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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Conto poético: ANIVERSÁRIO DE CRIANÇA POBRE


Poucas pessoas sabem o que  significa  isto.
Uma criança pobre, de aniversário.
Ninguém consegue  sufocar as emoções,  que
brotam do seu coração.
Ela sabe  que o seu aniversário, é o dia mais
importante da sua vida.
Conta os dias, as horas... para ser o centro das
atenções, receber um  abraço e, também, um
presentinho, é claro.
Testemunhei  muitos aniversários destes, nos
meus tempos paupérrimos de criança.
Também fui protagonista...
O aniversariante, dois dias antes,  visita as casas
dos seus amiguinhos, convidando-os para um
cafezinho, às  16.00h,  em comemoração ao seu
aniversário. Como isto é importante !
Sua mãe prepara um bolo, bem simples... ouve-se
a cantoria dos "parabéns", aplausos e  sorrisos.
A decoração da mesa, não dispensa flores silvestres,
colhidas ao longo dos caminhos da vida.
Os presentes ofertados, são comoventes.
Sabonete, cocada, pacotinho de balas, par de  meia,
lenço,  vidro de brilhantina, etc.
Tudo comprado na vendinha da esquina, e embalado
em papel pardo, com muito carinho.
São expostos sobre a humilde cama do aniversariante,
para que todos  possam ver, e comentar.
Revela um mundo de pobreza, mas de intensa, e
sincera amizade.
Sinto uma profunda saudade, da ausência da hipocrisia...
Ainda hoje, quando  presente em suntuosos aniversários,
lembro daquelas comemorações.
Somente Deus para explicar a beleza, a   pureza, e a 
riqueza da alma sincera, presentes ao  aniversário de uma
criança pobre.
 
 
 

sábado, 24 de agosto de 2013

Conto poético: SONHOS DESENCONTRADOS


Sabia, sim, que se tratava de um poeta.
Um respeitável poeta.
Sentou-se ao meu lado, num confortável banco, à sombra
de uma acolhedora aroeira.
Isto indicava uma deferência a minha pessoa, já que outros
bancos estavam  desocupados.
Portanto, queria conversar...
Era  uma tarde de primavera.
Os raios do sol, em posição oblíqua  ao mar, pareciam 
pincéis do artista, dando  os últimos retoques em sua tela.
Soprava uma suave brisa, vinda da barra norte, trazendo
perfumes temperados da flora dos "Guarás".
Nesta minha querida Ilha, quase tudo fica à beira mar.
À flor da água, cardumes de tainhotas,  "cara amarela",
davam seu  espetáculo malabarístico, ao redor da pedra
do biguá.
Muitas gaivotas sobrevoando, parecendo estrelas avisando,
que a noite está por chegar.
E o poeta está radiante,  no ambiente que gostaria de estar.
Inicia uma conversa...
Disse-me:
" Nasci neste ambiente mágico.
Quando abri os olhos para a vida, estas pedras, todas, já
estavam aí. Nada mudou...
Talvez  eu seja uma delas pois, também, não mudei.
Quando menino, sentado sob  à sombra desta mesma aroeira,
desejava  comprar a Ilha dos Guarás,  e lá morar com um
grande amor.
Não iria exigir nada da vida. Apenas pescar, viver, e amar.
Sabe, amigo, os indígenas vivem desta forma. Por isto, são
felizes.
O homem branco complicou a sua sociedade. A minha
sociedade.
Fui, então, morar na Ilha dos Ratones, a menor, por ser
mais aconchegante, e  muito próxima à dos Guarás.
Plantei milhares  de mudas de flores,  Transferi lindas
borboletas, sabiás e beija- flores.
Povoei aquela Ilha de beleza, transformei-a num  lindo
ninho,  para alcançar  a felicidade, aquela com que tanto
sonhei.
Meu grande amor, também, é uma poetisa, com sonhos
diferentes dos meus. São sonhos  com olhos voltados
para o céu...
Respeito, são os sonhos de cada um.
Eu vivo no mar... ela vive no céu ! "
 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Conto poético: MISTÉRIO NO MORRO DA CRUZ

O Morro da Cruz, é uma montanha especial,  nesta
maravilhosa Ilha.
É o cenário de fundo de toda a Capital.
No  nascimento da Cidade, as famílias mais humildes,
mais pobres foram,para lá, conduzidas.
Inclusive os escravos.
Posso entender o processo de aculturação, um forte

misticismo, decorrente do embate de crenças, etc.
Acontecimentos misteriosos  são  relatados, com
frequência.
Testemunhei  um deles  que, até hoje,  não me  arrisco
emitir opinião.

No cume da montanha, há um lugar chamado invernada.
Os cavalos da Polícia Militar eram, para lá, levados com
a finalidade de se recuperarem de fadigas, doenças, etc.
Nas imediações, uma casa extremamente humilde, onde

residia uma família paupérrima, sem nenhum apoio social.
Nem se falava nisto.
O homem da casa, com as pernas paralisadas por uma
doença desconhecida, não trabalhava.
Os filhos, todos pequenos, e  mulher, sobreviviam de
caridades.
Eu era amigo de um deles.
Certo dia, surgindo nem sei de onde,  um menino negro,
com um pequeno saco às costas, descalço, humildemente
vestido, bateu palmas e foi atendido pelo meu amigo.

Solicitou-lhe uma "caneca d'água".
Saciada a sede, começou uma rápida conversa, tomando
conhecimento da doença, que acabou com a mobilidade
do "chefe da casa".

Surpreendeu a todos,  prometendo retornar no dia
seguinte, com um remédio que o tiraria daquela cadeira de
rodas.
Dito e feito.
Retornou no mesmo horário, agradecendo a acolhida

do dia anterior, e entregou à mulher um pequeno frasco,
contendo uma pasta escura, com  cheiro fortíssimo,
dizendo à família:
"Enquanto a Senhora estiver massageando as regiões

afetadas, todos estarão rezando, pedindo a Jesus Cristo,
que o cure".
Em poucos dias, o homem voltou a andar, deixando a todos
surpresos.
Por mais que se procurasse, nunca mais se viu aquele

menino, e nenhuma informação  foi colhida...

terça-feira, 20 de agosto de 2013

TOP BLOG BRASIL 2013








FIQUEI IMENSAMENTE FELIZ COM A INDICAÇÃO.
RECEBER O CONVITE FOI UMA SURPRESA INCRÍVEL!
SÓ EM PARTICIPAR JÁ ME SINTO VENCEDOR,
QUERO AGRADECER AOS MEUS SEGUIDORES FIÉIS,
MEUS LEITORES DO MUNDO INTEIRO, ENFIM  A TODOS.
QUE  ME PRESTIGIAM E ATÉ MESMO  AOS QUE NÃO
 MANIFESTAM-SE... MAS CONHECEM MEU TRABALHO.
MUITO OBRIGADO!

SINVAL


ABRAÇOS





segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Conto poético: DIVIDINDO EMOÇÕES


 
Um homem chorava, copiosamente,  à frente de uma
bela casa antiga.
Tentei acalma-lo.
Percebi o seu estado deplorável.
Um maltrapilho, de causar  piedade.
Relatou-me:
" Sabes onde moro ?
Em lugar algum. Na rua.
Sabes onde me alimento ? Nas caixas de lixo.
Sabes  a quem pertence esta casa linda ?
Também não sei, mas já foi minha. Da minha família.
Sim. Tive uma família.
Tu deves ter uma, não ? Sou um fracassado.
Amei alguém, desesperadamente.
Hoje, ainda a amo, mais do que nunca. Só que, em silêncio.
Não  consigo  esquece-la. Nem tento.
Creio que  só se ama uma vez na vida...
Ela ria do meu amor, da forma como a olhava, como me
vestia...
Chamava-me de  "ultrapassado".
Isto me magoava muito.  Não esqueço.
Um dia, querendo vencer minhas dificuldades, fui para a
Capital, tentar emprego, estudar. Estas coisas, sabes ?
Peguei uma carona,  num caminhão carregado de madeiras.
O motorista foi parado no trajeto, distante, daqui, uns 60 kms.
Estava  com uma carga, volumosa, de  drogas proibidas. 
Fui preso, também,  como  traficante. Que injustiça !
Ao sair, anos depois, voltei para cá. Fui  desprezado por todos, e
aquela mulher... já havia casado, formado uma família.
Mora aí, na casa que já foi minha,  e que a  vendi  para pagar
os advogados.
Recebo, da sua empregada, quase que diariamente, um prato
de comida, por esmola, sem saber que sou eu, o  mendigo.
Agora me diga, o que devo fazer ? "
Respondi-lhe, com toda segurança:
Que tal começar, aceitando  a minha  compreensão ? 
Temos uma  história de vida,  semelhante.
Seus olhos começaram a brilhar ,  e o homem saiu   da frente do
espelho...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Conto poético: UM BILHETE DO PASSADO

 
No sóton da casa, um depósito de  objetos  velhos, chama a minha
atenção.
São coisas, e mais coisas, sem nenhuma razão de  permanecerem
guardadas. Acreditava.
Apenas,  recordações de um  tempo bom, mas  que já passou.
Imaginava.
Por impulso, abri algumas caixas.
Havia de tudo,  testemunhando um passado, como  tantos outros.
Uma caixa de papelão, pelo volume, chamou  minha atenção.
De dentro,  vinha um gemido de dor, mais parecendo  um choro de
criança, como  a  pedir  socorro.
Fiquei  amedrontado, confesso.
Quem sabe, um marsupial, ou gambá, como é conhecido nesta
Ilha, fez aqui sua morada.
Abri a caixa com todo o cuidado, e para minha surpresa, não era 
nenhum animal, mas uma inocente boneca, com movimento e som.
Ainda  recordo quando a  presenteei  àquela menina,  hoje,  uma
mulher.
Quantas lembranças tudo isto  me traz.
Coloquei-a no sol, para tirar o  cheiro do mofo, limpei suas vestes,
e escovei seus lindos cabelos.
Estava guardada havia, pelo menos, uns trinta anos.
Ficou bonita, ganhando alma nova !
Tive  a impressão de  vê-la  sorrir...
Seus olhos  brilharam.
Alimentada de energia, voltou a andar, com a mesma graça.
No bolsinho do vestido, um bilhete escrito por aquela menina,
onde dizia, no auge das suas fantasias:
"prometes nunca me abandonar, e ser, para sempre,  minha
amiguinha ? "
Chorei de saudade, e de profunda emoção...
Ah,  tempo impiedoso ! 
Por que não paraste ?

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Conto poético: O PARTO


 
Eu sabia que era aqui.
Alguns metros quadrados, e muita saudade !
Quatro peças...
A mais linda casa da minha Cidade !
Na  fachada, à direita,  a janela do quartinho em  que
nasci.
Voltei, para conferir.
Quantas lembranças,  moram aqui.
Fecho os olhos, vejo um homem agitado, apressado,
parecendo nervoso. É ele.
E, também, uma  mulher. É ela. 
Não !  Uma Santa !
Um fogão à lenha, aquece uma chaleira.
O vapor sobe ao céu, parecendo uma  prece.
É necessário água quente.
Muita água na banheira.
Escuto os gemidos do parto,  misturando-se  ao  choro
de  um pequenino ser.
Ainda ouço o ranger da tesoura, nas mãos da parteira,
separando o meu corpo, do corpo dela, por esta  vida
inteira.
O barulho da água,  parece querer falar.
Não sei o que tem para me  contar, mas é testemunha
ocular, de  momentos tão sublimes !
Já passou o cansaço.
Agora,  ouço sorrisos,  vozes,  visitas e abraços.
Não consigo esquecer...
Ainda sinto o  sabor daquele  sagrado  seio,  a me
alimentar, e o  calor  de  uma Santa, a me aquecer.
A saudade  me abraça.
Quanto amor, meu Deus ! 
Quero, novamente, nascer.
 
 
 
 

 

domingo, 11 de agosto de 2013

AGRADECIMENTO...

Prezada Senhora, Lúcia Helena !
Ainda emocionado, e muito feliz, tomei conhecimento
da sua generosa manifestação, a respeito do meu
blog, "Coração Tagarela". Em especial, a "homenagem
aos pais".
Acolho, no blog e, principalmente,  em meus sentimentos,
o importante presente que, carinhosamente, acaba de
me  encaminhar, e logo neste dia, tão assinalado para
nós, pais.
Que maravilhosa e alegre surpresa !
Muito agradecido, das profundezas do meu "coração
tagarela".
Um fraternal abraço.
Sinval.
 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

HOMENAGEM AOS PAIS


 
Amanhece  a vida.
Chega  a minha consciência.
Torceste para ser longo, o meu dia de existência.
Tudo era novidade.
Não sabia, claramente, se estava diante de um homem,
ou na presença de Deus.
As horas vão passando, e aprendo a reconhecer.
Fico surpreso !
Não és, apenas, um homem.
Também,  não és Deus.
És o meu pai. O meu sagrado pai !
Aquele que mostrou os meus caminhos, desviou-me
dos espinhos, procurou fazer-me feliz.
Ensinou-me tudo, acerca da vida, e a todos amar.
Hoje sei  distinguir o bem do mal, o certo do errado...
e continuo sendo amado, ainda que não estejas mais
aqui.
Tuas profundas pegadas, teu sorriso e o teu afago,
fazem parte do meu ser.
Todo o teu amor, transferiste para mim.
As lembranças que carrego, desde os tempos de
criança, são frutos do teu viver._ 
O suor da tua face, mistura-se  às lágrimas  que dos meus
olhos rolam, com a cor da felicidade, e o sabor da saudade.
Desculpa-me por minha existência  haver exigido tanto de ti...
Agora, aceita meu beijo, no rosto ou  na alma, neste teu dia,
tão merecidamente festivo.
Bendito seja Deus, que me permitiu ser o teu filho, querido pai !

domingo, 4 de agosto de 2013

Conto poético: PESCADOR MISTERIOSO


Estou à beira mar.
Revolto,  o barulho é ensurdecedor.
O vento açoita meu rosto, parecendo  chamar  minha
atenção.
Bravias ondas,  querem  as encostas ultrapassar.
Do que  teme, o mar ?
As gaivotas se assustam. Os pescadores, também.
Não há barcos navegando.
Procuro um pequeno refúgio, entre as  pedras, e
observo as águas. Estão agitadas.
Somente os meus pensamentos, não  temem o
mar enfrentar. 
Chega  à exaustão. 
Vem  me reverenciar, banhando os meus pés,
parecendo me beijar.
Está se acalmando...
Molho minhas mãos, e fico a  imaginar, quanto
tempo viajou  aquela água, os lugares por onde
passou, até por aqui chegar.
Neste exato momento, surge, nem sei de onde,
um velho pescador, descendo o íngreme Costão,
com um pequeno cesto, à mão, e um chapéu de
palha, surrado, à cabeça.
É claro, e o seu palheiro, no canto esquerdo da boca.
Informou-me, com precisão,  de onde vinham aquelas
correntes marítimas, o tempo do percurso, os lugares
por onde passaram, e para onde se  dirigiam.
Agradeci, e nem  me deu tempo  para  perguntar  o
seu nome.
Apressadamente,  pegou uma "picada", desaparecendo
nas curvas do costão.
De retorno à casa, fiquei pensativo...
Como aquele pescador  satisfez  a minha curiosidade,
sem que eu houvesse lhe formulado qualquer pergunta ?
Continuo curioso, pois nunca mais o  encontrei.
Creio haver trocado uma curiosidade, por um mistério...