Mar a dentro, o pequeno barco seguia o seu destino.
No leme, um pescador apaixonado, carregado de
saudade !
Nada enxergava, além do denso nevoeiro e a sagacidade
da pescaria.
Sua visão não ultrapassava a proa.
O ronco do motor abafava o grunhido das gaivotas
aventureiras e atrevidas, que cruzavam a embarcação.
Os respingos das ondas, frios e salgados, acariciavam
sua face, dando-lhe as boas vindas.
Já em alto mar, em profundo delírio, enxergou sua amada,
na proa sentada, implorando por amor !
Abandonou o leme e, cegamente, abraçou seus cabelos,
longos e negros, e amou...
O barco, na sua derradeira pescaria, nunca mais retornou,
nem se ouviu qualquer notícia do pescador.
Ainda hoje, as gaivotas pousam nos convés dos barcos
pesqueiros, querendo contar esta misteriosa história
de alucinação.
Mas, ninguém presta atenção...
sinval silveira