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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

POEMA: A FORÇA DO POETA


 
Enquanto  seus versos ele declamava,
seu pranto ela derramava.
Das suas  lágrimas nem  se importava,
enquanto seus versos declamava.
Seus olhos, atentos, apenas choraram as
palavras que  da alma do poeta fugiram.
Voaram aos jardins, perfumaram as flores,
e ensinaram aos passarinhos o doce gorjear.
Mostraram os caminhos das pedras  às
águas da cachoeira, com destino ao mar.
Poliram o brilho das estrelas, resplandeceram
o luar.
Abriram  as portas do coração, para o amor
entrar.
Enquanto seus versos ele declamava, o vento
aprendeu  assobiar, e o apaixonado a chorar.
Ah, poeta, ensina-me a voar, quero trazer a minha
amada a este lugar, para ouvir os teus versos
declamar !
 
 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Conto poético: ESPÍRITO GUARDIÃO


 
Na madrugada gelada, ouço o grito do mar,
parecendo comigo brigar, ou  trazendo recado
de alguém, com saudade deste lugar.
O sono  me abandona, e sinto medo das águas.
Estão revoltadas, esmurrando os costões.
Abro os olhos, e me assusto com um vulto na
penumbra.
Está com medo, como eu.
Não tenho forças para lhe indagar.
Parece-me conhecido de algum lugar...
Até sua veste me é familiar.
Diz  saber tudo a meu respeito, aponta os
meus defeitos, fala das minhas virtudes,
com a proximidade de quem muito me
conhece.
Momentos de ironia, senti em seu falar.
Envergonhado, nada lhe respondo.
Sabe o que está dizendo.
Fala dos meus amores, cita nomes, revela
segredos que somente eu conhecia.
Lembra-me de fatos distantes no tempo, que eu
já havia esquecido.
Aumenta o meu medo...
Advertiu-me, num tom de voz protetora e amiga !
Penso, até mesmo, tratar-se de um " espírito
guardião".
Por algum tempo, fiquei confuso.
Ah, este espelho !
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Conto poético: UMA PROFECIA DE AMOR


 
Em posição fetal, deitado à relva fresca, um
homem em transe, tenta expressar  a
incontida emoção, represada em sua alma.
Ouvi, discretamente, o que dizia:
" Nem mesmo o vento te tocará.
Os olhos alheios não te verão. Os meus não
permitirão.
As flores, diante de ti, perderão o perfume e o
gorjeio silenciará, tamanho o teu esplendor.
A água da cachoeira  subirá às encostas, e os
mares se calarão.
O silêncio se  fará, diante do teu passar.
A noite e o dia, trocarão de lugar, pois o poente
se fará  ao nascente.
Serás o amanhecer, o alvorecer da vida, o
infinito da felicidade, a beleza, que nem mesmo
a natureza, haverá de imitar.
Calarás a boca do poeta, na hora dos seus versos 
declamar.
Mudarás  tudo o que existe, e o que existirá.
Serás a única inspiração de  tudo o que se falar.
Ninguém haverá de mudar esta profecia, porque
tu és o amor, a sublime verdade, o meu amor.
Somente tu serás, ninguém mais ! "
Banhado em lágrimas, adormeceu balbuciando
outras palavras, que não consegui entender.
Um ser, verdadeiramente apaixonado...
 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Poema: ARMADILHAS


 Ninguém sabe o quanto amei aquela mulher !
 Talvez, poucos tenham amado alguém, como eu
 amei.
 Braços suaves que me envolveram, boca que a
 outras bocas se entregou mas, também, me beijou.
 Somente a desvairada loucura, pode explicar a dor
 que restou.
 São emoções privativas, sentimentos indivisíveis,
 clausura da alma.
 Correntes que algemam as entranhas, sangramentos
 que se transformam em riachos inestancáveis.
 O tempo passa, e as chagas saciam a macabra sede,
 de uma dolorosa ausência.
 Olho para o vazio do infinito, solto um grito de pavor,
 mas ninguém responde.
 Sinto-me só, sem aquele amor.
 Prisioneiro, estou fragilizado.
 Reconheço os tropeços...
 São doces sorrisos, olhares irresistíveis, gestos
 carinhosos que me acenam.
 Ainda ouço todos os gemidos, alguns fugindo da dor,
 outros enredados pelo prazer...
 Posso compreender toda esta imensa saudade.
 São armadilhas da vida, que me prendem ao
 esplendor de amar !