Olho os recantos por onde passo.
Vejo lágrimas doces da alegria que vivi.
Também, marcas do pranto, vertentes dos dissabores
trazidos pelas dores, sem fim.
O ruído da enxurrada me assusta.
Desaparecem as pontes e as travessias...
O isolamento é meu companheiro, noite e dia.
Admiro o voo dos pássaros.
Não deixam rastros, não precisam de pontes nem travessias.
Voam livres, parecendo sentir piedade do que restou de mim.
Por ironia do destino, quando o sol está a pino, minha sombra
me abandona, vai embora, como o pássaro que passou.
Não sei qual seu destino, nunca me diz para onde foi.
Fico só, preso a este corpo cansado, arqueado, querendo
alcançar o outro lado, mas a ponte, também, se foi.
E do lado de cá, somente os meus pedaços testemunham
o homem que fui...
Sinval Santos da Silveira.