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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Poema: VAGA-LUME ESPIÃO





Pirilampo, vaga-lume esperto, não  para de 
piscar.
Solitário,  não recarrega sua  bateria, com medo 
de apagar !
Com seu foco intermitente,  me  ajuda,  na  escuridão,  
enxergar.
Tira-me das trevas, me salva do abismo, me
inspira fazer versos e cantigas,  para conquistar
as lindas meninas deste lugar !
Briga com  a luz do  luar e com as águas prateadas
da  lagoa, que roubam o suspiro e o olhar dos
amantes  sonhadores !
Há  quem diga que és pedaço  das estrelas,  ou
bilhetes  recadeiros, caídos lá do Céu ! 
Ah...  Poeta, meu amigo  teimoso e inocente,  jura  
insistente  que  tu, pirilampo  vaga-lume,  és o olhar 
ciumento  daquele  amor  que foi embora,  querendo,
 agora, me vigiar  !

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Poema: A EXPEDIÇÃO DO TEMPO


Singro estes mares, há mais de  50 anos.
As ondas eram  baixas e a água  não tão  salgada
e fria.
O vento  está mais  forte e o barco  preguiçoso...
As vergas e os remos  eram  leves,  e o leme me
obedecia.
O  mesmo  destino parece, agora, muito  distante
e o balaio não pesava tanto.
Minhas mãos não calejavam  e os braços, da dor,
não  reclamavam.
Meu  chapéu de palha desfiou,  perdeu a cor,
a canoa furou e o mastro quebrou.
O tempo passou, não me poupou e  para outras 
ilhas pesqueiras, me levou.
A gaivota não me acompanhou, gargalhou de longe,
e regurgitou  o peixe que lhe  dei.
Não mais  acredita num velho pescador... e aos 
meus pés, por piedade, vísceras de pescados, atirou.
O tempo concluiu sua expedição, chegou ao  seu
destino  e  me desembarcou...
Sinval Silveira

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Poema: SONHAR CONTIGO



Daquele  sorriso inocente,  do lindo olhar,  
dos brincos e do vestido que  usaste  nas 
fantasias  dos meus sonhos, não consigo
esquecer.
A  tua voz roquinha,  a chamar pelo meu 
nome, ainda ouço  nas noites  frias de São
João.
As músicas  são as mesmas  e os trajes
da roça, também.
E vejo teu corpo  bailar,  nas chamas da
fogueira  a  queimar !
E tu não mudaste, incendiando meu coração !
Nem mesmo as décadas que passaram,
conseguiram de ti me afastar.
Somente a ausência proíbe tua doce
presença, de mim se aproximar...
Lembro, sim, do teu  jeito  de andar, parecendo
um poema  a declamar !
Procuro por ti nas rodas de danças, e me
deparo com as lembranças,  acendendo
a esperança de, nesta noite,  mais uma vez,
contigo sonhar !
 
sinval silveira

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Poema: MEUS MEDOS



Não sinto medo do medo.
Mas, não queiras  partilhar  deste sentimento.
As  trevas me assustam, me aproximam do
abismo, sinistro e infinito.
Quando me sinto perdido,  aspiro o  perfume  da
rosa amarela, que  me faz esquecer o brilho dos
olhos dela.
Na doçura da açucena,  compenso a perda  daquele   
mágico sorriso... parecendo a chuva que molha o 
deserto sedento, sem  nada exigir em troca.
Reverencio a vida, aprecio a verdade e não sou  
valente, nem covarde, mas sinto  medo  de  amar. 
A coragem quase me destruiu e a  vida  me 
chibateou.
Somente o gemido da dor  me avisou.
Do  outro olhar,  traiçoeiro, nada restou...
O  medo me salvou.
Sobrevivi !
Estou aqui !
 
Sinval Silveira