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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Conto poético: O MIRAMAR

Um romântico e tradicional ponto de referência, construído no
início do século XX, no centro desta Capital, dentro do mar.
Era o orgulho da Baía Sul.
Sala de visitas da sociedade, em final de tarde.
Cozinha típica e serviço de bar, perfeitos.
Um vista privilegiada para as belezas do continente, inclusive, a
Montanha do Cambilela, admiradora permanente da Ponte
Hercílio Luz, do Mercado Público e do porto, instalado nas saias
rodadas da Rita Maria.
A sua frente, várias charretes, com tração animal, completavam
o luxo do ambiente.
Não me sai dos ouvidos, o som dos cascos dos cavalos, ferrados,
troteando no calçamento a paralelepípedos, chegando e saindo
com os passageiros. Saudades do Pepe do Opuska...
Um privilégio bucólico, em pleno centro de uma Capital.
Tinha-se a impressão de estar navegando, ao escutar o som
das ondas do mar e, por vezes, até o respingo das águas, por
curiosidade, vinham participar das conversas nas mesinhas.
O luar invadia todo o ambiente, e os pássaros marinhos, atrevidos,
pousavam nas balaustradas, para chamar a atenção.
Alguns pescadores, amadores, faziam a festa, confortavelmente
instalados.
Durante o dia, a rapaziada se divertia, mergulhando nos arredores,
do prédio, para apanhar as moedas jogadas por quem os assistia.
Indescritível a beleza daquele local.
Um orgulho dos nativos.
Mas, com o aterro de ampliação da área física da Capital, não
foi poupado.
Foi destruido, não restando nem um vestígio.
Um crime, contra a consciência da preservação.
A ignorância vitoriosa.
Um gemido, tão doído, que não se cala.
O pior, ainda, é que nenhuma necessidade havia da sua destruição.
Pura maldade, de alguém que nenhum compromisso tinha com
esta Terra. Nem por amor...

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