Sou ,apenas, um rio sem água.
Mas matei a sede do ribeirinho, do peixe que
aqui viveu, da plantação que aqui nasceu.
O animal, também, bebeu.
Foi embora a minha água, nem uma gota sobrou.
Ficou a canoa, abandonada, e o pescador a lamentar
a água que morreu.
O cancioneiro canta dia e noite o leito que secou,
dizendo que o boi bebeu, que o peixe morreu...
Em noite de luar, até a prata o rio perdeu.
A mulher bonita, que seu corpo banhou, foi embora,
nunca mais voltou.
O rio secou...
A cachoeira de nome mudou, pois a água, que de lá descia,
nunca mais por aqui passou.
O salgueiro não tem mais as verdes folhas, nem assobia
ao sabor do vento, deixando triste a rolinha que seu filho
de sede morreu.
O rio secou, minh´alma chorou, meu amor sumiu.
Sinval Silveira