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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Poema: SONHO DE NAVEGADOR




Comandante   deste barco, resolvi   parar  de  remar.
Recolhi  os remos, o leme,  e   das velas  libertei o vento, 
aprisionado há  muito tempo, para ver aonde o  mar 
quer me levar. 
Observo  o céu azul  mudando de cor, a  todo momento.
Ao longe, avisto  uma família de gaivotas.
Grunhem alto, para me  assustar, como a 
me mandar para bem longe deste lugar.
Por teimosia, me embriago com o  sutil  aroma 
da maresia.
A brisa fresca  me faz  repensar a  vida.
Falo com os meus pensamentos, respondo perguntas, 
canto versos do passado e o barco vai me levando,
para onde,  não sei.
A  terra firme, já nem avisto mais.
Como é linda esta viagem, quando não se domina o 
destino !
As águas e o barco  são velhos amigos.
Ilhas  e  rochedos gigantescos  estão na rota 
escolhida pelo mar e pelo vento.
Na selvagem  paisagem marinha, vejo  lindas
sereias, cantando e acenando para  aportar...
É comum, em alto mar.
Repentinamente, parou o vento, não há mais corrente,
não é noite, nem é dia...
 Acordei  com meu barco atracado neste trapiche.
 Apenas,  um sonho de  navegador.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Poema: ESPELHO DA PIEDADE


Eu a vi passar.
Caminhava cabisbaixo,  triste e diferente.
Preocupada,  nem me notou.
Não lhe negaria resposta a um olhar.
Seu andar estava trôpego e a felicidade, ausente...
Do que o tempo e a vida  são capazes
de fazer,  destruindo a ternura, amargando 
a  doçura, de quem tão soberba  parecia ser .
Na multidão, também eu, estava só.
Ninguém  mais a percebeu passar.
Seu encanto terminou,  deixando  um
pranto  a derramar.
A fonte da felicidade,  que saciava a sede
dos seus  amores, hoje é um riacho de 
saudade,  nas corredeiras  do tempo que,
sem  piedade,  passou...
Talvez, os passos trôpegos sejam os meus,
nos  caminhos  longos da  imaginação.
Quem sabe, apenas, o espelho  imaginário 
da piedade.  
Quem sabe...
Sinval Santos da Silveira



quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Poema: A Caverna

 
 
Estou só, nesta caverna, com os meus
pensamentos. 
Abriga-me das hostilidades do mundo.
Mesmo de olhos fechados, enxergo tudo 
o que há por aqui.
E somente há o que quero enxergar.
Não há portas, ou janelas,  e nela  dou
entrada a quem  não me molestar.
Pássaros marinhos e o barulho do mar,
podem entrar  sem  me avisar.
São moradores  permanentes !
Há noites em que o ronco do costão não
me deixa dormir.
Mas, aqui, sempre é noite. Não me importo.
Converso com pessoas amáveis e releio, 
nas paredes de pedras, todos os poemas
que  já escrevi.
Até os personagens moram aqui...
Cada qual, me traz profundas recordações
da vida, fora deste lugar.
Somente  os  marsupiais me tiram  a concentração.
São dóceis e gentis !
A revoada dos morcegos, também, é um
espetáculo à parte.
Lembram-me pertencer ao mesmo reino.
Vejo marcas estranhas, deixadas por seres
 inteligentes, artistas, querendo
avisar-me de coisas que não entendo.
Apenas, imagino o que desejo...
Quem sabe, nos próximos milênios, alguém
leia  meus versos nestas paredes,  pelo
menos um  que fale de amor e saudade
desta caverna...



Sinval Santos da Sikveira

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Poema: Não mereço seu Perdão!





Meu céu estava repleto de belas estrelas.
Nada faltava no firmamento. A lua linda, prateada
como nunca, sorria e se debruçava sobre as
montanhas da minha vida, como a me cumprimentar.
Nas lagoas da minha terra, vinha se espelhar, parecendo
por mim procurar.
Ao amanhecer, o sol me aquecia, querendo me cuidar.
Os passarinhos cantavam, sem cessar, as melodias
lindas do meu lugar.
As flores das minhas preferências, como as orquídeas e
as Hortências, exalavam perfumes, lembrando as
querências.
Aquela mulher me amava tanto, que só Deus para
avaliar...
Mesmo assim, outra constelação fui visitar, não por amor,
ou curiosidade, mas por crueldade... talvez leviandade.
Seu perdão já recebi, pois não é uma mulher qualquer,
mas, sim, um ser especial, certamente, celestial...

 Sinval Santos da Silveira