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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Conto poético: O ENCANTADOR DE SEREIAS




Em noites de lua cheia, venho a estas  rochas
para a natureza apreciar.
Aqui de cima  olho o mar,  o seu bailar,  suas 
canções  letradas em histórias de amor e saudade !
Compreendo a ansiedade das ondas e sei onde querem chegar.
Canto , choro  e declamo !
Sem inibição, liberto  as emoções  aprisionadas 
em meu coração.
Ouço aplausos  bem próximos a mim...
Soluços, vindos de todos os lados,  embargam a 
minha  voz.
Cheirosas, lindas e amorosas, prestam atenção no
que  falo.
Deitam-se nas pedras,  brincam de roda na areia
da praia e chamam por mim.
São sereias  !
Seduzem o pescador, mas ficam encantadas 
com meus versos de amor !
Só não podem  abandonar o mar. 
É o seu lar !
Meu mundo é diferente, e não me permite 
ir  embora com aquela gente, tão pura e 
inocente.
Fico angustiado,  pois sou um homem 
apaixonado por aquela  beleza,  esculpida no 
reino  da  minha imaginação !

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Poema: TRINCHEIRA DA SAUDADE



O que fazer com esta alma  dolorida,
que reflete a ferida  exposta  em  mim ?
São chagas  invisíveis, sentimentos 
rompidos por um amor  mal resolvido,
e que chegou ao fim.
Apagou  o  brilho das estrelas, foram embora 
o perfume da açucena e o encantamento 
dos passarinhos.
Procuro  a compreensão para acalmar o
meu coração.
Entendo  a maldade,  afasto a saudade
que tenta, de mim,  se apoderar.
Sinto-me fraco e chamo por Deus.
Não me ouve...
Estou  só neste mundo e fujo para  bem
longe.
Mas, para onde quer que eu vá, o vento parece  me 
torturar,  balançando as folhas  da palmeira, lembrando
 os negros cabelos dela.
Meu sofrimento se agiganta e antes que chegue a
 qualquer  lugar, já quero voltar.
Tento, então,  salvar a dignidade,  trincheira onde  
se refugia a saudade.
Sinval Santos da Silveira

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Conto poético: O CASAMENTO DO ANJO DA GUARDA



Puro amor.
Mais sincero  do que  promessa de santo... 
Santificado !
Mulher linda, com todos os predicados, falou-me 
da sua  doce vida de casada !
Passou-me fatos do passado,  vividos  com seu
amado.
Um Anjo, seu namorado "Elpídeo",  que sonhava 
em ser pai.
Confessou-lhe:

"A doença, sem cura,  me condenou.
Siga teu caminho, meu  amor. 
Teu grande sonho terminou.
Nada me deves, nem és culpado..."

A  fatalidade  levou sua esperança de ter um filho, 
uma criança...
Embora liberado, não abriu mão do seu amor. 
Casou...
Sua  Mulher  não mais andou, sem  auxílio do
"andador".
Elpídeo,  seu  Anjo da Guarda, com  braços fortes, carrega
 o peso de um corpo  abençoado  e,  no  coração
 de amante, um gigantesco amor !
Sua  "Rainha",  embora decorridos  mais de vinte 
anos, não deixou de sorrir,  nem  fugir o brilho 
intenso  da felicidade !
Uma grande lição para a humanidade !
 
Sinval Santos da Silveira

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Poema: MARCOS DA VIDA



Passei por estes  caminhos muitas vezes.
Jamais me perdi.
Conheço cada curva, como aquela que 
está logo ali.
Os campos verdes, que  avisto daqui, 
enchem o meu  coração de  alegria, 
lembrando as boas épocas  que vivi.
Parecem  tapetes verdes, estendidos para
mim !
Pouca coisa mudou por aqui.
Queria tanto saber o que havia atrás 
daqueles  montes,  lá  na linha do horizonte.
Hoje, sei.  
Nada,  além da  imaginação.
Não  há gente por lá, tampouco fantasmas,
como  diziam. 
Em noites de calmaria,  o urrar dos animais
se ouvia.
Talvez,  fruto da fantasia.
Voltei  para resgatar as  verdades que deixei.
O canto do sabiá, a gargalhada gostosa 
da aracuã,  o perfume inebriante da açucena e o
mistério  da imortalidade da acácia  negra.
Das encruzilhadas me valho das lições.
Com elas aprendi  a tomar decisões.
Os precipícios me mostram os
 perigos, parecendo meus amigos.
São marcos da vida, extremas da liberdade, 
que  me alertam para  as surpresas da cidade.
Agora, posso  caminhar do ocidente ao oriente, 
conviver com a noite e com  o dia, porque
 a acácia  me foi dada a  conhecer...

Sinval Santos da Silveira