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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Poema: Panapaná


A chuva fina, quase em vapor, cobre  com
um manto fresco, as fartas flores do meu  
torrão natal.
Um tímido sol,  debruça  seus raios sobre as
pétalas cheirosas e coloridas, parecendo 
filhas do arco-íris, pinceladas do  apaixonado artista.
O perfume, doce e agradável,  se espalha
 na colina, atraindo seres encantadores  !
Borboletas, frágeis e delicadas, coloridas e 
graciosas,  parecendo pétalas soltas ao 
 vento, aplaudem o mágico momento.
Esvoaçam os beija-flores, num frenesi  de 
bebedeira do  néctar. 
Em êxtase, Flora  beija Zéfiro, recebendo
calorosos  aplausos  de uma incontável  
plateia de panapaná ! 
Pássaros gorjeiam, como nunca, querendo
sua amada conquistar.
Novos ninhos parecem brotar em todo lugar.
Logo, os ovos criarão  asas e cobrirão o céu
da minha Terra !
É hora de cantar e amar !
Nascer,  viver  e voar em direção ao infinito,
sem pressa de voltar.
É hora da primavera chegar !

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Poema: UMA DOCE ILUSÃO



  
Encantou-me  aquele olhar sereno, e nem 
percebi que era veneno.
Ensinou-me a sonhar e  meus pesadelos suportar.
São gemidos  persistentes, olhos marcados
pela dor.
Promessas  esquecidas, ferindo de morte
um lindo  amor.
Foi embora a ternura,  deixando   uma
farpeada  de amargura, um  pranto  triste
sem fim e sem cura.
Forças exauridas, consumindo a vida que
ao amor,  com tanto carinho dediquei.
Hoje, revi aqueles  doces poemas que a 
mim dedicou.
Falavam de flores e felicidade, mas só
a  maldade restou.
Achei prudente tentar  a tudo esquecer.
Virei a página da vida,  juntei as pétalas 
coloridas, e construí uma nova flor. 
Misturei os doces e suaves perfumes,
expulsei os espinhos e o cheiro acre  
da decepção.
Restou o caminho de volta,  sem
revolta,  saboreando a ilusão de uma 
nova  paixão !
 
Sinval  Santos da Silveira




quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Conto poético: SILÊNCIO


Presto atenção na ausência do ruído...
Somente o silêncio  está presente,  me
fazendo ouvir a tua voz.
Então, respondo  alto, procurando o teu 
rosto na densa neblina, que invade a 
minha vida.
À beira  mar, vejo as gaivotas pousadas
na areia. 
Estão tristes, sem gorjear... perderam a 
vontade de voar.
As ondas emudeceram e o  vento está
ausente, calando a voz grave do costão.
O teatro da imaginação fechou as 
cortinas, e as  sereias desapareceram.
Até a minha amiga, Mion, tão bonita, não
mais me visita.
Está presa no calabouço  do palácio, por
ordem de um louco e ciumento  amor.
É  preciso  liberta-la !
Há que  barulhar o mar, a gaivota gorjear 
e  voar...
Quero outro rosto  enxergar,  cantar e ser
feliz !
A tristeza está chegando ao fim !
O silêncio, finalmente, tudo isto me diz !
 
Sinval Santos da Silveira

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Poema: CORREDORES DA VIDA


Conheci os meandros e segredos do 
amor.
Circulei nos corações,  encontrei  a 
beleza exuberante, capaz de 
enlouquecer  os amantes.
Da escravidão da paixão, meus passos 
desviei.
Arrojadas e sensatas, também encontrei.
Somente uma delas  me viu  com os olhos 
da alma. 
Nenhuma palavra falou, e o pranto a tudo presenciou.
Suas lágrimas, escorrendo  em cascata, 
nasceram na fonte  do amor.
Daquele caminho, meu coração não desviou.
Hoje é escravo da saudade, apenado
 pela maldade que não causou.
Reconheço, em cada esquina, aquele doce 
olhar que deixei  partir, sem ao menos  insistir para ficar.
Quanto mais o tempo passa, mais aumenta 
a minha dor, nas loucas gargalhadas do lamento.
As esquinas, que imaginava tão bem conhecer, são
 fronteiras do destino,  abismos do meu ser.
São corredores da vida, encruzilhadas  a cada amanhecer...
Sinval Santos da Silveira



         

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Poema: A ARTISTA DOS CÉUS




Era um pequeno quarto.
Minúsculo,  pode  ser chamado.
Gigante, somente a alma de mulher que
lá habitou.
Uma Artista ?
Não. 
Uma grande Artista !
Pintora, poetisa e  amante.
Pintou o Céu  e  de nada esqueceu, nem
mesmo da minha saudade...
Da lua, trouxe o brilho  prateado, pintou a 
parede da cor do pecado, e me  presenteou
com  uma estrela. 
Está lá,  ao lado esquerdo do luar.
Virou segredo de amor a dois e, ainda, molha
os meus olhos de  lágrimas ! 
Emocionada, recitava poemas antes e depois 
do silêncio  da madrugada.
O mundo  era  aquele  ninho  de amor !
Hoje,  é uma  fonte de recordações. 
Procuro uma palavra mais forte do que 
saudade, mas só  encontro  maldade, pois a 
pintura se apagou.
E os  versos que  para mim  eram  declamados,
são, agora,  perfumes do passado que o vento,
sem piedade, para outros braços levou.
As letras foram embora,  mas  ficou na memória
a linda rosa amarela,  que  aquela  Artista no Céu pintou !