Cinelândia, Rio de Janeiro, idos de 1980.
Um dos pontos preferidos pelos boêmios.
Lindos cinemas, bares, boates, etc.
Perde-se a noção do tempo...
O calor da temperatura, mistura-se ao carinho carioca.
Chamou-me especialmente a atenção, uma bela mulher,
sentada à uma mesa vizinha, num confortável
restaurante tradicional.
Gesticulava, sorria, chorava, e conversava com alguém,
imaginando presente a sua frente.
Cena assustadora !
Curioso, perguntei ao garçom do que se tratava.
Disse-me:
"Ela frequentou este restaurante, com seu namorado,
durante uns cinco anos, pelo menos.
Formavam um casal alegre e elegante, sentando-se,
sempre, àquela mesa.
Soube que ele era piloto da aviação civil, no transporte
de cargas para outros países, segundo entendi.
Agora, só, ela continua vindo aqui, como se fosse o
casal.
Quando chega, coloca o paletó dele na cadeira, onde
sentava.
Serve-lhe alimentos no prato, e preenche o seu copo
com bebida, desejando-lhe saúde, num lindo brinde !
Fico comovido e assustado, tamanho o realismo da
cena."
Aproximadamente, um ano após, retornei aquele
local.
Claro, estava curioso para saber o final daquela
história.
Disse-me, o garçom:
" Jamais vou entender as mulheres.
O seu imaginário companheiro foi embora...
Ela encenava tudo aquilo para chamar a minha
atenção.
E eu nunca havia entendido o recado, até que me
abordou com mais clareza.
Aquela mesa, por ser tão importante em minha
vida, foi parar em meu apartamento.
Agora, somos três presentes às refeições.
Ela, eu, e a mais intensa felicidade ! "