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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Conto poético: A LENDA DA FONTE

Água pura e fresca. Quase gelada, no meio da mata.
Não custa nada, é só o pote carregar.
Nem filtrar é necessário.
Sacia a sede da comunidade, há tanto tempo, que
nem se pode lembrar.
Circula uma lenda que, na madrugada, quem da sua
água, na fonte, beber, e fizer um pedido, sua amada
atenderá.
Nas altas horas da noite, sempre havia casais, de
vários locais, rezando e, de joelhos, seus pedidos
fazendo.
Era muito comum, na vizinhança, a confirmação dos
atendimentos, pela fonte.
A conversa se espalhava rapidamente.
Parecia, até, notícia ruim.
Eram pedidos de reconciliação, cura de doenças,
cachorro extraviado, até dor de dente.
Rogar praga para vizinho, nunca ouvi falar, ficava
em segredo, pois poderia a morte chegar...
O mistério de tudo isto, finalmente, ficou esclarecido.
Uma mulher, a mais antiga do lugar, quando menina,
foi buscar água na fonte e escondida atrás de uma
pedra, fazendo não sei o que, ouviu o clamor de um
homem ao seu santo, que o atendesse em
certa situação. Daí para frente, pode-se imaginar
a abertura para as brincadeiras que se sucederam.
Passou a ser a principal diversão daquela mulher,
agora confessando, em seu leito de morte, por forçá
da consciência.
Só não se entende por que, até hoje, a comunidade
continua frequentando a fonte, fazendo os seus
pedidos, e atendida em quase todos.
Uma questão de fé ?

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