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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Conto poético: A LENDA DAS GAIVOTAS



Nas costas desta Ilha,  milhares, talvez milhões
de gaivotas, singram os mares, a terra e os
ares.
São cantoras, dançarinas e alegres pescadoras !
Seguem os barcos pesqueiros, pousam nos mastros e nos 
convés,  banqueteando as vísceras dos pescados.
Em  troca,  oferecem aos pescadores a alegria
dos grunhidos,  e a beleza da dança selvagem.
Muitas histórias e  lendas são contadas, acerca
das gaivotas.
Uma delas, é o  mistério da morte.
Os velhos  pescadores dizem que elas tem 
um cemitério secreto e que, para lá, se dirigem 
quando sentem a morte se aproximar.
Isto porque,  não são encontradas  mortas, nas 
cercanas conhecidas.
Fruto da imaginação ou da fantasia, contam histórias
 de um ritual de " canibalismo ",
presidido por uma  bruxa,  vestida de gaivota.
Falam de sereias que, nas noites de lua cheia, 
sobem os costões e  recolhem as gaivotas  sem
vida, sepultando-as no fundo do mar.
Feiticeiras  que, nas  escuras madrugadas, acendem
  fogueiras na crispa das  ondas, cremando
 os corpos  das gaivotas, que flutuam
ao sabor do vento.
Juram, de mãos postas, como  verdadeiras 
estas  lendas  e histórias !
Sinval Santos da Silveira




quarta-feira, 15 de junho de 2016

Conto poético: PESADELO



Estou na área  mais antiga de minha Cidade.
Acaba de amanhecer e os pardais gorjeiam, freneticamente.
Procuram  migalhas, deixadas por mendigos 
que  habitam as noites.
Casas baixas, centenárias,  sem verdes ou
flores nas vielas.
Não  sinto  o aroma de perfumes, além dos 
exalados pelas prostitutas, ainda flertando  
transeuntes.
Fazem perguntas, e sem  respostas,  tentam 
conquistar corações carentes, vendendo
amor  a  qualquer  preço.
Neste ambiente, de mãos dadas e de 
passagem com um homem, avisto a mais 
linda e carinhosa mulher  que  conheci em 
minha vida.
Abraçam-me, cordialmente, e se despedem
felizes  e sorridentes !
Então, fico dominado pelas  recordações,  
e continuo o meu caminho.
No passado, muito recente, foi  todo meu 
aquele carinho.
Hoje, faz parte de uma saudade que me 
corrói.
Isto não pode ser chamado, simplesmente, 
de  "ciúme".
É um  sentimento inexplicável,  inominável,
que causa  medo...
Vizinha com a alucinação, ou é 
um terrível  pesadelo.
 
 
Sinval Santos da Silveira



quinta-feira, 9 de junho de 2016

Conto poético: A PASSARELA DO DESTINO

                                  

Dois seres mergulhados  na sombra da 
noite, desfilando  na passarela do destino.
O  vento  gélido de  outono,  balança os 
longos cabelos  negros da mulher, 
parecendo  misturar-se  às verdes folhas 
do coqueiral  !
O  homem, feliz,  a acompanha, sentindo-se 
o poderoso  dono de toda aquela beleza !
Dois olhos  observam  a macabra cena, 
entorpecidos por  um louco ciume.
A  euforia os espera, para desfrutar do amor 
que me pertencia.  
Nada pode ser comparado.
É o fim de um romance, e o nascimento de 
outro.
O parto é doloroso e não há culpado, eu sei.
Foi o apocalipse dos sentimentos.
Voltei aquele lugar, no dia seguinte.
O olhar de um mendigo  aplacou meu 
sofrimento.
Com tão pouco que lhe  ofertei,  seu rosto 
se iluminou.
Disse-me  saber porque eu estava assim, pensativo e triste...
Juro  haver visto aquele olhar  de ternura,
em algum   momento da minha vida.
Talvez, nas profundezas das minhas  
amarguras, ou no abraço santificado, de 
quem haja me amado.
Foi uma  cruel forma de dizer " adeus ",  a 
um  intenso amor !
 
Sinval Santos da Silveira

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Poema: Alma de Cristal



Era linda, aquela  alma !

Cantava,  gemia e  até parecia me amar.
Meu coração, dia e noite, da sua  formosura 
se  lembrava.
Era o meu orgulho,  minha cina, minha vida !
No campanário, quando os sinos dobravam, 
seu nome pronunciavam e com ciúme eu 
ficava.
Foi o  mais lindo presente que  Deus me  
ofertou !
Mas, pouco tempo durou.
Explodiu,  tal qual um cristal batido ao chão.
Tentei, em  vão,  reunir os fragmentos, mas
impossível se tornou.
Nenhum caco, como antes,  se ajustou.
Transformou-se  numa arma de guerra,  para 
mim apontada, sempre pronta  a ser disparada, 
ameaçando o meu coração.
Que decepção !
Devolvi a Deus o presente, pedindo perdão.
Aquela alma de  cristal, era a residência do bem 
mas, também, do mal.