Há mais de meio século passado, conheci a
família de um "lixeiro, " vizinha a minha casa.
Seus filhos, foram meus amigos de infância.
Pessoas humildes, educadas e muito esforçadas.
O chefe da família era lixeiro, nome dado às
pessoas que recolhiam o lixo da Cidade, por
parte da Prefeitura Municipal.
Os caminhões coletores, eram de carrocerias
abertas, comuns.
Os trabalhadores despejavam as latas nos
caminhões, devolvendo-as, a seguir, aos portões
das casas.
Serviço rudimentar, mas bem melhor do que a
antiga coleta, feita em carroças, com tração animal.
Certa noite, observei uma festa animada na casa
daquela família. Imaginei um aniversário.
Enganei-me.
O Senhor José, havia sido promovido em seu
trabalho.
Não mais coletaria o lixo.
A partir daquele dia, permaneceria no caminhão,
espalhando, com um grande garfo de feno, o lixo
na carroceria.
Feliz da vida, recebia cumprimentos dos amigos,
colegas da Prefeitura Municipal da Capital...
Somente Deus para entender tudo isto.
Eu, até hoje, não consegui.
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