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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Poema: ESTE BRINDE É PARA TI



Sim, para ti, que ainda aspiras o perfume 
do jardim e que, audacioso, ouves o gorjear  
dos passarinhos, e o esvoaçar das borboletas !
Para ti, que não conheces o ódio, nem 
a vingança, que choras diante do mais
fraco, navegando  nas  lágrimas da saudade.
Que não fazes versos sobre maldade, 
sorrindo frente à bondade, e chorando
de emoção.
Sim, para ti, poeta louco, que ainda acreditas
na inocência da traição, colocando a culpa
na fraqueza do coração.
Brindo, em tua homenagem, especial criatura
que, com brandura, olhas o mundo  com tanta
ternura...  fazendo enriquecer o conteúdo
que habita esta taça da vida, embriagando-me  de  
tanto amor !
Ah, sim, este brinde é para ti, poeta...
Beba, comigo, esta taça transbordante
de alegria,
e leia, em suas entranhas, a mensagem
 que o Universo te encaminha:
"  Ninguém  magoará  um poeta, porque ele é o reino do amor ! " 
autor:   Sinval Santos da Silveira

sábado, 22 de agosto de 2015

Conto poético: O SACI DE DUAS PERNAS




" Era uma vez,  um Saci... "
Espanta  animais da floresta, desmancha 
ninhos de passarinhos, colhe frutas verdes, só 
por  maldade aos bichinhos !
Provoca estouro da boiada, irritando o boiadeiro.
Faz trança no rabo do cavalo, provocando o cavaleiro.
É um Saci malvado, todos dizem, assustando o povoado !
Virou chefe das raposas... larápios organizados.
O  Leão Negro entra em ação, e examina o ladrão.
Está travestido de "Saci Pererê", com um barreto
vermelho à cabeça, pitando charuto
 importado e se dizendo um líder.
Enganou a quase todos.
Faltou o "quase", felizmente !
Ele e os seus quadrilheiros,  roubaram
tudo o que viram  pela frente, até 
a comida dos filhotinhos, e os remédios dos velhinhos.
Depois de examinado, o "suspeito" foi  julgado
por toda a bicharada. 
Este "Saci" deve ser estrangeiro, vindo 
de um país fronteiro... tem as duas pernas, joga 
futebol e bebe muita cachaça, disse o corpo de jurados !
Não é o Saci que conhecemos, de uma perna só,
fumando  cachimbo feito de
 bambu, elegante, amigo e brincalhão !
É um impostor.
Um ladrão.
Que sem vergonha !
Mas saibas, falso Saci de duas pernas, ainda
 que a tua  cela  não tenha tranca ou tramela, te espera
o carcereiro, com um sorriso macabro e alvissareiro !
( Sinval Santos da Silveira ).


sábado, 15 de agosto de 2015

Poema: ANTES QUE AS FLORES FALEM


Fale de amor, antes que elas falem.
São  extratos das paixões, das despedidas
e das boas vindas.
São regadas com lágrimas de felicidade, ou
selos de dor.
Diriam elas:
" Se me permitires, serei os teus lábios 
 e olhares, serei até os teus sentidos
  e, invisível, estarei em tua alma.
Acompanharei os teus passos, por esta vida
afora, e me despirei dos espinhos, só  para 
tornar perfumado e macio o teu caminho.
Não me  abandones !
Mesmo depois de morta, ponha as minhas
 vestes entre as páginas dos teus livros prediletos.
Quero perfumar os teus pensamentos, abraçar
os sentimentos, olhar nos teus olhos e, quando
estiveres emocionada, beberei as tuas lágrimas.
Não permitirei que se percam pelo chão.
Abraçarei a todas, com muita emoção 
 e guardarei, cada gota,  em meu coração !" 
Fale de amor, antes que  as flores  falem.

( Sinval Santos da Silveira )

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Conto poético: POR QUEM CHORAM AS COXILHAS






Na madrugada fria de inverno, zumbe no
beiral  daquela choupana, o  grito de um
 vento  gélido.
 Parece cantar, resmungar ou, talvez, chamar
  por alguém. 
Sonolento, o  velho homem acorda.
 A densa neblina mal lhe permite enxergar o
 cavaleiro da noite, conduzindo a  boiada, que
passa à frente da sua pousada.
 Observa o pala  cinza escuro, cobrindo parte da
  montaria, que troteia na macia terra de areia.
 Os cães, enfurecidos, ladram  freneticamente,
parecendo não respirar.
 Que cenário lindo !
 E o velho gaúcho, chora de saudade do seu
 glorioso passado de peão.
 Corre em direção ao seu rancho,  repleto
de  ricas recordações.
  Procura, ansioso,  a sela, os
 arreios, o pala negro, o chapéu "panamá de abas largas", e
 a garrucha, pronta para berrar.
Tudo está  adormecido,  gaúcho teimoso !
 A sua boiada, há muito tempo passou, o cavaleiro
 da noite, também, e os cães, para sempre, se calaram...
 O orvalho rola pelas coxilhas, parecendo
 lágrimas à procura daqueles olhos secos, que não
 aprenderam a chorar.
 Finalmente, ouviu a vos do
 vento, que lhe disse claramente:
 " Peça  perdão ao Chefe desse Povo aí do Céu, quebra
 a aba do teu chapéu, e volta
  para as tuas coxilhas choronas, gaúcho
 valente e rabugento"!   

Sinval Silveira

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Homenagem aos Pais


Amanhece  a vida.
Chega  a minha consciência.
Torceste para ser longo, o meu dia de existência.
Tudo era novidade.
Não sabia, claramente, se estava diante de um homem,
ou na presença de Deus.
As horas vão passando, e aprendo a reconhecer.
Fico surpreso !
Não és, apenas, um homem.

Também,  não és Deus.
És o meu pai. O meu sagrado pai !
Aquele que mostrou os meus caminhos, desviou-me
dos espinhos, procurou fazer-me feliz.
Ensinou-me tudo, acerca da vida, e a todos amar.

Hoje sei  distinguir o bem do mal, o certo do errado...
e continuo sendo amado, ainda que não estejas mais
aqui.
Tuas profundas pegadas, teu sorriso e o teu afago,
fazem parte do meu ser.

Todo o teu amor, transferiste para mim.
As lembranças que carrego, desde os tempos de
criança, são frutos do teu viver._ 

O suor da tua face, mistura-se  às lágrimas  que dos meus
olhos rolam, com a cor da felicidade, e o sabor da saudade.
Desculpa-me por minha existência  haver exigido tanto de ti...
Agora, aceita meu beijo, no rosto ou  na alma, neste teu dia,

tão merecidamente festivo.
Bendito seja Deus, que me permitiu ser o teu filho, querido pai !
 Sinval Silveira