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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Poema: A PÉTALA DA SAUDADE



Desidratada, com a cor desbotada, aqui
está ela, minha pétala de rosa amada.
Quantas lembranças guardadas !
Entre duas páginas deste livro  de
poesias, testemunha, com fidelidade,
o tamanho desta saudade.
Perdeu a cor, desbotou, mas continua
exalar o mesmo perfume.
E tudo acabou por ciúme...
Uma pequena fenda, sim, uma pequena
fenda, um veneno voraz, foi capaz de
transformar num abismo, um amor puro,
isento de cinismo.
Há noites em que ela sai das entre folhas,
acomoda-se em minha face, e tenta me
consolar.
Ainda macia e cheirosa, me faz lembrar,
depois de tantos anos, daquele amor tão
ardente !
Foi a única que se afastou da semente, para
comigo ficar.
Fala-me de amor, relembrando momentos
tão belos, emoções calorosas, testemunha
ocular de doces promessas, não cumpridas.
Para me acalmar, exala o cheiro dela e,
carinhosamente me diz, sussurrando ao meu
ouvido, uma doce e mágica palavra, que
somente ela  sabia dizer:  " obrigada ".

domingo, 21 de setembro de 2014

Conto poético: FINALMENTE, A PRIMAVERA !

Chegam o perfume, a cor e a beleza, renovados
em flor.
A vida renasceu e, com ela, chegou a esperança
de te rever.
Quero me ofuscar no brilho dos teus lindos olhos,
acariciar tua meiga face, beijar, como antes, esses
lábios da cor do pecado.
Necessito sentir o aroma suave, do teu estonteante
corpo, como as abelhas precisam das flores para, na
vida, permanecer.
Das quatro estações, és a mais bela, primavera dos
amores e das flores. Renovação da vida ! De tudo o
que respira.
A mata está mais verde e brilhante. A natureza canta
a felicidade dos seres.
No ar, o doce cheiro do amor que está chegando, a
tudo iluminando, fazendo os teus olhos brilhar, e os
teus lábios, inchados e sedentos por beijar.
Oh, fantástica primavera, aliada da vida, seja bem
vinda, ao mais lindo reino, dos verdadeiros amantes !

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Poema: SAUDADE ALUCINANTE


 
Em qualquer direção que meus olhos possam
alcançar, estás sempre lá.
Sinto ardência neste sofrido peito, sufocando
minh'alma, que não consegue te esquecer.
Livrei-me até da minha sombra mas, de ti,
não consigo me afastar.
Em teu lugar, permanecem as lembranças,
que alimentam um coração cheio de amor,
para te ofertar.
Dizem que o nome deste sentimento é
"saudade", mas acho que é maldade, só
me trazendo  dor, como resposta a um
grande amor.
Das sombras da mata, em noite de luar,
chega o canto do sabiá, parecendo querer
me consolar.
Até o vento traz o seu alento, assobiando
no bambuzal uma linda canção.
Meus  olhos,  encharcados  pelas lágrimas da
emoção, fecham as cortinas da realidade, 
ajudando-me a sonhar contigo.
Chegas, então, com uma fita branca, a minha
preferida, adornando os teus  cabelos negros,
soltos como o  vento, nas campinas da minha
Terra querida,  prometendo enjaular a saudade,
e deixando livre uma doce alucinação.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Poema: POR QUEM CHORAM OS MEUS OLHOS


 
 
Ah,  este sentimento incontido, navega em riachos
submersos, nas entranhas do meu ser.
Não me permite esquecer, testemunhando o alvorecer
de grandes paixões, ao longo desta vida.
Na dor do abandono, na ardência da saudade, que
no peito bate,  procuro sobreviver.
Retalhos  meus, vagam  nas trevas das lembranças,
em busca de ti.
São taças derramadas, do amor que te ofereci.
Líquido  doce, veneno fatal, engano dos meus olhos,
ferindo de morte o meu coração.
Triste vida vivida, minh'alma de morte ferida, ainda
te  espera nos umbrais do poente.
Meu grito de amor, chora de dor, nos  calabouços
frios das tormentosas lembranças.
Protegidos por minhas trêmulas mãos, padecem
escondidos entre lágrimas ferventes.
Prelúcidos, aguardam na masmorra da esperança,
o teu gesto de amor.
Choram por ti, sim, os meus olhos choram por ti,
emoldurados por uma saudade, que nem  mesmo
o tempo consegue vencer !
 
 
 
 
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Conto poético: GEMIDOS DO PASSADO

          
 
 
             Casa centenária de hospedagem social.
Corredores intermináveis, avisos pelas paredes.
Proibido... proibido...
Tudo é proibido, até de ser feliz.
Vozes em desespero, olhos opacos e fixos no
chão, como à procura de algo, ou de uma ilusão.
Também é proibido sorrir, pois a saudade,
madrasta, não permite.
Chorar, sim... e não há pressa para cessar, nem
lágrimas a derramar.
Conversam consigo mesmo,  já em  alucinação.
Observei um homem muito pequeno, um anão,
preso a uma cadeira de rodas.
Ao cumprimenta-lo, disse-me:
" Sabes há quanto tempo estou nesta casa ?
Há  29 anos... sem caminhar, dependendo
destas rodas, para me movimentar.
Não recebo visitas... nem de parentes, ou
amigos.
Fico muito feliz quando alguém  me dá atenção,
assim como tu, neste momento.
Não vá embora, por favor, fica mais tempo
comigo".
Aquele gesto, de um homem tão fragilizado,
ensinou-me a repensar tudo o que aprendi na
vida.
Fui embora, mas meu coração, rebelde,
permaneceu  naquele asilo.
A  batalha, desigual, é pela reconquista da
dignidade, no meio de gemidos que ecoam do
passado.