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terça-feira, 13 de março de 2012

Conto poético: O CAPA PRETA

Esta minha Ilha, realmente, tem histórias  pitorescas.
Até parece que só acontecem por aqui.
Na década de quarenta,  Florianópolis era uma Cidade,
ainda, muito pequena, embora Capital do Estado.
Com uma população de , aproximadamente, 80.000
habitantes, ou menos, e pessoas muito simples, ou até
ingênuas.
Serviços públicos deficientes, como a energia elétrica,
por exemplo, precaríssima.
Cidade mal iluminada, sem pavimentação e ruas com
muito mato, pela falta de habitações, davam vazão  à
imaginação.
Claro, não dispunha de televisão, e a rede telefônica
servia, apenas, alguns pontos privilegiados, quase que de
interesse público.
Dois quilômetros fora do jardim central, já era "periferia
da cidade".
Qualquer novidade, tomava-se conhecimento pelo rádio,
ou  por  "boca a boca".
Dentro deste cenário, surge um bandido aterrorizando a
minha querida Florianópolis.
Um homem atacava as mulheres incautas, no período
noturno, que ousassem sair só, às ruas da "periferia".
Pode-se, hoje, imaginar o que representou, à época, um
assunto desta envergadura ?
Não se falava em outra coisa. A conversa rolava solta em
todos os lugares.
O homem vestia roupas escuras, coberto por uma longa
capa, também escura, e logo recebeu o  apelido suntuoso
de "capa preta".
Passou a ser o personagem principal, desta Ilha.
Era o fascínio das mulheres, pela curiosidade, odiado
pelos homens, que queriam a sua cabeça, e o maior
desafio enfrentado pela polícia, que não conseguia
prende-lo.
O homem era tão famoso, que despertou um grande
entusiasmo num jovem estudante.
Vestiu-se de  roupas negras, com uma vasta capa preta,
e saiu, à noite, assustando as mulheres.
Claro, era uma réplica, sem as habilidades do "original".
Foi facilmente cercado,  quase  linchado pela população,
apanhou uma surra, sem precedente da polícia, que já
estava desmoralizada pelos insucessos anteriores.
Dizem que, após tudo esclarecido, apanhou outra surra,
para se lembrar que este tipo de brincadeira, não se deve
fazer.
Mas a maior penalidade, ainda estava por vir.
Embora seja um homem de inegável posição social, curso
superior, etc.,  perdeu, por vingança do povo,  o seu nome
de registro, para um sonoro e sinistro apelido de
"CAPA PRETA", perdurando até os dias de hoje...

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