores, tem amores.
Mas, minha vida é um horror, jamais tive um amor.
Os versos que componho,  nascem dos  pesadelos
intermináveis, da angústia de não poder enxergar o
horizonte da minh'alma.
Por isto, não sou um poeta, como as pessoas dizem".
Falou-me, tudo isto, com muitas lágrimas, que se
perderam entre os longos fios da sua barba.
Foi embora, não antes de apertar a minha mão,
agradecendo a gentileza da água ofertada, e  da
atenção que lhe dispensei.
Aquele homem, não precisa procurar mais nada.
Já encontrou tudo o que ama na vida.
É um poeta !

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Conto poético: VOLTEI, PARA PEDIR PERDÃO


Sentado à frente da bela Igreja de Santo Antônio
dos Anjos, na minha querida Laguna, um velho
homem conversava consigo mesmo.
Sua voz estava tão alta, que me permitia, sem
esforço, ouvi-lo.
Dizia, com  os olhos transbordando de lágrimas:
"  Quando menino, frequentava esta Igreja.
Era a minha segunda casa.
Admirava a abnegação dos sacerdotes, e a fé deste
povo, tão puro !
Sonhava  em ser um deles.
Não um padre, mas um santo, para ajudar a
humanidade ser mais feliz.
Prometi, aos pés do Criador, só praticar virtudes.
Sonhos de criança !
Não sou, apenas, um pecador, mas fui um  grande
predador.
Não vou mais ao confessionário, pois sentiria
vergonha  em declinar os pecados que cometi,
por este mundo afora."
Levantou-se e, em passos lentos, dirigiu-se aquele
Templo, sumindo na fria e silenciosa penumbra do
seu interior.
Entendo o seu sofrimento.
Deve ser doloroso não compreender  que,  no
decorrer da  vida, nos transformamos em várias
pessoas, para melhor, ou para pior.
E somente a um  tribunal,  é  atribuído o  direito de
julgar esta escalada.
No campanário, dobravam os sinos sem parar,
parecendo reconhecer um filho que acabara de
retornar.
Ao sair do Templo, com as feições mais serenas,
perguntou-me quem era eu.
Respondi-lhe, apenas, com um profundo e
silencioso olhar:
Sou a tua consciência, que te exigiu voltar, para
pedir perdão.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Poema: UMA CESTA CHEIA DE AMOR



Nesta noite fria, misteriosa e sem estrelas,
voam meus confusos pensamentos, à procura
daquele amor.
Em soluços de dor, vejo minh'alma abraçada
ao desespero de uma cruel partida.
São gritos que ecoam, sentimentos premidos,
tristes gemidos.
Nos emaranhados da vida, minha imaginação
perambula, passo a passo, sem sair deste lugar.
Ouço desabafos navegando nas tormentosas
torrentes, debatendo-se nas pedras do meu
caminho.
Estas lágrimas, que correm em minha face, não
são pelos amores que partiram, mas por um  que
deixou doces lembranças, e fortes esperanças de
um dia voltar.
Já se passaram muitos anos, mas meu  amor parou no
tempo, manipulando o vento, trazendo o cheiro dela
para me alucinar.
Todas as noites eu a amo, no aconchego dos meus
sonhos, na inconsciência do pecado.
Sou aplaudido pelos santos que me protegem,  e
pelo rei da maldade, também.
Quando o galo canta, pela terceira vez, ela se vai.
Chega, então, o raiar do dia, trazendo-me  uma cesta
de oferendas.
São sorrisos, olhares de ternura, perfume do seu corpo,
flores tecidas com seus cabelos, e muitas lágrimas de
felicidade !
Agora, espero ansioso pela próxima noite, e sonhar com
o primeiro cantar do galo...

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Conto poético: INDÍCIOS DO AMOR


 
O sentimento de amar, passa por corredores
emocionais, obscuros e difíceis de compreender.
Tendo  o mar azul, desta minha querida Ilha,
como cenário de fundo, e fazendo companhia
a um homem experiente, ouvi, atentamente,
a voz do seu coração.
 Disse-me:
" Olha amigo,  nesta vida por mim já vivida, e
lá se vão dezenas de anos, passei por muitos
sentimentos.
Do ódio  à saudade,  experimentei muita maldade,
e conheci a bondade, também.
Mas, nenhum tão forte quanto o amor.
Nem mesmo a paixão, por ser passageira,
escravizou  o meu coração.
Estive só, durante muitos anos.
Liberdade e diversão, foram minhas companheiras,
por quase  uma  vida inteira.
Brinquei com os sentimentos alheios, e até tropecei
num lindo olhar.
Aprendi uma bela lição !
Sei, agora, que existem nascentes, em  sinais
aparentes, se transformando em turbilhão, no
mundo do amor, e da paixão.
São indícios, que se deve prestar muita atenção.
Um gesto, ou uma palavra,  podem mudar o mais
indiferente coração.
Aquela mulher, ao  me agradecer por algo tão
insignificante, disse-me, graciosamente," obrigada ".
Com esta mesma simplicidade , concedeu-me a
oportunidade de enxergar um grande amor ! "
E eu fiquei muito emocionado, ao ouvir esta história,
embargada várias vezes por teimosas lágrimas, que
rolavam em sua face, como arrependimento de um
passado predador, que não lhe permitiu  prestar atenção,
nos indícios do amor.
 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Poema: A PÉTALA DA SAUDADE



Desidratada, com a cor desbotada, aqui
está ela, minha pétala de rosa amada.
Quantas lembranças guardadas !
Entre duas páginas deste livro  de
poesias, testemunha, com fidelidade,
o tamanho desta saudade.
Perdeu a cor, desbotou, mas continua
exalar o mesmo perfume.
E tudo acabou por ciúme...
Uma pequena fenda, sim, uma pequena
fenda, um veneno voraz, foi capaz de
transformar num abismo, um amor puro,
isento de cinismo.
Há noites em que ela sai das entre folhas,
acomoda-se em minha face, e tenta me
consolar.
Ainda macia e cheirosa, me faz lembrar,
depois de tantos anos, daquele amor tão
ardente !
Foi a única que se afastou da semente, para
comigo ficar.
Fala-me de amor, relembrando momentos
tão belos, emoções calorosas, testemunha
ocular de doces promessas, não cumpridas.
Para me acalmar, exala o cheiro dela e,
carinhosamente me diz, sussurrando ao meu
ouvido, uma doce e mágica palavra, que
somente ela  sabia dizer:  " obrigada ".

domingo, 21 de setembro de 2014

Conto poético: FINALMENTE, A PRIMAVERA !

Chegam o perfume, a cor e a beleza, renovados
em flor.
A vida renasceu e, com ela, chegou a esperança
de te rever.
Quero me ofuscar no brilho dos teus lindos olhos,
acariciar tua meiga face, beijar, como antes, esses
lábios da cor do pecado.
Necessito sentir o aroma suave, do teu estonteante
corpo, como as abelhas precisam das flores para, na
vida, permanecer.
Das quatro estações, és a mais bela, primavera dos
amores e das flores. Renovação da vida ! De tudo o
que respira.
A mata está mais verde e brilhante. A natureza canta
a felicidade dos seres.
No ar, o doce cheiro do amor que está chegando, a
tudo iluminando, fazendo os teus olhos brilhar, e os
teus lábios, inchados e sedentos por beijar.
Oh, fantástica primavera, aliada da vida, seja bem
vinda, ao mais lindo reino, dos verdadeiros amantes !

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Poema: SAUDADE ALUCINANTE


 
Em qualquer direção que meus olhos possam
alcançar, estás sempre lá.
Sinto ardência neste sofrido peito, sufocando
minh'alma, que não consegue te esquecer.
Livrei-me até da minha sombra mas, de ti,
não consigo me afastar.
Em teu lugar, permanecem as lembranças,
que alimentam um coração cheio de amor,
para te ofertar.
Dizem que o nome deste sentimento é
"saudade", mas acho que é maldade, só
me trazendo  dor, como resposta a um
grande amor.
Das sombras da mata, em noite de luar,
chega o canto do sabiá, parecendo querer
me consolar.
Até o vento traz o seu alento, assobiando
no bambuzal uma linda canção.
Meus  olhos,  encharcados  pelas lágrimas da
emoção, fecham as cortinas da realidade, 
ajudando-me a sonhar contigo.
Chegas, então, com uma fita branca, a minha
preferida, adornando os teus  cabelos negros,
soltos como o  vento, nas campinas da minha
Terra querida,  prometendo enjaular a saudade,
e deixando livre uma doce alucinação.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Poema: POR QUEM CHORAM OS MEUS OLHOS


 
 
Ah,  este sentimento incontido, navega em riachos
submersos, nas entranhas do meu ser.
Não me permite esquecer, testemunhando o alvorecer
de grandes paixões, ao longo desta vida.
Na dor do abandono, na ardência da saudade, que
no peito bate,  procuro sobreviver.
Retalhos  meus, vagam  nas trevas das lembranças,
em busca de ti.
São taças derramadas, do amor que te ofereci.
Líquido  doce, veneno fatal, engano dos meus olhos,
ferindo de morte o meu coração.
Triste vida vivida, minh'alma de morte ferida, ainda
te  espera nos umbrais do poente.
Meu grito de amor, chora de dor, nos  calabouços
frios das tormentosas lembranças.
Protegidos por minhas trêmulas mãos, padecem
escondidos entre lágrimas ferventes.
Prelúcidos, aguardam na masmorra da esperança,
o teu gesto de amor.
Choram por ti, sim, os meus olhos choram por ti,
emoldurados por uma saudade, que nem  mesmo
o tempo consegue vencer !
 
 
 
 
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Conto poético: GEMIDOS DO PASSADO

          
 
 
             Casa centenária de hospedagem social.
Corredores intermináveis, avisos pelas paredes.
Proibido... proibido...
Tudo é proibido, até de ser feliz.
Vozes em desespero, olhos opacos e fixos no
chão, como à procura de algo, ou de uma ilusão.
Também é proibido sorrir, pois a saudade,
madrasta, não permite.
Chorar, sim... e não há pressa para cessar, nem
lágrimas a derramar.
Conversam consigo mesmo,  já em  alucinação.
Observei um homem muito pequeno, um anão,
preso a uma cadeira de rodas.
Ao cumprimenta-lo, disse-me:
" Sabes há quanto tempo estou nesta casa ?
Há  29 anos... sem caminhar, dependendo
destas rodas, para me movimentar.
Não recebo visitas... nem de parentes, ou
amigos.
Fico muito feliz quando alguém  me dá atenção,
assim como tu, neste momento.
Não vá embora, por favor, fica mais tempo
comigo".
Aquele gesto, de um homem tão fragilizado,
ensinou-me a repensar tudo o que aprendi na
vida.
Fui embora, mas meu coração, rebelde,
permaneceu  naquele asilo.
A  batalha, desigual, é pela reconquista da
dignidade, no meio de gemidos que ecoam do
passado.
 
 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Conto poético: MEU NOME É ESPERANÇA

 
 
 
 
Sentado  na areia branca desta praia, observo
uma linda mulher a  chorar...
Seus lábios tremulam, parecendo falar.
Próxima de onde estou, escuto seu soluço de dor.
É linda !
Cabelos negros e bem cuidados,  soltos sobre
os ombros, combinam com seu perfil de beleza,
prendendo  minha  atenção.
Deve ser um sofrimento imenso.
Talvez, a perda de um ente querido,  ou  um
desentendimento...
Pensei aproximar-me para ajuda-la... mas como
faria isto ?
Neste momento,  a maré  repontando  para cheia,
leva as suas águas  até onde estava sentada,
molhando  as suas vestes.
Ao socorre-la, claro,  iniciei uma conversa.
Disse-me:
"Meu nome é amor, saudade, ou  sofrimento.
Estou no centro da tua alma, nas entranhas de
todos aqueles que  amam.
Sou  amiga dos poetas, pois eles traduzem o que
sinto.
Posso ler em teus olhos, um grande amor vivido,
hoje muito sofrido, impossível de esquecer.
É uma dor sem remédio, um profundo abismo.
Mas este fogo, queimando a tua alma, renova o
coração para uma nova paixão.
Por isto, também  sou chamada de esperança ! "
Levantou-se, e desapareceu diante dos meus olhos,
já turvados pelas lágrimas da saudade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Conto poético: AMOR POEMA

 
 
  Entre lágrimas e sorrisos de alegria, relatou-me
um casal amigo:
" Somos assim, felizes !
Possuímos um só coração, repleto de amor, de
saudade, mesmo estando a menos de um metro
de distância.
Precisamos sentir e ouvir a respiração, um do
outro.
Conhecemo-nos pelo olhar, pelo sorriso, e pela
textura da face.
Temos  a sensação de formarmos uma única pessoa,
com os mesmos sonhos e aspirações.
Chegamos a sentir as mesmas dores.
Dormimos abraçados, temendo que os anjos nos levem
à  passear no céu, pois o nosso céu é aqui, um junto ao
outro.
Beijamo-nos, sem parar, até adormecer...
Pela manhã, ao despertar, recomeça o nosso intenso
amor.
Não damos espaço a sentimentos menores, pois isto
seria desperdício de tempo.
Precisamos de todos os momentos para amar.
Agora, poeta amigo, espalha em teus doces versos, as
coisas  boas que te digo.
Não permita ciúmes, desconfianças, pois isto  resulta
em fendas, que se transformam  em abismos, separando
pessoas que se amam, gerando sofrimento.
Não tenta desvendar se é o beija-flor que beija a flor, ou
a flor que beija o beija-flor.
Simplesmente, beija intensamente, com o coração cheio
de amor. "
Amigos, não preciso  transformar nada em versos.
Este amor,  já é um poema.