As ondas esmurravam os costões da minha Ilha,
como a querer subir as íngremes encostas.
Gritavam alto, abafando as vozes assustadas dos
pescadores.
As mulheres e crianças fugiam pelas picadas, já
tomadas pelas águas geladas, que respingavam do
mar.
Os barcos, protegidos nos ranchos, se debatiam
contra as paredes de tábuas, pedindo socorro ao
patrão.
Os trovões pareciam bombas de guerra, assustando
os pássaros marinhos que, apavorados, deixavam a
segurança dos seus abrigos.
Quando tudo parecia fora de controle, surge sobre
a pedra mais alta, iluminada pelos relâmpagos
ofuscantes, a figura de uma bruxa...
Estava a menos de dez metros de onde me encontrava.
Vestido e cabelos compridos...
Ao contrário do que imaginava, falava docemente com
o mar.
Gargalhava e gesticulava muito.
Sob suas ordens, o mar se acalmou e tudo voltou ao
normal.
A "bruxa" desapareceu por entre as grandes pedras...
Não tive coragem de segui-la.
Era-me conhecida por "retrato falado".
Ouvi histórias da "feiticeira do costão", contadas pelos
velhos pescadores da região, nas vendinhas iluminadas
à pomboca, entre um trago e outro.
Nunca acreditei.
Pura imaginação, pensava eu...
Mas, dividindo as Praias Brava da Praia dos Ingleses,
lá está ele, imponente e assustador, o Costão da Feiticeira !
Sinval Silveira
Ainda existem "feiticeiras boas"... apesar de tempos bicudos...
ResponderExcluirAbraço.
Quedrida Poetisa, Célia Rangel !
ResponderExcluirAcertada afirmação !
Muito grato por tua honrosa atenção.
Um fraternal abraço, aqui do meu Brasil.
Sinval.
Belo conto, Sinval. Nem todas as bruxas são más.
ResponderExcluirGrande abraço.
Querida Poetisa, Sônia Brandão !
ExcluirQue felicidade receber o teu comentário.
Muito agradecido, amiga !
Uma semana repleta de alegria e um
carinhoso abraço.
Sinval.