Comandante deste barco, resolvi parar de remar.
Recolhi os remos, o leme, e das velas libertei o vento,
aprisionado há muito tempo, para ver aonde o mar
quer me levar.
Observo o céu azul mudando de cor, a todo momento.
Ao longe, avisto uma família de gaivotas.
Grunhem alto, para me assustar, como a
me mandar para bem longe deste lugar.
Por teimosia, me embriago com o sutil aroma
da maresia.
A brisa fresca me faz repensar a vida.
Falo com os meus pensamentos, respondo perguntas,
canto versos do passado e o barco vai me levando,
para onde, não sei.
A terra firme, já nem avisto mais.
Como é linda esta viagem, quando não se domina o
destino !
As águas e o barco são velhos amigos.
Ilhas e rochedos gigantescos estão na rota
escolhida pelo mar e pelo vento.
Na selvagem paisagem marinha, vejo lindas
sereias, cantando e acenando para aportar...
É comum, em alto mar.
Repentinamente, parou o vento, não há mais corrente,
não é noite, nem é dia...
Acordei com meu barco atracado neste trapiche.
Apenas, um sonho de navegador.