Casa centenária de hospedagem social.
Corredores intermináveis, avisos pelas paredes.
Proibido... proibido...
Tudo é proibido, até de ser feliz.
Vozes em desespero, olhos opacos e fixos no
chão, como à procura de algo, ou de uma ilusão.
Também é proibido sorrir, pois a saudade,
madrasta, não permite.
Chorar, sim... e não há pressa para cessar, nem
lágrimas a derramar.
Conversam consigo mesmo, já em alucinação.
Observei um homem muito pequeno, um anão,
preso a uma cadeira de rodas.
Ao cumprimenta-lo, disse-me:
" Sabes há quanto tempo estou nesta casa ?
Há 29 anos... sem caminhar, dependendo
destas rodas, para me movimentar.
Não recebo visitas... nem de parentes, ou
amigos.
Fico muito feliz quando alguém me dá atenção,
assim como tu, neste momento.
Não vá embora, por favor, fica mais tempo
comigo".
Aquele gesto, de um homem tão fragilizado,
ensinou-me a repensar tudo o que aprendi na
vida.
Fui embora, mas meu coração, rebelde,
permaneceu naquele asilo.
A batalha, desigual, é pela reconquista da
dignidade, no meio de gemidos que ecoam do
passado.
Uma verdade crua deste nosso tempo.
ResponderExcluirDeixamos de ter espaço para os nossos velhos e os lares nem sempre estão vocacionados para os tratar como eles merecem.
Proíbem de proibir até de se queixar ou sorrir.
Olá, amigo luís rodrigues coelho coelho !
ExcluirQuem pretender se entristecer, é só
visitar um asilo de idosos que, com raras
exceções, é um pavor.
Muito grato pela opinião e atenção.
Um fraterno abraço.
Sinval.
Sinval , é uma verdade tão triste a que acontece nos asilos . Excelente seu post a nos lembrar destes abandonados irmãos . Abraços .
ResponderExcluirOi, querida amiga, Marisa Giclio !
ExcluirVerdade. Dá-me um aperto no peito, esta
realidade. É muito difícil encara-la... e a
revolta nos domina.
Muito agradecido pela nobre atenção, e um
ótimo final de semana, com um fraterno
abraço.
Sinval.
Olá, amigo!
ResponderExcluirApesar da melancolia explícita, achei seu Conto fenomenal, pois apresenta, lamentavelmente, a realidade...
Forte abraço, e um ótimo fim de semana.
P.S – vendo a resposta dada por você, lembrei-me de mencionar que suas respostas não chegam até mim; não as vejo na minha caixa de entrada.
Olá, nobre amigo, " Vendedor de Ilusão " !
ExcluirComo me honra receber a tua presença, e o
comentário ! Fico imensamente grato.
Quanto as "respostas", vou tentar desvendar o
"mistério".
Muito agradecido e um ótimo final de semana.
Um fraterno abraço.
Sinval.
Conheço a realidade que descreve, amigo Sinval. O seu poema é tão realista que comove e choca ao mesmo tempo...
ResponderExcluirUm beijo.
Ah, minha querida amiga, Graça Pires !
ExcluirDiante de uma realidade social, tão cruel como esta,
sinto-me igualmente fragilizado. Tudo o que posso
fazer é muito pouco...
Muito agradecido, e um carinhoso abraço, aqui do
Brasil.
Sinval.